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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

TEMPOS MODERNOS: Com o progresso, estamos todos nos tornando mais estúpidos

As filosofias progressistas ensinam que os dias de hoje são melhores que os do passado, sempre. E uma demonstração prática consistia no crescimento do quociente intelectivo na maior parte das pessoas testadas. Mas, já pelo menos há três décadas, o quociente intelectivo está caindo. E agora que desculpas procuram os progressistas?

 


Pintados nestas margens as pessoas humanas, o destino magnífico e progressivo’”.  Assim escrevia Leopardi na La ginestra, segundo alguns zombando do primo Terenzio Mamiani que tinha elaborado aquela expressão.  Que bela coisa, o progressismo: a idéia pela qual a estrada da humanidade é constantemente em subida: segundo a qual hoje é melhor que no passado e amanhã será ainda melhor. Nós – portanto – seremos melhores de quem nos precedeu e os nossos tempos melhores que os tempos antigos. Nós vivemos – sempre segundo o progressismo – melhor que os nossos pais, muito melhor que nossos avôs: agradeçamos, portanto, à ciência e à técnica, desconhecidas por aqueles trogloditas. Temos organismos geneticamente modificados, pesticidas, vacinas, computadores, celulares, cartão de vacina, SPID , Alexa, Amazon... às vezes perguntamos: mas, como era possível viver sem celular? Que ignorância tão grande, sem Wikipedia! Como somos sortudos, nós modernos.

Tinham, portanto, razão Hegel e Marx; errado Talleyrand, ao qual é atribuída a afirmação não conhece a doçura do viver quem não viveu os anos antes da Revolução (francesa). E pensar que tal besta (entendo dizer Talleyrand) fosse considerado um gênio pelos seus contemporâneos... Evidentemente eram ainda mais bestas! Que bela coisa o progressismo. Um bálsamo para a auto-estima e uma justificação perene para o status quo. Quantas vezes escutamos dizer Em 2021 não se pode dizer certas coisas, ou  Não estamos mais na idade média? com uma simples e estúpida frase liquidamos dois milênios; assim, com uma simples emissão de ar. Tão difuso que parece absurdo também somente refletir sobre tais afirmações! É evidente, não é necessária nenhuma demonstração. E depois: o pensamento lógico é um prejuízo dos séculos escuros... Agora somos smart, temos tantos slogans, a televisão e as redes sociais que nos poupam o cansaço de pensar. Somos nativos digitas e quem se obstina em pensar é um boomer, um analfabeto funcional: da Wikipedia (seja bendita para sempre): aqueles que não são capazes de compreender, avaliar e usar as informações na atual sociedade

Uma demonstração da verdade do progressismo é o assim chamado efeito Flynn. É um efeito observado pelo psicólogo James R. Flynn para o qual o QI médio está em constante aumento em diversos países do mundo ocidental. QI está para Quociente intelectivo: grosso modo é a relação entre a idade mental e a idade biológica.  Uma pontuação de 100 é considerada um valor médio: quem tem uma pontuação superior a 100 é considerado mais inteligente; vice-versa quem possui uma pontuação inferior a 100. Não entramos no eterno debate sobre a validade do QI: o núcleo do discurso é que, graças à escola gratuita e Pública, a uma alimentação industrial e à indústria farmacêutica, a população mundial se torna sempre mais inteligente! É a evolução da espécie que se cumpre diante dos nossos olhos, tinha razão Darwin! Porém, porém...

Porém, nos últimos anos (ou melhor: nas últimas décadas) esta teoria encontrou um obstáculo. Parece que – sempre nos países ocidentais – o QI médio está caindo. Em modo decisivo. Para ser mais preciso... está precipitando. Vejamos somente um pouco das pesquisas entre as mais recentes.

Em 2019, Leehu Zysberg, professor no Gordon College, em Israel, publicou  um artigo (A inversão do efeito Flynn e os seus reflexos em campo educativo) no qual define como dramático a queda de QI em muitos Países. Segundo Zysberg este efeito, observado nos anos Noventa do século passado, refere-se aos nascidos na metade dos anos Setenta em diante: dali em diante ele mesmo, na qualidade de professor, observou uma clara piora no desempenho escolar. Avaliando testes padronizados de matemática e escritura detectados entre os estudantes em uma dezena de Países, com exceção da Rússia, se nota uma clara diminuição de pontos de 2012 a 2015.

Três pesquisadores do Texas (Acosta, Smith e Kreinovich) publicaram um artigo em 2020 com o título Porque os pontos dos testes de QI estão ligeiramente diminuindo. Eles escrevem: Enquanto os pontos de inteligência estão em constante aumento há várias décadas, ultimamente, se observa um fenômeno inverso, quando a pontuação média não cresce mais; ao invés, declina.  Este declínio não é tão grande a ponto de varrer os resultados das décadas anteriores de crescimento, mas é bastante grande ser estatisticamente significativo. Como se percebe já no título, estes pesquisadores minimizam – sem poder negar – esta tendência; e a justificam como natural: está bem assim, é um acordo. Um analfabeto funcional observaria: se aumentam, é mérito do progresso; se diminuem, é natural...

Resumindo, viremos como quisermos, a fritada permanecerá sempre aquela: estamos nos tornando sempre mais estúpidos. E, como todos os estúpidos, não somente não somos capazes de nos dar conta; mas manifestamos arrogância por todos os poros. Bem, talvez seja esta atitude mais indicativa que vários testes psicológicos.

Fonte: Roberto Marchesini -  Col progresso, stiamo diventando tutti più stupidi - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Dizemos a você o que é a Filosofia e por que existe. Assim você vai compreender como é importante saber disso para sua própria Fé

 

Corrado Gnerre

Quando nos aproximamos da filosofia, um dos maiores erros que se pode fazer é começar sem começar, ou seja, iniciar sem conhecer o que seja a filosofia.

Em muitos livros se procura no início de dar uma resposta, mas depois nos damos conta que é uma resposta que não responde, evanescente, enganosa, que diz e não diz.

Você quer saber por quê? Porque muitos livros rejeitam uma concepção precisa da filosofia e tendem ao invés a apresentar-nos uma disciplina que intencionalmente não saiba nem mesmo o que ela mesma é. Contudo, uma coisa é se admitimos que existe uma verdade objetiva (ou seja, válida para todos); mas, se somos convencidos que não existem certezas, então também a filosofia não pode ter uma definição certa: pode se tornar tudo e o contrário de tudo.

