Do “Compêndio de Teologia
Ascética e Mística”, de Padre Adolphe Tanquerey (1854 – 1932)
Estes remédios dos quais agora
vos falarei são indicados pelos Santos e particularmente por Santa Teresa d’Avila.
PRIMEIRO REMÉDIO: A ORAÇÃO
HUMILDE E CONFIANTE.
O primeiro é uma oração humilde e
confiante, para atrair para o nosso lado Deus e os seus anjos. Se Deus é por
nós, quem será contra nós? Quem, de fato, pode ser comparado com Deus? “Quis ut
Deus?” Esta oração deve ser humilde; porque nada existe que coloque mais
rapidamente em fuga o Anjo rebelde, o qual, tendo se rebelado por orgulho, na
sabe mais praticar esta virtude: o humilhar-se diante de Deus, o reconhecer-se
impotente para triunfar sem a sua ajuda, desfaz os desígnios do Anjo soberbo.
Deve ser também confiante; porque, pressionando à glória de Deus o nosso
triunfo, podemos ter plena confiança na eficácia da sua graça. É bom também
invocar São Miguel Arcanjo, que, tendo infligido ao demônio uma esplêndida
derrota, terá satisfação em coroar a sua vitória em nós por meio de nós. E com
vontade o ajudará o nosso Anjo da Guarda se confiamos nele. Mas, não nos
esquecemos de rezar especialmente à Virgem Imaculada, que com o pé virginal não
cessa de esmagar a cabeça da serpente e é para o demônio mais terrível que um
exército em ordem de batalha.
SEGUNDO REMÉDIO: OS SACRAMENTOS E
OS SACRAMENTAIS.
O segundo meio é o uso confidente
dos sacramentos e dos sacramentais. A confissão, sendo um ato de humildade,
expulsa o demônio; a absolvição aplica em nós os méritos de Jesus Cristo e nos
torna invulneráveis aos seus dardos; a santa Comunhão, colocando no nosso
coração Aquele que venceu satanás, inspira ao demônio um verdadeiro terror. Os
mesmos sacramentos, o sinal da cruz ou as orações litúrgicas feitas com
espírito de fé em união com a Igreja, são também de preciosa ajuda. Santa
Teresa recomenda em particular a água benta, talvez porque é muito humilhante
para o demônio ver-se agredido com um meio assim tão simples.
TERCEIRO REMÉDIO: O DESPREZO DO
DEMÔNIO.
O último meio é um sumo desprezo
do demônio. É-nos dito também por Santa Teresa: “Com muita Freqüência me
atormentavam estes malditos; mas me fazem exatamente pouco medo; porque eles, e
eu o vejo bem, não podem mover um passo sem a permissão de Deus... Desejaria
que se soubesse bem, todas as vezes que nós lhes desprezamos, eles perdem suas
forças, e a alma adquire sobre eles sempre maior império... São fortes somente
contra as almas covardes, que cedem a eles as armas; contra estes exibem seu
poder”. Ver-se desprezados por seres mais frágeis é de fato uma dura humilhação
para estes espíritos soberbos. Agora nós, como dissemos, apoiados humildemente
em Deus, temos o direito e o dever de desprezá-los: “Si Deus pro nobis, quis
contra nos?” Podem latir, mas não podem morder, se, por imprudência ou por
orgulho, nós não nos colocamos em seu poder: “latrare potest, mordere non
potest nisi volentem”. Deste modo, portanto, a luta que devemos sustentar
contra o demônio, como também contra o mundo e a concupiscência, nos fixa na
vida sobrenatural, ou melhor, nos faz também progredir.