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terça-feira, 2 de maio de 2023

COMUNICADO À IMPRENSA - Sobre o trailer do filme: "O Exorcista do Papa"

 


Nestes dias, na TV, plataformas e redes sociais, está sendo anunciado o próximo lançamento em abril do filme O Exorcista do Papa, dirigido pelo australiano Julius Avery. O próprio título é pretensioso. Assistir ao trailer do filme confirma, se é que era preciso, não só a sua qualidade de cinema de terror, um verdadeiro subgênero do cinema de terror, como a sua falta de confiabilidade num tema tão delicado e relevante.

No centro do filme está a figura de Pe. Gabriel Amorth (1925-2016), exorcista da Diocese de Roma por trinta anos, interpretado pelo ator neozelandês Russell Crowe, conhecido do grande público por ter sido o protagonista do filme Gladiador, que lhe rendeu o Oscar em 2001.

Após a exibição do trailer, gostaríamos de fazer algumas observações, esperando para ver e avaliar o filme na íntegra quando estiver em cartaz. Um comunicado de imprensa mais aprofundado seguirá nessa ocasião.

Desconsiderando o que à primeira vista parece ser uma referência a outros filmes (como, por exemplo, o exorcista que acaba possuído), notamos, antes de tudo, que o conhecido ator de Hollywood não se parece em nada, mas sobretudo nos modos, o perfil humano e sacerdotal de Pe. Amorth, de cujas memórias (Um exorcista conta e Novos contos de um exorcista) – especifica a produção – o filme é livremente baseado. Muito livremente, gostaríamos de observar.

A produção e o diretor provavelmente estão interessados ​​no "efeito" da associação entre o exorcista e o famoso gladiador de vinte anos atrás, e não no espírito de serviço que impulsiona o primeiro em seu ministério de consolação. A Igreja Católica é então representada por um papa igualmente pouco confiável, interpretado pelo ator italiano Franco Nero. Finalmente, os ambientes do Vaticano, pintados com a usual gama comprovada de cores claro-escuro, dão ao filme um efeito "Código Da Vinci", para incutir em ao público a dúvida de sempre: quem é o verdadeiro inimigo? O diabo ou o "poder" eclesiástico?

Concluímos estas breves considerações com uma referência aos chamados “efeitos especiais”, inevitáveis ​​em todo filme dedicado ao tema da possessão diabólica. Como já aconteceu em outros filmes, tudo é exagerado, com manifestações físicas e verbais marcantes, típicas dos filmes de terror.

Ora, esta forma de narrar a experiência exorcística de Pe. Amorth, além de ser contrária à realidade histórica, distorce e falsifica o que é verdadeiramente vivido e experimentado durante o exorcismo de verdadeiros endemoninhados que nós, exorcistas católicos, celebramos segundo as orientações dadas pela Igreja. Além disso, é ofensiva no que diz respeito ao estado de sofrimento em que se encontram aqueles que são vítimas de uma ação extraordinária do demônio.

Quanto ao espectador, o que posso dizer?

O exorcismo assim representado torna-se um espetáculo destinado a despertar emoções fortes e doentias, graças a uma cenografia sombria, com efeitos sonoros de tal forma a despertar apenas ansiedade, inquietação e medo no espectador.

O resultado final é incutir a convicção de que o exorcismo é um fenômeno anormal, monstruoso e assustador, cujo único protagonista é o diabo, cujas reações violentas podem ser enfrentadas com grande dificuldade; o que é exatamente o oposto do que ocorre no contexto do exorcismo celebrado na Igreja Católica em obediência às diretrizes por ela transmitidas.

A visão do filme “Libera nos” é bem diferente. O triunfo sobre o mal, distribuído há algum tempo e patrocinado pela Associação Internacional de Exorcistas, no qual é mostrado o que é realmente o exorcismo na Igreja Católica, quais são os traços autênticos do padre exorcista e como o exorcismo é um evento altamente feliz, porque, enquanto há uma experiência viva da presença e da ação de Cristo Senhor e da Comunhão dos Santos, aqueles que são atormentados pela ação extraordinária do demônio encontram gradualmente a libertação e a paz.

 

Fonte: COMUNICATO STAMPA - Circa il trailer del film: “L’esorcista del Papa” - Associazione Internazionale Esorcisti - A.I.E. (aieinternational.it)

 

 

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Smith x Rock, entre excessos e virilidade

 Do ponto de vista moral, o confronto (uma farsa para alguns) entre Will Smith e o comediante Chris Rock, que na cerimônia do Oscar ofendeu a mulher do ator, configura duas ações reprováveis porque desproporcionais. Uma defesa proporcionada teria exigido uma resposta verbal. Mas, a tapa de Smith, mesmo se errado, reacendeu o tema da virilidade...