 Nós, ao invés, somos convencidos que a Verdade (com o “V” maiúsculo) existe e é objetiva; e que a convicção contrária seja uma contradição, um tipo de serpente que morde a própria calda. De fato, se disséssemos que não existe a verdade objetiva, nos contradizemos, porque de qualquer modo admitiríamos que existe uma verdade válida para todos, ou seja: que a verdade não existe!

Dito isto, passemos à definição de filosofia, a uma definição precisa: A filosofia é a ciência de todas as coisas segundo as suas últimas causas, conhecidas pela luz natural da razão.

Como definição parece complicada, mas não o é. Vamos analisá-la.

Ciência. A filosofia é uma ciência. É ciência toda relação entre conceitos, e a filosofia se funda na argumentação, na sucessão lógica dos conceitos.

De todas as coisas. Para a filosofia interessa tudo, nada excluso. Não existe campo de interesse que lhe seja estranho.

Segundo as suas últimas causas. A filosofia, porém não é a soma enciclopédica de todas as disciplinas. Ela indaga sobre as causas últimas, se pergunta sobre o porquê das necessidades e das atitudes que convidam o homem a ocupar-se dos vários setores da vida. Um exemplo. Entre a política e a filosofia da política existe esta diferença: a política estuda o funcionamento da coisa pública, enquanto a filosofia da política o porquê o homem sente a exigência de fazer política, as razões da política e como o homem se coloque diante da política. Seria possível fazer filosofia sobre qualquer coisa. Também sobre as mais banais. Também sobre o futebol. Quando perguntamos: como se joga a bola? Somente um técnico pode responder (um treinador ou jogador). Mas, se perguntamos: por que muitos se divertem vendo uma bela partida de futebol ou recorrendo a uma bola? Pode responder a esta pergunta somente quem se arrisca a fazer um tipo de “filosofia do futebol”.

Conhecidas pela luz natural da razão. A filosofia não utiliza a fé, nem a intuição nem a emoção; mas a razão.

Dar à filosofia uma definição deste tipo (a filosofia é ciência de todas...) é importante porque freqüentemente existe a tendência a definir a filosofia com o seu simples significado etimológico, filosofia como “philein” (amor) e “Sophia” (sabedoria), ou seja amor pela sabedoria. Se fosse suficiente isso, significaria que o desejo de ler uma boa enciclopédia tornaria automaticamente a pessoa uma filósofo.. coisa que seria um absurdo!

 

Fonte: Ti diciamo cos’è la Filosofia e perché esiste. Così capirai quanto è importante saperlo per la propria Fede – Il Cammino dei Tre Sentieri

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

ARGENTINA: Animais 'pessoas' não humanas: a revolução avança

Tommaso Scandroglio

 

A deputada argentina Graciela Camaño apresentou um projeto de lei que pede que se reconheça a alguns animais o status de pessoas não humanas, junto com uma série de direitos como o direito à vida, a não sofrer, à saúde, à assistência alimentar etc... Uma proposta que parte de um processo revolucionário antigo e abre a cenários bizarros, invertendo diabolicamente a hierarquia de valores inscrita na criação.

  


Tome cuidado, pois se no futuro você passar pela Argentina, pode ser que você seja solicitado de tirar a coleira do seu animalzinho de estimação. De fato, a deputada Graciela Camaño, ex-ministra do trabalho, apresentou um projeto de lei que tem a intenção de reconhecer aos animais o status de pessoas mesmo se não humanas, ou seja, de reconhecê-los como sujeitos de direitos não humanos. Não todos os animais, porém poderão esperar este avanço de classe, mas somente aqueles que demonstram ter capacidade cognitivas especiais e/ou sentimentos complexos que lhes distingam das outras espécies (art. 3).

Sendo sujeito de direitos obviamente significa que será titular de alguns direitos e de fato a proposta de lei elenca alguns direitos fundamentais a serem tutelados por estas pessoas não humanas: direitos à vida, direitos a não sofrer, direitos à saúde e à assistência alimentar (art. 4). Além do mais, estas pessoas-animais não poderão ser objeto de transações comerciais, mas somente de doações, nem mantidas presas (art. 5). Enfim, qualquer pessoa-humana poderá agir juridicamente na defesa deles.

Já em 2014 a Câmara Federal da Cassação argentina tinha reconhecido subjetividade jurídica a uma fêmea de orangotango, a qual foi libertada do zoológico em que estava presa para ser colocada em um enorme parque na Flórida.

Propormos uma reflexão partindo do conteúdo das normas citadas: A primeira: quem avalia a presença de capacidades cognitivas especiais e/ou sentimentos complexos que lhes distinguem das outras espécies? Não somente, mas quais critérios usar para individuar nos animais tais capacidades cognitivas especiais e tais sentimentos evolutivos? Neste sentido, quem pode dizer que um golfinho é mais inteligente que um caracol? Talvez este último não externa todo o seu potencial somente por timidez, querendo exatamente falar de sentimentos complexos. Mas também no caso em que, por exemplo, o caranguejo não estivesse entre as espécies de primeira classe se poderia perguntar: não seria injusta discriminação? Por que o macaco sim e a galinha não? Somente porque é mais estúpida? Não seria este, ainda mais, um motivo para protegê-la? Não se diz que o grau de civilização de uma pais se mede em base a sua capacidade de proteger os últimos?

E depois estes critérios excluiriam algumas pessoas-humanas: observe os deficientes mentais, as pessoas acometidas de doenças neurodegenerativas, os recém-nascidos. Na realidade, nada de novo sob o sol. Existem biotecistas por aí que usaram estes mesmos critérios para registrar a patente de pessoa somente a alguns seres humanos, eliminando os outros do grupo dos eleitos.

Segunda reflexão: esta lei prova que o homem é considerado menos que uma foca. Exatamente porque o nascituro não demonstra capacidade intelectiva elevada e sentimentos complexos, o guaxinim é titular do direito à vida, mas o feto humano não. Assim também o recém-nascido deficiente pode ser submetido à eutanásia – veja os casos de crônicas acontecidos no reino Unido – mas o gambá não.

