As filosofias progressistas ensinam que os dias de hoje são melhores que os do passado, sempre. E uma demonstração prática consistia no crescimento do quociente intelectivo na maior parte das pessoas testadas. Mas, já pelo menos há três décadas, o quociente intelectivo está caindo. E agora que desculpas procuram os progressistas?
“Pintados nestas margens as pessoas humanas, ‘o destino magnífico e progressivo’”. Assim escrevia Leopardi na La ginestra, segundo alguns zombando do primo Terenzio Mamiani que tinha elaborado aquela expressão. Que bela coisa, o progressismo: a idéia pela qual a estrada da humanidade é constantemente em subida: segundo a qual hoje é melhor que no passado e amanhã será ainda melhor. Nós – portanto – seremos melhores de quem nos precedeu e os nossos tempos melhores que os tempos antigos. Nós vivemos – sempre segundo o progressismo – melhor que os nossos pais, muito melhor que nossos avôs: agradeçamos, portanto, à ciência e à técnica, desconhecidas por aqueles trogloditas. Temos organismos geneticamente modificados, pesticidas, vacinas, computadores, celulares, cartão de vacina, SPID , Alexa, Amazon... às vezes perguntamos: mas, como era possível viver sem celular? Que ignorância tão grande, sem Wikipedia! Como somos sortudos, nós modernos.
Tinham, portanto, razão Hegel e Marx; errado Talleyrand, ao qual é atribuída a afirmação “não conhece a doçura do viver quem não viveu os anos antes da Revolução (francesa)”. E pensar que tal besta (entendo dizer Talleyrand) fosse considerado um gênio pelos seus contemporâneos... Evidentemente eram ainda mais bestas! Que bela coisa o progressismo. Um bálsamo para a auto-estima e uma justificação perene para o status quo. Quantas vezes escutamos dizer “Em 2021 não se pode dizer certas coisas”, ou “Não estamos mais na idade média”? com uma simples e estúpida frase liquidamos dois milênios; assim, com uma simples emissão de ar. Tão difuso que parece absurdo também somente refletir sobre tais afirmações! É evidente, não é necessária nenhuma demonstração. E depois: o pensamento lógico é um prejuízo dos séculos escuros... Agora somos smart, temos tantos slogans, a televisão e as redes sociais que nos poupam o cansaço de pensar. Somos “nativos digitas” e quem se obstina em pensar é um boomer, um “analfabeto funcional”: da Wikipedia (seja bendita para sempre): aqueles que não são capazes de “compreender, avaliar e usar as informações na atual sociedade”
Uma demonstração da verdade do progressismo é o assim chamado “efeito Flynn”. É um efeito observado pelo psicólogo James R. Flynn para o qual o QI médio está em constante aumento em diversos países do mundo “ocidental”. QI está para Quociente intelectivo: grosso modo é a relação entre a idade mental e a idade biológica. Uma pontuação de 100 é considerada um valor médio: quem tem uma pontuação superior a 100 é considerado mais inteligente; vice-versa quem possui uma pontuação inferior a 100. Não entramos no eterno debate sobre a validade do QI: o núcleo do discurso é que, graças à escola gratuita e Pública, a uma alimentação industrial e à indústria farmacêutica, a população mundial se torna sempre mais inteligente! É a evolução da espécie que se cumpre diante dos nossos olhos, tinha razão Darwin! Porém, porém...
Porém, nos últimos anos (ou melhor: nas últimas décadas) esta teoria encontrou um obstáculo. Parece que – sempre nos países “ocidentais” – o QI médio está caindo. Em modo decisivo. Para ser mais preciso... está precipitando. Vejamos somente um pouco das pesquisas entre as mais recentes.
Em 2019, Leehu Zysberg, professor no Gordon College, em Israel, publicou um artigo (A inversão do efeito Flynn e os seus reflexos em campo educativo) no qual define como “dramático” a queda de QI em muitos Países. Segundo Zysberg este efeito, observado nos anos Noventa do século passado, refere-se aos nascidos na metade dos anos Setenta em diante: dali em diante ele mesmo, na qualidade de professor, observou uma clara piora no desempenho escolar. Avaliando testes padronizados de matemática e escritura detectados entre os estudantes em uma dezena de Países, com exceção da Rússia, se nota uma clara diminuição de pontos de 2012 a 2015.
Três pesquisadores do Texas (Acosta, Smith e Kreinovich) publicaram um artigo em 2020 com o título “Porque os pontos dos testes de QI estão ligeiramente diminuindo”. Eles escrevem: “Enquanto os pontos de inteligência estão em constante aumento há várias décadas, ultimamente, se observa um fenômeno inverso, quando a pontuação média não cresce mais; ao invés, declina. Este declínio não é tão grande a ponto de varrer os resultados das décadas anteriores de crescimento, mas é bastante grande ser estatisticamente significativo”. Como se percebe já no título, estes pesquisadores minimizam – sem poder negar – esta tendência; e a justificam como natural: está bem assim, é um acordo. Um “analfabeto funcional” observaria: se aumentam, é mérito do progresso; se diminuem, é natural...
Resumindo, viremos como quisermos, a fritada permanecerá sempre aquela: estamos nos tornando sempre mais estúpidos. E, como todos os estúpidos, não somente não somos capazes de nos dar conta; mas manifestamos arrogância por todos os poros. Bem, talvez seja esta atitude mais indicativa que vários testes psicológicos.
Fonte: Roberto Marchesini - Col progresso, stiamo diventando tutti più stupidi - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)