 


 Todos estão comentando esse fato e, então, comentamos também nós. Noite do Oscar em Los Angeles. O comediante Chris Rock do palco faz uma piada sobre Jada Pinkett, mulher do ator Will Smith, ambos sentados na platéia. A senhora Pinkett sofre de uma grave forma de alopecia e se apresentou no Oscar com a cabeça completamente raspada. Dado que também ela é uma atriz, Rock lhe pediu que seu próximo filme devesse ser uma continuação de Soldado Jane (No Brasil: Até o limite da honra), no qual Demi Moore tinha exatamente a cabeça raspada. A senhora Pinkett dirige o olhar para o céu em sinal de desaprovação e o marido ao invés sobe no palco e dá uma tapa no comediante. Seguem uma série de insultos de Smith gritados e dirigidos a Rock: Retire da (...) sua boca o nome de minha mulher!. Smith depois receberá a estatueta como melhor ator, se desculpará com os colegas e com a Academia, a qual não se associa à reação do ator, mas não se desculpará com Rock. É preciso acrescentar que nas últimas horas, como era fisiológico esperar, alguém iniciou a murmurar que era tudo uma farsa. No mundo das aparências, tudo é possível.

Retornemos ao confronto Smith x Rock. Do ponto de vista moral nos encontramos diante de duas ações reprováveis porque desproporcionais, exageradas. Tomás de Aquino ensina que uma boa intenção (no nosso caso: fazer rir e defender a honra da esposa) necessita de modos adequados à própria intenção, senão uma ação em abstrato moralmente lícita pode se tornar no concreto ilícita. De uma parte, temos o comediante Rock: queria fazer rir, mas a piada sobre a mulher de Smith pareceu a todos irreverente, precisamente excessiva. Portanto, a sua intenção cômica se transformou nos fatos em um ato ofensivo. Depois temos Smith que, diante deste ato ofensivo, se sentiu no dever de defender a sua mulher, mas a defesa deveria ser proporcional à ofensa. Se Rock tivesse agredido fisicamente a mulher de Smith, teria sido côngruo defendê-la com tapas.

Nesta situação específica, portanto, a defesa proporcionada, ou seja, justa (e a justiça se pode também exprimir como meio entre dois excessos opostos: neste caso, de uma parte o medo ou a submissão ou o falso respeito humano e, sobre outro fronte, a presunção ou arrogância), exigia uma resposta verbal. Bem, por exemplo, teria feito o ator  se colocando de pé e dizendo ao comediante: Quem se aproveita dos sofrimentos dos outros não faz rir, mas chorar. Talvez, caro Rock, você deveria considerar de começar a interpretar papéis dramáticos de hoje em diante. Comece pedindo desculpas a minha mulher. Definitivamente, assistimos a um duplo excesso: o do comediante e o do ator.

Quando se fala de excesso, de desproporção, de reação não adequada significa, portanto que os efeitos negativos superam os positivos. Isto quer dizer que existem efeitos positivos, mesmo se esmagados por aqueles de sinal negativo. Queremos aqui tecer um louvor de tais aspectos positivos brotados do gesto de Smith, conscientes que  mesmo, como outras vezes repetimos, transcendeu, se fez tomar a mão, é exatamente o caso de dizer. Smith recebeu a estatueta pelo filme King Richard – uma família vencedora (No Brasil:  King Richard – criando campeãs). Richard Williams é o pai e treinador das tenistas Venus e Serena Williams. Smith, que no filme interpreta Richard, declarou no momento da premiação que este último foi um feroz defensor da sua família. Entre lágrimas acrescentou: Neste momento da minha vida estou encarregado daquilo que Deus  me pede de fazer sobre esta terra. Sou chamado na minha vida a amar as pessoas, a proteger as pessoas e ser um rio para minha gente. Tive que proteger Jade (a esposa). Eu quero ser um embaixador deste tipo de amor, cuidado, atenção.

Smith, com aquela tapa e com aquelas expressões muito coloridas, aqueceu o coração de muitas jovens porque nele viram o homem que é finalmente macho. Talvez um pouco rude, pouco racional e muito emotivo, mas muito viril e muito corajoso. A coragem é também isto: saber que em um duelo podes também perder, mas não perderás a honra (Perdestes, mas com a honra se lê em muitos romances de capa e espada). De fato, poderia ter perdido a estatueta e não é dito que isso não aconteça. Smith puniu quem queria vender a dignidade e o sofrimento da mulher por uma meia risada retirada do público, colocando em risco a própria candidatura: aos olhos de muitos, mas, sobretudo de muitas, apareceu como um príncipe azul que vai para a guerra  para defender a sua amada. Naqueles minutos Smith não fez interpretação, mas foi um verdadeiro e próprio cavalheiro. Roberto Marchesini escreveu que o mais forte, ou seja, o cavalheiro, coloca a sua força a disposição dos mais frágeis, ou seja, a mulher. A força deve ser usada apara servir, não para prevaricar(Virilità tossica? In Notizie Pro Vita&Famiglia, Marzo 2022, p. 14).