Prosseguimos: a proposta de lei fala de direito dos animais a não sofrer. E, portanto nos vem o pensamento de que estes estão muito melhor que nós, dado que semelhante direito não se encontra em nenhuma constituição ou código civil. É melhor uma vida de cachorro que de humano, seria a conclusão. O direito aos alimentos recorda aquele que o cônjuge separado deve ao outro cônjuge, mas é somente uma curiosa analogia. Interessante ao invés é que os animais não poderão ser adquiridos e vendidos, mas somente doados. Evidentemente de agora em diante deverão ser o gatinho e o cachorrinho a escolher livremente se querem ou não ficar conosco, se ninguém decide de presenteá-los. Entre outras coisas, se são pessoas não deveriam nem sequer ser feitos objeto de doação. Mas talvez neste caso prevaleceu a lição proveniente da prática da barriga de aluguel onde a criança é doada (não é verdade) ao casal que pediu.

Enfim, a proibição de ter estes animais presos abrirá a cenários bizarros:  destruídos o canil no jardim, os estábulos, as gaiolas, os aquários porque são lugares ilegítimos de detenção, o que acontecerá? Acontecerá que os cães, as vacas, as ovelhas, os porcos, os passarinhos, os répteis e os peixes deverão ou ser hospedados em casa ou, se não possível (um golfinho na banheira é incômodo manter e o porco na sala é problemático dado que é notório que tenha conflitos não resolvidos com o sabão), deverão ser liberados na natureza. Além do mais, um cavalo não poderá mais ser selado ou um cachorro mantido na coleira ou com focinheira porque nenhuma pessoa deve ser usada. A pessoa é sempre fim, jamais meio.

Ao ler todo este catálogo de direitos vem depois a pergunta: e os deveres? Sendo pessoas, que assumam também alguma obrigação. Ao invés nada, porque estes animais não humanos são considerados como pessoas incapazes, portanto não livres, necessitadas de tudo, mas imunes de qualquer dever.

 Esta proposta, que se inspira na Declaração universal dos direitos dos animais da Unesco de 1978, cristaliza em modo límpido um processo revolucionário em curso pelo menos há séculos. No humanismo Deus foi retirado do centro do universo e no seu lugar foi colocado o homem. Agora toca ao homem, ultrapassado pelos animais. É em fundo o princípio inspirador do ambientalismo. Amanhã serão as plantas a retirar o cetro dos animais e enfim as coisas, como os robôs. Em suma, se trata de um projeto realmente diabólico: Satanás não pode inventar realidades que não existem, mas pode virar de cabeça para baixo a ordem natural das coisas, inverter uma hierarquia de valores escrita na criação. Daqui o número que é referido ao diabo: 666, três vezes o nove, ou seja, o cubo do número da perfeição, de cabeça para baixo. Coincidentemente se chama o número da besta.

  

Fonte: Animali 'persone' non umane: la rivoluzione avanza - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

segunda-feira, 26 de julho de 2021

ENTRE fogueiras de hoje e história: Canadá e escolas para indígenas, a Igreja bode expiatório

Luca Marcolivio

Umas vinte igrejas, muitas católicas, queimadas ou vandalizadas no Canadá depois da descoberta de túmulos anônimos de crianças. Na origem existe o papel nas escolas residenciais desejadas pelo governo desde o XIX século para a assimilação dos indígenas canadenses, freqüentemente mortos, em carência de ajuda, por doenças e fome. E hoje Trudeau ataca a Igreja, procurando fazer esquecer as culpas do Estado.

 


No Canadá está se consumando um confronto epocal entre Estado e Igreja. Entre fossas comuns que vieram à luz e igrejas queimadas, como frequentemente acontece, a verdade é escondida entre as dobras da História.

Já no final de maio, 215 restos de crianças nativas americanas tinham sido encontrados sepultados em uma fossa comum no terreno pertencente a uma antiga escola católica de Kamloops, na Columbia Britânica. A escola era um dos tantos colégios instituídos no XIX século para a educação dos pequenos nativos. Sabendo da notícia, durante o Ângelus de 7 de junho passado, papa Francisco tinha expresso a própria aproximação à comunidade católica e a todo o povo canadense traumatizado pela notícia chocante. O Pontífice tinha pedido que fosse esclarecido um fato que aumenta ulteriormente a consciência das dores e dos sofrimentos do passado.

 


Na Jornada Nacional das Populações Indígenas, celebradas no Canadá no dia 21 de junho passado, duas igrejas foram incendiadas. No espaço de um mês, aconteceram uns vinte incidentes aconteceram como incêndios e graves atos de vandalismo contra as igrejas, em grande parte católicas. Pelo menos dois dos episódios foram qualificados pela polícia canadense como possíveis incêndios dolosos. Não existe prova, pelo menos pelo momento, de um nexo de causalidade entre os dois fenômenos, especialmente porque o sudoeste do país foi atingido por uma onda de calor sem precedentes. Inverossímil, porém, pensar que as altíssimas temperaturas possam ter provocado também incêndios nos lugares de culto.

A segunda e mais relevante descoberta aconteceu em 23 de junho, junto ao ex Marieval Indian Residential School, na província do Saskatchewan. Não fossas comuns, mas 751 tumbas anônimas. A anunciar foi Cadmus Delorme, chefe da comunidade Cowessess. A notícia que centenas de tumbas sem nome foram encontradas na Cowessess First Nation é absolutamente trágica, mas não surpreendente, tinha twitado Perry Bellegarde, chefe nacional da Assembléia das Primeiras Nações.

Os representantes das mesmas Primeiras Nações esperam as desculpas formais da Igreja católica pelo papel que teve no sistema de escolas residenciais preparado naquele tempo pelo governo canadense. O genocídio cultural foi reconhecido em 2015 pela Comissão pela Verdade e reconciliação, segundo a qual se estima que seriam cerca de 6000 crianças mortas nestas escolas. Os pequenos alunos das escolas católicas ou de outras denominações cristãs, afirmam os acusadores, eram mantidos em condições higiênico-sanitárias assustadoras, maltratados, sujeitos à inculturação forçada e às vezes abusados.

O primeiro ministro canadense Justin Trudeau, desde o momento de sua posse, em 2015, acelerou o processo de investigação e deu impulso a uma série de iniciativas comemorativas pelas vítimas. Foi ainda Trudeau quem fez um pedido de desculpas formais por parte de Papa Francisco. Com o Pontífice, o primeiro ministro canadense disse ter falado pessoalmente, insistindo sobre o quanto seja importante não somente que peça desculpas, mas que o faça com os indígenas canadenses em solo canadense. Sei que o líder da Igreja Católica – acrescentou Trudeau – está explorando muito ativamente quais os passos que podem ser cumpridos.