A coragem não se refere somente ao Oscar como melhor ator que poderia ter fugido das mãos no último momento,  mas também a chuva de críticas que lhe cairiam em cima, de machismo, de supremacia machista, de homem violento, de macho tóxico, de péssimo exemplo para os jovens. Em suma, lama sobre sua carreira. Teria contra, como aconteceu pontualmente, todo o bonismo e o feminismo mais pegajoso que exista, o que grita que com a violência não se resolve mais nada, que o diálogo suaviza toda aspereza, que as mulheres não têm necessidade dos homens para defender-se e assim por diante.

Smith com aquela tapa jogou fora em um momento todas a fluidez de gênero de quem é macho e se sente fêmea, de quem não se sente nem um nem outro, todas as efeminações e fragilidades daquela infinita fila de homens debochados, chorosos, melosos, inseguros e infantis que não têm atitude e não querem ter caráter, que trocaram a firmeza pelo compromisso, a responsabilidade pela timidez, a coragem pela mediocridade, a radicalidade pela acomodação, a auto-confiança pelo vitimismo, o não querer retroceder de um milímetro, custe o que custar, pela fuga. Todos os homens que não querem a paz, mas a rendição, que não sabem mais o que seja a honra, a nobreza de ânimo, a dignidade, a respeitabilidade, a lealdade, preferindo a infâmia às feridas sofridas no campo de batalha. Smith, ao invés, escolheu gritar ao mundo que vale mais a sua mulher que um Oscar.

Disto somos conscientes: todas as palavras que cheiram muito a testosterona e que, portanto mereceriam de ser limpas no politicamente correto com uma boa dose de amaciante de marca Peace & Love. Mas, a nós não agrada aquele odor e não nos envergonhamos.

  

Fonte: Smith vs Rock, tra eccessi e virilità - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

quarta-feira, 23 de março de 2022

Pergunto: o que é a correção fraterna, quando deve ser feita, se é obrigatório fazê-la, como deve ser feita...


 Questão

Caro Padre Angelo,

Possuo já alguma noção sobre a correção fraterna, mas não posso negar que tenho algumas dúvidas. Por isso, lhe pergunto: o que é a correção fraterna? Quando deve ser feita? Como deve ser feita? O senhor poderia me explicar também sobre as possíveis limitações? Agradeço pela sua disponibilidade, lhe asseguro as minhas orações e lhe desejo um bom dia.

Michele


Resposta do sacerdote

Caro Michele,

 

1 – por correção fraterna se entende a ajuda dada ao próximo que por motivo de algum seu pecado ou defeito corre o risco de causar danos a si mesmo e ao próximo. Já em nome da solidariedade humana é devido corrigir quem erra. Mas, esta ajuda se torna para os cristãos uma forma particular de caridade. Diz Jesus: Se o teu irmão comete uma culpa, vá e o corrija reservadamente; se te escutar, terás obtido um irmão; se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, para que tudo seja resolvido sobre a palavra de duas ou três testemunhas. Se ainda assim não escutar a estes, informe à Igreja; se mesmo assim não escutar a Igreja, seja para você como um pagão e um publicano (Mt 18, 15-17). S. Agostinho: Se deixares de corrigir, serás pior de quem cometeu pecado (De verbis Domini). E S. Tomás: a correção fraterna é um ato de caridade superior ao cuidado das doenças do corpo e das esmolas que retiram as misérias exteriores (Suma teológica, II-II, 33, 1).

2 – A correção fraterna não é uma opção, mas um dever de caridade. Todavia é necessário ser prudente. É um preceito moral positivo, que determina de cumprir uma ação. A propósito destes preceitos seja recordado que obrigam sempre, mas não em todo momento.

Portanto, se deve, sim, fazer a correção fraterna, mas não a todo o momento. Escreve S. Tomás: A correção fraterna é de preceito. Deve-se, porém, notar que enquanto os preceitos negativos da lei proíbem os atos pecaminosos, os preceitos afirmativos induzem a atos de virtude... a correção fraterna é ordenada ao melhoramento dos irmãos... não se deve corrigir o irmão que erra em qualquer lugar e em qualquer tempo(Ib., II-II, 33, 2).

3 – para que exista a obrigação da correção fraterna, que é grave se tem a ver com culpas graves para o indivíduo ou de males que prejudicam o bem comum, se deve verificar várias condições. Os teólogos resumem assim:

- que a matéria seja certa e manifesta. Não existirá obrigação se a matéria é oculta, a menos que se trate de um dever do superior na relação com um súdito;

- a necessidade, que se preveja que sem correção não pode se dar nenhuma melhora.