Na realidade, alguns pedidos de perdão já chegaram, sem ordem particular, nos últimos trinta anos. Os primeiros a pedir desculpas da parte católica, em março de 1991, foram os bispos da Conferência episcopal e os superiores das ordens religiosas que tinham participado das escolas residenciais; depois, em julho do mesmo ano, foram as desculpas específicas dos Oblatos de Maria Imaculada, que tinham administrado a mencionada escola de Kamloops até 1969. Em 2009, também, o papa Bento XVI expressou “a sua dor pela angústia causada pela conduta deplorável de alguns membros da Igreja no Canadá. Depois das descobertas das últimas semanas, o arcebispo de Vancouver, monsenhor Michael Miller, se desculpou sinceramente e profundamente com os sobrevividos e as suas famílias, bem como com todas as pessoas sucessivamente atingidas, pela angústia causada pela conduta deplorável daqueles católicos que perpetraram maus-tratos de qualquer tipo nestas escolas residenciais. O prelado acusou a política colonialista que no passado provocou devastações a crianças, famílias e comunidades.

No entanto, um passo concreto em direção à reconciliação poderá ser o encontro entre o papa Francisco e as comunidades indígenas canadenses, programado para os dias entre 17 e 20 de dezembro.  A Conferência episcopal do Canadá participará do encontro no Vaticano, junto a representantes das Primeiras Nações, Métis e Inuit. Louvando o esforço do Pontífice em escutar as populações indígenas e a responder aos seus sofrimentos, os prelados expressaram a sincera esperança que estes próximos encontros portem a um futuro compartilhado de paz e harmonia entre os povos indígenas e a Igreja católica no Canadá.

Mas, é realmente somente a Igreja a ter que pedir perdão? A realidade dos fatos é, como acenado, mais complexa. As escolas das fossas comuns e dos cemitérios de massa não são escolas católicas qualquer, mas eram denominadas escolas de assimilação: a partir de 1863, os institutos, mantidos pelos católicos  ou membros de outras confissões cristãs, foram destinados a inculturação de cerca de, aproximadamente, 150.000 crianças indígenas no total. Boa parte dos pequenos alunos foi retirada das famílias, em nome de um projeto de molde colonialista, cujo primeiro impulso, porém, foi do governo canadense. Dezesseis dioceses participaram do projeto e, e a um certo ponto, cerca de 60-70% das escolas de assimilação eram católicas.

A última escola residencial foi fechada definitivamente em 1998. Por quanto possam ter acontecido episódios de violência direta, segundo algumas reconstruções, muitas crianças morreram de fome, de frio ou de doenças, por culpa da ineficiência do governo, que não fornecia suficientes auxílios às escolas.

Enquanto isso, no mês passado Trudeau reafirmou que aceitou a conclusão de uma investigação segundo a qual o Canadá teria cometido um genocídio cultural contra as populações indígenas. Não obstante a promessa de uma reconciliação em relação aos autóctones, nos primeiros anos de seu mandato, Trudeau gastou quase 100 milhões de dólares para desafiar em tribunal as Primeiras Nações. Salvo depois por projetar toda a culpa do genocídio cultural sobre a Igreja, quando, na realidade, as escolas incriminadas foram envolvidas em um projeto de matriz eminentemente governativa, financiado pelo estado canadense.

Também na Igreja, em todo caso, existe quem rejeita de dar uma de bode expiatório. O mesmo presidente da Conferência episcopal canadense, monsenhor Richard Gagnon, arcebispo de Winnipeg, em uma recente homilia, disse sem rodeios: Existe uma perseguição em curso. Segundo Gagnon, o papel da Igreja, neste acontecimento, teria sido turvado por numerosos exageros e idéias falsas. Afirmações que, como era previsível, suscitaram um vespeiro de polêmicas, em particular entre as comunidades nativas.

Uma história muito triste, em que, no banco dos acusados permanece sempre e somente um sujeito: a Igreja. Sobre a responsabilidade do Estado existe ainda silêncio ensurdecedor.

 

Fonte: Canada e scuole per indigeni, la Chiesa capro espiatorio - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Por que devemos querer bem a nós mesmos? Porque Deus nos ama!

 


 Corrado Gnerre

Você recorda o caso do DJ Fabo? Aquele que decidiu ir morrer em uma clínica da Suíça porque tinha ficado imobilizado por conseqüência de um ancidente de estrada. Pois é, a sua namorada, Valéria Imbroglio, comunicou, nos dias em que toda a Itália discutia sua escolha como jovem, a sua relação com a religiosidade oriental e também com certas correntes esotéricas. Contudo, os dois jovens, antes do acidente, tinham por quase cinco anos vivido na Índia seguindo um santo local.

Um dado como este não é, de fato, irrelevante e explicaremos o porquê.

Não cansaremos jamais de dizer (contudo o ponto fundamental sobre o qual se fundamenta o Terzo Sentiero de Il Cammino dei Tre Sentieri): somente o Cristianismo oferece uma autêntica resposta ao mistério do sofrimento. Por um motivo muito simples: porque somente o Cristianismo anuncia um Deus que quis livremente sofrer e que com o sofrimento “consertou” tudo.

Pode parecer uma particularidade quase insignificante, ao invés isto é tudo e é a resposta para tudo. Saber que Deus salvou sofrendo, quer dizer não somente convencer-se que o sofrimento é a estrada mestra, mas também que quem sofre se torna em certo modo um “privilegiado”, porque ainda mais pode conformar-se Àquele que e o alfa e o ômega de tudo, Cristo.

É por isto que quando o Cristianismo se introduziu na História, também a mudou radicalmente.

Bastaria pensar qual fosse o juízo sobre o sofrimento no mundo antigo. Com o Cristianismo, ao invés, se realiza uma mudança radical: existe o convite a freqüentar a escola do sofrimento. Os doentes, de rejeitados e de “material descartável”, se tornam ícones de Cristo Crucificado. Nascem finalmente os hospitais, ali onde quem sofre é acolhido e cuidado; ali onde se faz compreender que ele é uma “graça”, a fim de que, acolhendo e cuidando dele, os sadios possam exercitar as virtudes necessárias para a salvação.

Enquanto a Cruz não apareceu na história, o sofrimento é algo a ser distanciado e exorcizado.

Mas, depois, a história decidiu novamente remover a Cruz. Ficaram os hospitais, ficaram as belas palavras para s sofredores, mas o sofrimento se tornou um peso terrificante, impossível de carregar.

E no caso da assim chamada “espiritualidade oriental” a questão se agrava, porque não somente esta não possui uma adequada resposta ao sofrimento, mas, habituada a ver no corpo um limite, odeia profundamente o sofrimento. Já o corpo sadio é algo do qual libertar-se o quanto antes (pensemos na moksha hinduísta), imagine o corpo atingido pela doença.

Não por acaso a namorada do DJ Fabo frequentemente falava de “liberdade”: Fábio vai a Suiça para “libertar-se”. E depois da morte: Agora finalmente Fábio está “livre”.

Quando a Cruz não existe, se perde tudo.

Perde-se também a capacidade de se amar. Sim, porque aceitar o sofrimento sempre e de qualquer maneira, quer dizer amar-se. Enquanto rejeitar o próprio – também terrível – destino, quer dizer negar-se, destruir-se, porque o próprio pensamento já não coincide com o próprio ser e com o próprio lugar.

O lugar... mas o que tem a ver o lugar? Tem muito a ver. O lugar é o reconhecer onde se está. E, para que isto aconteça, é preciso apaixonar-se ao que está acontecendo na própria vida, sempre e de qualquer maneira... invocando de Deus a ajuda para enamorar-se do que se é e onde se está.

São Bernardo de Claraval em uma sua importante obra, De diligendo Deo, fala de quatro graus de amor: 1) O amor que o homem tem por si mesmo. 2) O amor a Deus não ainda por Deus mesmo, mas por si. 3) O amor a Deus não mais por si mesmo, e nem mesmo pelo próximo, mas somente por Deus. 4) O amor do homem a si mesmo mas somente por Deus.

Interessante. São Bernardo diz que o último grau de amor contempla ainda o amor a si mesmo, mas sublimado e, sobretudo motivado pela Presença e pela Vontade de Deus.

Em suma, se Deus nos quer, também nós devemos querer bem a nós. Se Deus nos ama também nós devemos nos amar.

Também por isto se torna chave de tudo a Cruz.

Diz-se justamente: não existe posto sobre a face da terra onde o homem possa encontrar a paz, se não aos pés de uma Cruz.

 

Fonte: Perché dobbiamo voler bene a noi stessi? Perché Dio ci ama! – Il Cammino dei Tre Sentieri

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Seja para nós modelo o modo como Dom Bosco se comportou durante a epidemia de cólera de 1854

 


 Maria Bigazzi

Entre 1854 e 1855, na Itália, começa a se espalhar uma doença que levará à morte milhares de pessoas: a cólera.

Em 1854, também a cidade de Turim é atingida por esta doença. Dom Bosco tinha sido advertido antecipadamente por graça divina que logo se espalharia também em sua cidade e faria lá um grande estrago.

O santo preparou os rapazes do oratório dizendo-lhes: “Estejam tranqüilos: se fizerem o que lhes digo, serão salvos daquele flagelo. – O que devemos fazer? – lhe perguntaram os jovens. – Antes de tudo, viver na graça de Deus; levar no pescoço a medalha de Maria Santíssima que eu abençoarei e darei a cada um e a este fim recitar todos os dias um Pater, Ave e um Gloria com o Oremus de São Luiz e a jaculatória: Ab omni malo libera nos, Domine - .

Quando chegou a doença, começaram a morrer muitas pessoas. Nos primeiros dias da infecção, os que eram contaminados, morriam. Segundo as estimativas da época, a cada cem casos aconteciam em média sessenta mortes.

O povo vivia em um estado de angústia e desânimo. Cessava o comércio, as lojas foram fechadas, muitas pessoas fugiam por medo. Não se conhecia nenhum remédio para curar a doença.

Com o anúncio dos primeiros casos em Turim, o clero se mostrou logo pronto a ajudar às autoridades civis e a socorrer os doentes.

A própria Câmara Municipal, logo que viu a proximidade do início do flagelo, deu um esplêndido exemplo de piedade. Depois de ter adotado as medidas sanitárias necessárias, implorou o auxílio da Virgem Maria organizando uma celebração religiosa no Santuário de Maria Santíssima Consoladora.

Dom Bosco foi o primeiro a fazer o possível pelos doentes. Ele usou todos os meios possíveis de precaução, fez limpar o local, ajustar outros quartos, diminuir o número de leitos nos dormitórios e melhorar a alimentação, gastando muito para isso.

Mas, não ficou somente com as precauções terrenas. Ele bem sabia que a verdadeira ajuda não poderia vir a não ser de Deus.

Prostrado diante do altar rezava ao Senhor assim: “Meu Deus, atingi o pastor, mas poupai o terno rebanho”; e dirigindo-se à Virgem Maria acrescentava: “Maria, Vós sois mãe amorosa, e potente; preservai-me estes amados filhos, e no momento em que o Senhor quiser uma vítima entre nós, eis-me aqui pronto a morrer, quando e como a Ele agradar”.

No sábado 5 de agosto, festa de Nossa Senhora das Neves, Dom Bosco recolheu os recuperados em torno a si. Anunciando o surgimento do flagelo recomendava a todos sobriedade, temperança, tranqüilidade de espírito e coragem, e junto à confiança em Maria Santíssima, uma boa confissão e a santa Comunhão.

Com estas palavras instruiu aos seus rapazes, confiando-lhes a Deus por meio de Maria: “Causa da morte é sem dúvida o pecado. Se vocês todos estiverem na graça de Deus e não cometerem nenhum pecado mortal, eu asseguro a vocês que nenhum será tocado pela cólera; mas se alguém permanecesse obstinado inimigo de Deus, e, aquilo que é pior, ousasse ofendê-lo gravemente, daquele momento eu não poderei mais garantir nem para ele, nem para nenhum outro da Casa”.

Os jovens acolheram o convite de Dom Bosco e logo se aproximaram dos Sacramentos, levando a partir daquele dia uma conduta exemplar.

Todas as noites, muitos se aproximavam dele para expor suas próprias dúvidas ou manifestar as pequenas faltas que cometeram no dia, e Dom Bosco, como Pai amoroso, não deixava de escutar e confortá-los.

Ele, em primeiro lugar, assistia com heróica abnegação os contaminados.