- a utilidade, que exista esperança de bom êxito. Caso se prevê que a correção não será produtiva, não se deve fazer.

- a possibilidade: que se possa fazer sem grave moléstia ou prejuízo de quem corrige. Não é motivo suficiente para omiti-la a previsão da momentânea indignação de quem é repreendido.

- a oportunidade: que seja feita no tempo, no lugar e no modo justo. É lícito, portanto e também obrigatório esperar tempos melhores.

4 – A correção fraterna deve ser feita com doçura para não agravar os ânimos. Diz S. Paulo: Se alguém é surpreendido em alguma culpa, vós que tendes o espírito, corrigi-o com doçura. E vigie sobre si mesmo para não cair também tu em tentação (Gl 6,1). E ainda: Não repreendas o ancião com dureza, mas exorta-o como se faz com um pai (1Tm 5,1). E S. Gregório Magno: Os justos, quando castigam severamente, não perdem a graça da doçura interna(Moralia, 24,10). Em uma só palavra, deve ser considerado o que dizia S. Francisco de Sales: que uma gota de mel atrai mais que um barril de vinagre. Deve ser feita, portanto, com caridade, humildade e prudência. A prudência também ensina a não fazer com freqüência as observações e, sobretudo, a não fazer publicamente, segundo o ensinamento do Senhor, para que quem é repreendido não se sinta humilhado diante de todos e seja tentado ao ressentimento.

5 – Para que a correção fraterna resulte frutuosa é necessário ter as cartas em ordem segundo o que disse o Senhor: Por que queres retirar o cisco do olho do teu irmão, enquanto no teu olho existe uma trave? (Mt 7,3). S. Agostinho diz que devemos refletir para ver se o vício que queremos corrigir nos outros não o temos também nós. E se não existe mais, que a correção seja precedida da misericórdia e não do ódio. Se depois nos damos conta de estar no mesmo defeito, não reprovemos, mas choremos juntos e convidemos os outros a se arrepender-se conosco(Ib.).

Agradeço por ter-me atraído para este assunto. Recordo de ti ao Senhor e te abençôo.


Padre Angelo

 

Fonte: Le chiedo che cosa sia la correzione fraterna, quando vada fatta, se sia obbligatorio farla, come vada fatta… – Amici Domenicani

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Novos mitos e idolatrias

 "Isto diz a ciência": um culto materialista e anti-científico

Enzo Pennetta

Isto diz a ciência: esta é uma das frases que mais entrou no uso comum dos últimos anos. De um ponto de vista científico, não existe a ciência, se existe alguma coisa são os cientistas. Os quais, exatamente porque adotam um método científico, estão sempre prontos a colocar-se em discussão. O cientista é, por natureza, humilde, uma afirmação é científica somente se em um amanhã ela pode ser demonstrada como falsa. Todavia, desde o tempo de Bacon, existe uma idéia de ciência que se coloca no lugar da religião, como explicação de tudo. E é esta visão que prevalece, seja entre os comunistas órfãos do comunismo, seja entre os cristãos que se sentem adultos.

 


Isto diz a ciência: esta é uma das frases que mais entrou no uso comum nos últimos anos e sempre mais em nome da ciência são tomadas decisões sobre todos os aspectos da vida social. Isto torna necessário esclarecer o que esta signifique verdadeiramente ou se tenha realmente um sentido.

Antes de tudo deve ser dito que não existe um sujeito denominado a ciência, existem ao invés pessoas identificadas como cientistas que pronunciam afirmações que são científicas exatamente enquanto passíveis de contestação. O filósofo Karl Popper ensinava que uma afirmação não pode ser considerada cientifica se não fornece uma possibilidade de ser demonstrada falsa. Impedir a expressão de vozes críticas, eventualmente com a justificação da inadequação do interlocutor, é, portanto uma contradição se queremos nos mover no âmbito do método cientifico. O verdadeiro cientista além do mais responde a todos, deve ter a capacidade de explicar-se também com pessoas não competentes de cultura média, uma frase atribuída a Einstein afirma Você não compreendeu verdadeiramente algo se não sabe explicar a sua avó.

O verdadeiro cientista não é jamais arrogante, isto contrasta visivelmente com a atitude muitas vezes zombeteira de alguns expoentes da ciência que são chamados a confrontar-se publicamente com temas de impacto social, o prêmio Nobel para a física Richard Feynman afirmava que Ciência é crer na ignorância dos especialistas.

Isto diz a ciência enquanto afirmação dogmática não somente é por isto mesmo anticientífica,  mas é uma frase tornada possível somente por um lento, mas contínuo, trabalho de diminuição do nível escolar que levou a transmitir noções sempre menos compreendidas, até chegar a um valor dogmático. Um fenômeno descrito pelo escritor Aldous Huxley no seu O Mundo Novo quando, em relação à educação científica ministrada, faz um personagem dizer: Você não recebeu uma cultura científica e como conseqüência não pode julgar. A cultura científica é uma cultura da dúvida e é o oposto da fé na ciência.