Nenhum dos rapazes de Dom Bosco, como também ele, adoeceu de cólera, mesmo tendo continuamente contato com os doentes.

Abandonar-se completamente em Deus sem reservas, vencendo todo medo e respeito humano, e colocar-se sob a proteção da Virgem Maria, são os principais remédios para enfrentar qualquer acontecimento nefasto.

Dom Bosco indicou aos seus rapazes a Confissão e a Comunhão como as armas mais fortes e os verdadeiros instrumentos de proteção.

A Eucaristia, de fato, é o único verdadeiro Remédio pára a alma que preserva seja das doenças espirituais que das doenças corporais, o verdadeiro e único Nutrimento para vencer o mal e se tornar uma coisa só com Cristo.

Jesus ensina que se tivermos “fé do tamanho de um grão de mostarda, poderemos dizer a este monte: levanta-te daqui e vai para lá, e ele se movimentará, e nada nos será impossível” (Mt 17,20).

Assim, com plena confiança em Deus, imploremos o Seu auxílio e a cura para o mundo de toda doença espiritual e corporal, em particular desta que neste momento nos está afligindo, sem jamais renunciar a Ele e aos Sacramentos por temor ou negligência.

 

Fonte: Ci sia da guida come don Bosco si comportò durante l’epidemia di colera del 1854 – Il Cammino dei Tre Sentieri

sexta-feira, 30 de abril de 2021

UMA VISÃO PRECISA: Assim as políticas anti Covid transformaram a antropologia

 

O covid muda a antropologia. Qual o tipo de homem fazer surgir das políticas anti-Covid? Um indivíduo privado de relações: o médico de base não pode ser consultado, os familiares são potencialmente inimigos. Ainda mais, os confinamentos valem para todos, mesmo se alguém vive em uma cidade ou em uma pequena vila. Trata-se de um homem-massa desencarnado ao qual se deve mudar o modo de trabalhar e aprender, chorar os mortos, rezar. Um homem dirigido por outros, dependente da máquina de saúde e da política, sem consciência, porque esta é perigosa, que fará coincidir a verdade com os dados institucionais, atento ao que deve dizer e a quem.

A visão da epidemia de Covid 19 é no fundo uma visão antropológica. As medidas sociais e de saúde são adotadas à luz de uma concepção de homem. Não acredite que a contaminação que já dura um ano seja irrelevante do ponto de vista antropológico: não se trata somente de um vírus, isso já compreendemos faz tempo. Qual a visão de homem que está na base da narração prevalente e qual homem se quer fazer surgir das ruínas das políticas anti-Covid por parte de quem tem nas mãos as alavancas do poder?

Considerando como andaram as coisas e como estão andando ainda, a visão que eles têm de homem é aquela da modernidade, sem hesitação: o homem é um indivíduo, o vírus atinge os indivíduos, as políticas antivírus se dirigem aos indivíduos e são implementadas por outro Grande Indivíduo, o Estado. Trata-se de um indivíduo não relacionado que, sozinho, está diante da máquina do sistema de saúde que, como disseram muitos desde Faucault a Illich a Jünger, é antes de tudo uma máquina política e somente em segundo lugar de saúde.

A idéia de fundo é que o indivíduo deva depender da máquina de saúde em modo que dependa da máquina política. O indivíduo é visto como privado de reservas, como uma pura unidade numérica nua diante da Grande Máquina gerenciada pelo ministro Esperança. Não há reservas, deve ser guiado, não possui notícias sobre contaminação, os especialistas é que devem dar estas notícias, não sabe para onde ir, é necessário mandar a ambulância e recuperá-lo no hospital, ou seja, dentro da Grande Máquina. Não precisa vaciná-lo para colocar em movimento os anticorpos naturais, precisa vaciná-lo em continuação, para que dependa da vacinação.

Que se trate da visão do homem como indivíduo sem relações, se compreende também pelo fato de que as relações em torno a ele foram eliminadas por motivos higiênicos, mas em fundo por motivos políticos. O médico de base não é consultável, os familiares são potencialmente inimigos, os cuidados em casa não podem ser feitos porque faltam os protocolos, a família foi penalizada e se alguma pequena ajuda econômica foi dada foi somente porque as mães não podiam trabalhar por causa do lockdown  e não pela família enquanto tal: uma compensação às trabalhadoras individuais e não uma ajuda à família. A visão é, portanto aquela de um indivíduo-massa, anônimo e igual a todos os outros. Confinamentos e limitações valiam e valem indiferentemente para todos, se alguém vive em uma cidade de 3 milhões de habitantes ou em uma cidade do interior com 800 almas. As escolas foram fechadas tanto no centro de Milão onde se vai para a escola amassados nos meios de transportes públicos ou em Alonte, pequena cidade no Vicentino, onde para a escola se vai a pé sozinhos ou acompanhados pelas mães. As políticas anti-Covid propuseram um homem-massa desencarnado e a ser desencarnado.

Um homem, então, visto como apêndice passiva do sistema, como indivíduo e como homem-massa. Além disso, também como um homem plasmável. Privado de uma natureza própria e indiscutivelmente humana, mas maleável, plástico, potencialmente mutável como matéria em evolução. Todos os seus hábitos foram colocados de lado, considerando-lhes somente hábitos que se pode mudar segundo o interesse. Entre estes existiam alguns que não eram somente hábitos, mas tinham a ver com a vida humana, aquela verdadeira. Santificar as festas, ir ao encontro dos parentes e amigos doentes, fazer obras de caridade na presença e não à distância, mandar os filhos para a escola... não são somente hábitos intercambiáveis. Querem nos fazer mudar o modo de trabalhar e de aprender, de chorar os mortos e de rezar, de recordar o nosso passado e de casar. Nada será como antes e o slogan da re-criação do homem novo.

À visão do homem plasmável se acompanha aquela do homem dirigido por outros (hétero-dirigido), privado de consciência e de responsabilidade porque perigosas para a saúde pública.  Seremos dotados de muitos novos passes, sejam impressos ou eletrônicos, e se multiplicaram os Green card com o qual o poder guiará nos nossos passos. Deveremos assumir como verdadeiras as pesquisas financiadas por Bill Gates e ser felizes de que o virólogo Amici e o médico Gulsiano tenham sido excluídos de programas de informações da TV pública na Itália. Devemos agir como deus comanda mesmo se comanda coisas absurdas. Faremos coincidir a verdade com os dados institucionais. Deveremos prestar atenção sobre o que dizemos e na presença de quem.