A fé na ciência experimental vai de encontro ao seu fundador Galileu Galilei, graças ao qual é superado o princípio de autoridade, o ipse dixit, desde aquele momento ninguém poderia argumentar com um é verdadeiro porque o digo eu que sou uma autoridade. Mas nos mesmos anos a ciência se tornava um instrumento de poder na obra de Francis Bacon que, na sua utopia A Nova Atlântida, indicava os cientistas como novos sacerdotes e guias da sociedade. A ciência, em Bacon, se torna uma fé substituta que pode substituir a política e a ideologia. Isto aconteceu, por exemplo, com o fim do comunismo quando um sistema mitopoético cientista tomou o lugar da ideologia marxista. O caráter, necessariamente em comum, para esta substituição é a pretensão de oferecer uma salvação: se passa da salvação de classe do comunismo àquela física da ciência experimental, ambas unificadas  no materialismo.

A ciência se torna fé quando pretende, e, sobretudo lhe é dado o direito de se tornar explicação de todo quadro da realidade esquecendo que o limite epistemológico da ciência experimental é exatamente colocado na impossibilidade de fazer afirmações de sentido. Aceitar uma ciência como explicação de tudo é fazer uma escolha de fundo que nega o sentido. Jacques Monod no seu O acaso e a necessidade colocava como base da ciência o postulado de objetividade ou seja a rejeição sistemática de considerar a possibilidade de chegar ao conhecimento verdadeiro mediante qualquer interpretação dos fenômenos em termos de causas finais, confiar na ciência para explicar o mundo pressupõe portanto como escolha inicial o abandono de uma procura de sentido.

A ciência como instrumento único ou soberano para assumir decisões sobre a vida política e social de uma população é, portanto em si a escolha de uma falta de sentido e em definitivo a negação de uma mentalidade que atribui um valor à ética, ao transcendente e ao que é propriamente humano, é uma delegação a construir uma sociedade em base a princípios biofísicos. A sociedade científica como substituto da religião precisa de suas próprias tabuas da lei para venerar e respeitar, de sacerdotes e homens santos com túnicas brancas, de identificar transgressores e hereges, de manter os rituais próprios da sociedade religiosa e desenvolver uma linguagem própria feita de termos, símbolos, gestos que possuem um valor de identificação e reconhecimento.

O cientificismo atraiu os órfãos do marxismo e por isto é praticado também hoje exatamente por quem provém daquela tradição. Vote na ciência foi significativamente o slogan de um partido em uma recente campanha eleitoral. O risco do afirmar-se do cientificismo como substituto redutivo de uma teoria sobre o mundo se torna real quando uma precedente visão entra em crise ou simplesmente se enfraquece, uma frase referida ao final do comunismo afirmava: Stalin nos deixou em apuros... não temos mais nada além da perspectiva de modernizar o País.

O risco de um deslize semelhante pode esconder-se também em uma visão religiosa que se dirige exageradamente ao social distanciando-se do transcendente, que se faz discurso político, uma religiosidade adulta que se ocupa principalmente dos corpos não reconhecendo mais as necessidades profundas do espírito, que olha para o progresso pensando que a tradição seja algo de um passado que deve ser superado e talvez a ser esquecido.

Depois que Stalin deixou em apuros o comunismo a escolha de dirigir-se em direção ao cientificismo poderia aparecer a perspectiva também de uma religiosidade desiludida e reduzida a doutrina social, então o caminho percorrido pelos órfãos do comunismo poderia ser compartilhado por um cristianismo cansado, debruçado sobre o social e muito confiante em uma salvação biológica que provém da ciência.


Fonte: "Lo dice la scienza": un culto materialista e anti-scientifico - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

TEMPOS MODERNOS: Com o progresso, estamos todos nos tornando mais estúpidos

As filosofias progressistas ensinam que os dias de hoje são melhores que os do passado, sempre. E uma demonstração prática consistia no crescimento do quociente intelectivo na maior parte das pessoas testadas. Mas, já pelo menos há três décadas, o quociente intelectivo está caindo. E agora que desculpas procuram os progressistas?

 


Pintados nestas margens as pessoas humanas, o destino magnífico e progressivo’”.  Assim escrevia Leopardi na La ginestra, segundo alguns zombando do primo Terenzio Mamiani que tinha elaborado aquela expressão.  Que bela coisa, o progressismo: a idéia pela qual a estrada da humanidade é constantemente em subida: segundo a qual hoje é melhor que no passado e amanhã será ainda melhor. Nós – portanto – seremos melhores de quem nos precedeu e os nossos tempos melhores que os tempos antigos. Nós vivemos – sempre segundo o progressismo – melhor que os nossos pais, muito melhor que nossos avôs: agradeçamos, portanto, à ciência e à técnica, desconhecidas por aqueles trogloditas. Temos organismos geneticamente modificados, pesticidas, vacinas, computadores, celulares, cartão de vacina, SPID , Alexa, Amazon... às vezes perguntamos: mas, como era possível viver sem celular? Que ignorância tão grande, sem Wikipedia! Como somos sortudos, nós modernos.