Enfim, a questão mais importante. A antropologia de quem gerencia as políticas anti-Covid é aquela de um homem ateu: indivíduo solitário, plasmável e dirigido por outros (hétero-dirigido) exatamente porque é ateu. Sobretudo temeroso e amedrontado porque é ateu. Com Lourdes e os santuários dedicados a Nossa Senhora da Saúde fechados, os sacerdotes celebrantes com a máscara e o detergente para as mãos, os voluntários dos Policiais entre as navatas das igrejas, poucos espaços foram reservados para o espírito e os ritos religiosos foram substituídos pelos rituais sanitários.

 O homem indivíduo sem relações, terminal passivo do sistema, plasmável pelo poder, homem-massa hetero-dirigido, bloqueado pelo medo induzido, salutarmente ateu. Todas as coisas já ditas por Thomas Hobbes, o pai (desesperado) da política moderna.

 

Fonte: Così le politiche anti Covid hanno cambiato l'antropologia - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

segunda-feira, 12 de abril de 2021

A PEQUENA LI, MÁRTIR DA EUCARISTIA

 


Quando em 1979 Deus chamou a si o seu servo Fulton Sheen, milhões de americanos choraram e se sentiram órfãos. Por muitos anos, em todos os meios de comunicação possíveis, o tinham escutado, fascinados. Dotado de um carisma raríssimo, Mons. Sheen combinava a arte de falar à potência que lhe vinha do Espírito Santo. Alguém o escutava? Sabia então que Deus era vivo, magnífico, desejável. O Bispo Sheen difundia uma tal luz que todas as rádios o disputavam, certas que superariam muito todos os índices de escuta registrados até então. A sua famosa série televisiva “A vida vale a pena de ser vivida” atingia em torno de trinta milhões de telespectadores a cada semana. Este grande arcebispo tinha um segredo (...) que para compreender devemos nos transferir para a China, na época mais dura da repressão comunista, nos anos cinqüenta...

Em uma escola paroquial, as crianças recitam solenemente as suas orações e a Irmã Euphrasie se sente feliz: dois meses antes muitas fizeram a primeira comunhão e a fizeram com seriedade, do profundo do coração. Sorri com a pergunta da pequena Li, de dez a nos: “Por que o Senhor Jesus não nos ensinou a dizer: ‘Dai-nos hoje o nosso arroz quotidiano’?”. As crianças comiam arroz pela manhã, meio-dia e pela noite, como responder a tal pergunta? “É que... pão quer dizer Eucaristia”, tinha respondido a religiosa. É verdade que a irmã Euphrasie brilhava mais pelo seu coração que pela sua teologia! “Tu pedes ao bom Jesus a comunhão quotidiana. Para o teu corpo precisas de arroz. Mas a tua alma, que vale mais que o corpo, tem fome deste pão que é o Pão de Vida!”. No mês de maio, quando Li faz a primeira comunhão, diz a Jesus no seu coração: “Da-me sempre o pão quotidiano, para que a minha alma viva e esteja bem!” Desde então, Li passa a comungar todos os dias. Mas, se dá conta que os “maus” (os sem Deus entre os comunistas) podem a qualquer momento impedi-la de receber Jesus na comunhão. Então reza ardentemente para que isto não aconteça jamais. Bem, um dia eles entraram na classe e no local se dirigiram às crianças: “Dai-nos rapidamente os vossos ídolos!”.  Li sabia bem o que queria dizer isto. As crianças aterrorizadas tiveram que entragar as suas imagens sacras cuidadosamente pintadas. Depois, o comissário retirou o crucifixo da parede com um gesto cheio de cólera, o jogou por terra e o pisoteou gritando: “A nova China não vai tolerar mais estas superstições grosseiras!” A pequena Li, que amava muito a sua imagem do Bom Pastor, procurou escondê-la no corpete, era a imagem da sua primeira comunhão! Uma bofetada retumbante a fez perder o equilíbrio e cair por terra. O comissário chamou o pai da menina e fez de modo a humilhá-lo antes de amarrá-lo com firmeza. Naquele mesmo dia, todos os habitantes do világio capturados pela polícia foram levados até a igreja para um novo tipo de “sermão” dito pelo comissário em gritos, que ridicularizava as missionárias e os “agentes do imperialismo americano”... Depois, com voz ribombante ordenou aos milicianos para destruir o sacrário.

A assembleia prendeu a respiração e rezou ardentemente. Voltado para a multidão o homem gritou: “Veremos agora se o vosso Cristo sabe defender-se. Eis o que faço da vossa ‘presença real’. Truque do Vaticano para aproveitar melhor de vocês!” Assim dizendo, pegou a âmbula e jogou todas as hóstias sobre o piso. Os fiéis, confusos, recuaram sufocando um grito. A pequena Li fica aterrorizada. Oh, o que fizeram do Pão? O seu coraçãozinho reto e inocente começa a sangrar diante das hóstias espalhadas no chão. Não tem ninguém para defender Jesus? O comissário zomba disso, uma risada intercala as suas blasfêmias. Li chora em silêncio. “E agora fora, vão embora!”, grita o comissário, “e ai de quem ousar retornar neste antro de superstições!”. A igreja se esvazia. Mas, além dos anjos adoradores sempre presentes em torno a Jesus Hóstia, uma testemunha se encontra lá e não perde nada da cena que se passa diante dos seus olhos. É padre Luc, das Missões Estrangeiras. Escondido pelos paroquianos em um armário do coro, dispõe de uma janelinha que dá para a igreja. Mergulha em uma oração reparadora e sofre porque não pode mover-se: um gesto da sua parte e os paroquianos, que o esconderam ali, seriam presos por traição. “Senhor Jesus, tende piedade de vós mesmo”,  reza com angústia, “impedi este sacrilégio! Senhor Jesus!” De repente, um rangido rompe o silêncio pesado da Igreja. A porta se abre lentamente. É a pequena Li. Tem apenas dez anos e eis que se aproxima do altar, com os seus pequenos passos. Padre Luc treme por ela: pode ser assassinada a qualquer instante! Mas, não pode se comunicar com ela, pode somente olhar e suplicar a todos os santos do céu para que aquela menina seja poupada. A pequena se prostra e adora em silêncio, como lhe ensinou a irmã Euphrasie. Sabe que é preciso preparar o próprio coração antes de receber Jesus. Com as mãos juntas, dirige uma oração misteriosa ao seu caro Jesus maltratado e abandonado. Depois, Padre Luc vê que se abaixa e, com as mãos e os joelhos por terra, recolhe uma hóstia com a língua. Eis agora de joelhos, com os olhos fechados e dirigidos para dentro de si em direção ao seu visitante celeste. Cada segundo é por demais pesado, padre Luc teme o pior... se somente pudesse falar! Mas, a menina vai saindo lentamente como tinha chegado, quase saltando.