Tinham, portanto, razão Hegel e Marx; errado Talleyrand, ao qual é atribuída a afirmação não conhece a doçura do viver quem não viveu os anos antes da Revolução (francesa). E pensar que tal besta (entendo dizer Talleyrand) fosse considerado um gênio pelos seus contemporâneos... Evidentemente eram ainda mais bestas! Que bela coisa o progressismo. Um bálsamo para a auto-estima e uma justificação perene para o status quo. Quantas vezes escutamos dizer Em 2021 não se pode dizer certas coisas, ou  Não estamos mais na idade média? com uma simples e estúpida frase liquidamos dois milênios; assim, com uma simples emissão de ar. Tão difuso que parece absurdo também somente refletir sobre tais afirmações! É evidente, não é necessária nenhuma demonstração. E depois: o pensamento lógico é um prejuízo dos séculos escuros... Agora somos smart, temos tantos slogans, a televisão e as redes sociais que nos poupam o cansaço de pensar. Somos nativos digitas e quem se obstina em pensar é um boomer, um analfabeto funcional: da Wikipedia (seja bendita para sempre): aqueles que não são capazes de compreender, avaliar e usar as informações na atual sociedade

Uma demonstração da verdade do progressismo é o assim chamado efeito Flynn. É um efeito observado pelo psicólogo James R. Flynn para o qual o QI médio está em constante aumento em diversos países do mundo ocidental. QI está para Quociente intelectivo: grosso modo é a relação entre a idade mental e a idade biológica.  Uma pontuação de 100 é considerada um valor médio: quem tem uma pontuação superior a 100 é considerado mais inteligente; vice-versa quem possui uma pontuação inferior a 100. Não entramos no eterno debate sobre a validade do QI: o núcleo do discurso é que, graças à escola gratuita e Pública, a uma alimentação industrial e à indústria farmacêutica, a população mundial se torna sempre mais inteligente! É a evolução da espécie que se cumpre diante dos nossos olhos, tinha razão Darwin! Porém, porém...

Porém, nos últimos anos (ou melhor: nas últimas décadas) esta teoria encontrou um obstáculo. Parece que – sempre nos países ocidentais – o QI médio está caindo. Em modo decisivo. Para ser mais preciso... está precipitando. Vejamos somente um pouco das pesquisas entre as mais recentes.

Em 2019, Leehu Zysberg, professor no Gordon College, em Israel, publicou  um artigo (A inversão do efeito Flynn e os seus reflexos em campo educativo) no qual define como dramático a queda de QI em muitos Países. Segundo Zysberg este efeito, observado nos anos Noventa do século passado, refere-se aos nascidos na metade dos anos Setenta em diante: dali em diante ele mesmo, na qualidade de professor, observou uma clara piora no desempenho escolar. Avaliando testes padronizados de matemática e escritura detectados entre os estudantes em uma dezena de Países, com exceção da Rússia, se nota uma clara diminuição de pontos de 2012 a 2015.

Três pesquisadores do Texas (Acosta, Smith e Kreinovich) publicaram um artigo em 2020 com o título Porque os pontos dos testes de QI estão ligeiramente diminuindo. Eles escrevem: Enquanto os pontos de inteligência estão em constante aumento há várias décadas, ultimamente, se observa um fenômeno inverso, quando a pontuação média não cresce mais; ao invés, declina.  Este declínio não é tão grande a ponto de varrer os resultados das décadas anteriores de crescimento, mas é bastante grande ser estatisticamente significativo. Como se percebe já no título, estes pesquisadores minimizam – sem poder negar – esta tendência; e a justificam como natural: está bem assim, é um acordo. Um analfabeto funcional observaria: se aumentam, é mérito do progresso; se diminuem, é natural...

Resumindo, viremos como quisermos, a fritada permanecerá sempre aquela: estamos nos tornando sempre mais estúpidos. E, como todos os estúpidos, não somente não somos capazes de nos dar conta; mas manifestamos arrogância por todos os poros. Bem, talvez seja esta atitude mais indicativa que vários testes psicológicos.

Fonte: Roberto Marchesini -  Col progresso, stiamo diventando tutti più stupidi - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Dizemos a você o que é a Filosofia e por que existe. Assim você vai compreender como é importante saber disso para sua própria Fé

 

Corrado Gnerre

Quando nos aproximamos da filosofia, um dos maiores erros que se pode fazer é começar sem começar, ou seja, iniciar sem conhecer o que seja a filosofia.

Em muitos livros se procura no início de dar uma resposta, mas depois nos damos conta que é uma resposta que não responde, evanescente, enganosa, que diz e não diz.

Você quer saber por quê? Porque muitos livros rejeitam uma concepção precisa da filosofia e tendem ao invés a apresentar-nos uma disciplina que intencionalmente não saiba nem mesmo o que ela mesma é. Contudo, uma coisa é se admitimos que existe uma verdade objetiva (ou seja, válida para todos); mas, se somos convencidos que não existem certezas, então também a filosofia não pode ter uma definição certa: pode se tornar tudo e o contrário de tudo.

 Nós, ao invés, somos convencidos que a Verdade (com o “V” maiúsculo) existe e é objetiva; e que a convicção contrária seja uma contradição, um tipo de serpente que morde a própria calda. De fato, se disséssemos que não existe a verdade objetiva, nos contradizemos, porque de qualquer modo admitiríamos que existe uma verdade válida para todos, ou seja: que a verdade não existe!

Dito isto, passemos à definição de filosofia, a uma definição precisa: A filosofia é a ciência de todas as coisas segundo as suas últimas causas, conhecidas pela luz natural da razão.

Como definição parece complicada, mas não o é. Vamos analisá-la.

Ciência. A filosofia é uma ciência. É ciência toda relação entre conceitos, e a filosofia se funda na argumentação, na sucessão lógica dos conceitos.

De todas as coisas. Para a filosofia interessa tudo, nada excluso. Não existe campo de interesse que lhe seja estranho.

Segundo as suas últimas causas. A filosofia, porém não é a soma enciclopédica de todas as disciplinas. Ela indaga sobre as causas últimas, se pergunta sobre o porquê das necessidades e das atitudes que convidam o homem a ocupar-se dos vários setores da vida. Um exemplo. Entre a política e a filosofia da política existe esta diferença: a política estuda o funcionamento da coisa pública, enquanto a filosofia da política o porquê o homem sente a exigência de fazer política, as razões da política e como o homem se coloque diante da política. Seria possível fazer filosofia sobre qualquer coisa. Também sobre as mais banais. Também sobre o futebol. Quando perguntamos: como se joga a bola? Somente um técnico pode responder (um treinador ou jogador). Mas, se perguntamos: por que muitos se divertem vendo uma bela partida de futebol ou recorrendo a uma bola? Pode responder a esta pergunta somente quem se arrisca a fazer um tipo de “filosofia do futebol”.

Conhecidas pela luz natural da razão. A filosofia não utiliza a fé, nem a intuição nem a emoção; mas a razão.

Dar à filosofia uma definição deste tipo (a filosofia é ciência de todas...) é importante porque freqüentemente existe a tendência a definir a filosofia com o seu simples significado etimológico, filosofia como “philein” (amor) e “Sophia” (sabedoria), ou seja amor pela sabedoria. Se fosse suficiente isso, significaria que o desejo de ler uma boa enciclopédia tornaria automaticamente a pessoa uma filósofo.. coisa que seria um absurdo!

 

Fonte: Ti diciamo cos’è la Filosofia e perché esiste. Così capirai quanto è importante saperlo per la propria Fede – Il Cammino dei Tre Sentieri

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

ARGENTINA: Animais 'pessoas' não humanas: a revolução avança

Tommaso Scandroglio

 

A deputada argentina Graciela Camaño apresentou um projeto de lei que pede que se reconheça a alguns animais o status de pessoas não humanas, junto com uma série de direitos como o direito à vida, a não sofrer, à saúde, à assistência alimentar etc... Uma proposta que parte de um processo revolucionário antigo e abre a cenários bizarros, invertendo diabolicamente a hierarquia de valores inscrita na criação.

  


Tome cuidado, pois se no futuro você passar pela Argentina, pode ser que você seja solicitado de tirar a coleira do seu animalzinho de estimação. De fato, a deputada Graciela Camaño, ex-ministra do trabalho, apresentou um projeto de lei que tem a intenção de reconhecer aos animais o status de pessoas mesmo se não humanas, ou seja, de reconhecê-los como sujeitos de direitos não humanos. Não todos os animais, porém poderão esperar este avanço de classe, mas somente aqueles que demonstram ter capacidade cognitivas especiais e/ou sentimentos complexos que lhes distingam das outras espécies (art. 3).

Sendo sujeito de direitos obviamente significa que será titular de alguns direitos e de fato a proposta de lei elenca alguns direitos fundamentais a serem tutelados por estas pessoas não humanas: direitos à vida, direitos a não sofrer, direitos à saúde e à assistência alimentar (art. 4). Além do mais, estas pessoas-animais não poderão ser objeto de transações comerciais, mas somente de doações, nem mantidas presas (art. 5). Enfim, qualquer pessoa-humana poderá agir juridicamente na defesa deles.