Os “expurgos” continuam e a brigada móvel dos serviços de ordem patrulha todo o világio e os arredores. Aquela é a sorte da “Nova China”. Entre os agricultores, nenhum ousa se mover. Relegados em suas cabanas de bambu, ignoram todo o futuro. Ainda assim a nossa pequena Li escapa para reencontrar o seu Pão Vivo na Igreja e, reproduzindo exatamente a cena do primeiro dia, pega uma hóstia com a língua e desaparece. Padre Luc morde o freio. Por que não pega todas elas? Ele sabe o número das hóstias: trinta e duas. Li não sabe que pode recolher todas ao mesmo tempo?

Não, não sabe. A irmã Euphrasie tinha sido muito clara: “Uma única hóstia a cada dia é suficiente. E não se toca a hóstia, se recebe sobre a língua!”. A pequena se conforma com as regras. Um dia resta somente uma hóstia. Pela manhã, a menina entra como de costume na igreja e se aproxima do altar. Ajoelha-se e reza perto da hóstia. Então, padre Luc sufoca um grito. Um miliciano, em pé no vão da porta, aponta o revólver. Escuta-se somente um tiro seco, seguido de uma risada alta. A menina se agaixa logo. Padre Luc crê que está morta, mas não, vê que rasteja com dficuldade em direção à hóstia e pressiona a boca sobre ela. Alguns movimentos convulsivos, seguido do relaxamento. A pequena Li morreu. Salvou todas as hóstias!

(A história é narrada em Les voleurs de Dieu, de Maria Winowska, colaboradora de Karol Wojtila antes da sua elevação ao trono de Pedro).

Dois meses antes de morrer, com a idade de oitenta e quatro anos, Mons. Fulton Sheen revelou enfim o seu segredo ao grande público, durante uma entrevista em uma cadeia internacional de televisão. Sua Excelência – lhe perguntou o jornalista – o senhor inspirou milhões de pessoas em todo o mundo, mas o senhor, de quem teve inspiração? De um papa? Não foi um papa – respondeu – nem um cardeal, nem um outro bispo. Nem mesmo um sacerdote ou uma religiosa! Inspirou-me uma pequena chinesa de dez anos. Então Mons. Sheen contou a história da pequena Li. Entregava assim o seu testamento íntimo. O amor daquela menina por Jesus na Eucaristia o atingiu, o tinha de tal modo impressionado que no dia em que a descobriu fez esta promessa ao Senhor: em cada dia de sua vida, qualquer coisa que acontecesse, faria uma hora de adoração diante do Santíssimo Sacramento. E então, não somente o Mons. Sheen manteve a promessa, mas jamais perdeu uma ocasião para promover o amor por Jesus na Eucaristia. Sem cansar-se, convidava os fiéis a fazer a cada dia “uma hora santa” diante do Santíssimo Sacramento. Para ele, não havia dúvidas: aquela menina desconhecida e pobre das profundezas da China era a centelha que tinha permitido a imensa fecundidade do seu apostolado. Naquele dia, diante das telas de televisão, toda a América compreendeu que os milhões de corações tocados por este grande pregador – era ela, a pequena LI! As inumeráveis conversões obtidas por aquele gigante mediático – era ela e o seu coraçãozinho puro! Aqueles milhões de adoradores “colocados” diante do Santíssimo sacramento por aquele bispo santo – era ela e as suas trinta e duas visitas heróicas a Jesus jogado por terra! Aquele florescer de consagrações e vocações suscitadas pelo mais popular prelado americano – era ela, a pequena mártir chinesa, e as suas núpcias de sangue com o Cordeiro.

Cara pequena Li, se ti dediquei este livro é porque és a minha heroína preferida. Mas, te confesso, tenho outra razão mais interessada: não terminastes o teu trabalho! Abre os olhos e vê, as hóstias que estão hoje no chão não são mais trinta e duas, mas milhares, milhões. A cada dia se dispara contra Jesus, se ri dele, pisam sobre ele. O número de seitas que profanam a Eucaristia vai crescendo. Todo domingo, em quase todas as paróquias, certos fiéis comungam enquanto vivem em graves pecados, aqueles que a Bíblia chama “abomínios” e que provocam a morte da alma. Jesus jamais foi tão torturado, pequena Li. Sem contar a indiferença de tantos dos seus “escolhidos, tantas vezes engolfados pelos assuntos do mundo e inconscientes do imenso amor com o qual são amados. Na França, quantos sacrários são abandonados, empoeirados! Na Anérica, frequentemente se relega o sacrário em um canto da igreja, senão até mesmo na sacristia. Tantas vezes são retirados até mesmo os ginuflexórios e, ai de quem ousa colocar-se de joelhos durante a consagração: é mau visto, corre o risco de ser excluído.

No catecismo não encontramos mais pessoas como a irmã Euphrasie, frequentemente as crianças são poucos preparadas para conhecer e amar Jesus. Nas famílias, são raros os pais que falam abertamente de Jesus como do seu grande amigo. Pelo contrário, o ignoram e, as crianças pensam que Deus não exista e se perdem no ateísmo. Poderia continuar assim por muito tempo, mas do alto do Céu, vês de modo melhor tudo isso. Não terminastes o teu trabalho, pequena Li. Para dizer a verdade, durante o teu martírio na China, somente o iniciavas. Vens ajudar-nos! Como te colocastes ao lado do bispo Sheen, vens colocar-te ao lado de cada sacerdote, de cada bispo, de cada ministro ordenado e de cada cristão. Comunicas a nós o teu amor puro a Jesus. O amor radical e terno do teu coração inocente.

 

(Tirado do livro “Il bambino nascosto di Medjugorje”, de Irmã Emmanuel Maillard,
Editrice Shalom)

 

Fonte: In Corde Regis: LA PICCOLA LI MARTIRE DELL’EUCARISTIA