Já em 2014 a Câmara Federal da Cassação argentina tinha reconhecido subjetividade jurídica a uma fêmea de orangotango, a qual foi libertada do zoológico em que estava presa para ser colocada em um enorme parque na Flórida.

Propormos uma reflexão partindo do conteúdo das normas citadas: A primeira: quem avalia a presença de capacidades cognitivas especiais e/ou sentimentos complexos que lhes distinguem das outras espécies? Não somente, mas quais critérios usar para individuar nos animais tais capacidades cognitivas especiais e tais sentimentos evolutivos? Neste sentido, quem pode dizer que um golfinho é mais inteligente que um caracol? Talvez este último não externa todo o seu potencial somente por timidez, querendo exatamente falar de sentimentos complexos. Mas também no caso em que, por exemplo, o caranguejo não estivesse entre as espécies de primeira classe se poderia perguntar: não seria injusta discriminação? Por que o macaco sim e a galinha não? Somente porque é mais estúpida? Não seria este, ainda mais, um motivo para protegê-la? Não se diz que o grau de civilização de uma pais se mede em base a sua capacidade de proteger os últimos?

E depois estes critérios excluiriam algumas pessoas-humanas: observe os deficientes mentais, as pessoas acometidas de doenças neurodegenerativas, os recém-nascidos. Na realidade, nada de novo sob o sol. Existem biotecistas por aí que usaram estes mesmos critérios para registrar a patente de pessoa somente a alguns seres humanos, eliminando os outros do grupo dos eleitos.

Segunda reflexão: esta lei prova que o homem é considerado menos que uma foca. Exatamente porque o nascituro não demonstra capacidade intelectiva elevada e sentimentos complexos, o guaxinim é titular do direito à vida, mas o feto humano não. Assim também o recém-nascido deficiente pode ser submetido à eutanásia – veja os casos de crônicas acontecidos no reino Unido – mas o gambá não.

Prosseguimos: a proposta de lei fala de direito dos animais a não sofrer. E, portanto nos vem o pensamento de que estes estão muito melhor que nós, dado que semelhante direito não se encontra em nenhuma constituição ou código civil. É melhor uma vida de cachorro que de humano, seria a conclusão. O direito aos alimentos recorda aquele que o cônjuge separado deve ao outro cônjuge, mas é somente uma curiosa analogia. Interessante ao invés é que os animais não poderão ser adquiridos e vendidos, mas somente doados. Evidentemente de agora em diante deverão ser o gatinho e o cachorrinho a escolher livremente se querem ou não ficar conosco, se ninguém decide de presenteá-los. Entre outras coisas, se são pessoas não deveriam nem sequer ser feitos objeto de doação. Mas talvez neste caso prevaleceu a lição proveniente da prática da barriga de aluguel onde a criança é doada (não é verdade) ao casal que pediu.

Enfim, a proibição de ter estes animais presos abrirá a cenários bizarros:  destruídos o canil no jardim, os estábulos, as gaiolas, os aquários porque são lugares ilegítimos de detenção, o que acontecerá? Acontecerá que os cães, as vacas, as ovelhas, os porcos, os passarinhos, os répteis e os peixes deverão ou ser hospedados em casa ou, se não possível (um golfinho na banheira é incômodo manter e o porco na sala é problemático dado que é notório que tenha conflitos não resolvidos com o sabão), deverão ser liberados na natureza. Além do mais, um cavalo não poderá mais ser selado ou um cachorro mantido na coleira ou com focinheira porque nenhuma pessoa deve ser usada. A pessoa é sempre fim, jamais meio.

Ao ler todo este catálogo de direitos vem depois a pergunta: e os deveres? Sendo pessoas, que assumam também alguma obrigação. Ao invés nada, porque estes animais não humanos são considerados como pessoas incapazes, portanto não livres, necessitadas de tudo, mas imunes de qualquer dever.

 Esta proposta, que se inspira na Declaração universal dos direitos dos animais da Unesco de 1978, cristaliza em modo límpido um processo revolucionário em curso pelo menos há séculos. No humanismo Deus foi retirado do centro do universo e no seu lugar foi colocado o homem. Agora toca ao homem, ultrapassado pelos animais. É em fundo o princípio inspirador do ambientalismo. Amanhã serão as plantas a retirar o cetro dos animais e enfim as coisas, como os robôs. Em suma, se trata de um projeto realmente diabólico: Satanás não pode inventar realidades que não existem, mas pode virar de cabeça para baixo a ordem natural das coisas, inverter uma hierarquia de valores escrita na criação. Daqui o número que é referido ao diabo: 666, três vezes o nove, ou seja, o cubo do número da perfeição, de cabeça para baixo. Coincidentemente se chama o número da besta.

  

Fonte: Animali 'persone' non umane: la rivoluzione avanza - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)