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sexta-feira, 26 de março de 2021

Tempo de Covid, tempo de stress. Como manter a saúde mental e da alma?

Aldo Maria Valli

Como permanecer mentalmente e espiritualmente sadios neste período marcado pela Covid?

A pergunta interessa a todos. O stress causado pela pandemia já teve um pesado impacto na saúde mental e espiritual. E pelo fato de que a luz no fundo do túnel ainda parece distante existe o risco concreto que tensão psicofísica e nervosismo que possam levar a verdadeiras e próprias patologias. Portanto, quais as respostas? E quais os comportamentos a assumir enquanto católicos?

Em uma entrevista ao National Catholic Register o psicólogo católico Kevin Vost, estudioso de Santo Tomás de Aquino e autor de numerosos livros, explica que ânsia e solidão são os dois grandes problemas, evidentemente conexos. Se já antes da pandemia a solidão tinha todas as características de uma doença difundida, agora, com os lockdown e o distanciamento social, a situação é ainda mais crítica e as pessoas em risco de depressão aumentam.

Sob o perfil espiritual, um dos perigos maiores está no pecado de acídia, um sentido de geral apatia espiritual. A palavra acídia vem do grego e significa negligência, indiferença, falta de cuidado e interesse. A acídia se manifesta com um estado de abatimento, desânimo, prostração e de cansaço diante da própria vida. Um estado de cansaço interior que, se não interceptado e combatido, corre o risco de atingir a pessoa.

Do ponto de vista religioso, “se as pessoas perdem o hábito de ir à missa e receber os sacramentos (o que, dependendo de onde se vive, pode ser devido a restrições legais ou aos próprios medos de contrair o Covid), existe o risco que as preocupações mundanas substituam lentamente a Deus”. Deste modo, a relação com Deus sai da perspectiva da pessoa.

É premissa que a saúde mental e aquela espiritual – explica Vost – frequentemente estão estreitamente entrelaçadas, mesmo se podem existir distinções muito importantes, podemos dizer que existe saúde mental quando os pensamentos, as emoções e os comportamentos estão em linha com a justa razão, em contato com a realidade, em modo tal que consinta viver plenamente as nossas vidas, cumprindo os nossos papéis e deveres em modo eficaz, sem indevidos sofrimentos. Naquilo que se refere à saúde espiritual, pode ser vista como a medida em que dirigimos as nossas capacidades mentais e a nossa condição física, em qualquer estado se encontrem, em direção ao amor de Deus e ao cumprimento da sua vontade e dos seus mandamentos.

Muitos estudos demonstram que quem possui uma fé religiosa mais forte e práticas religiosas mais ativas, em geral, tende a ter também uma melhor saúde mental.

Os distúrbios mentais, prossegue o psicólogo, podem derivar de muitas causas e frequentemente derivam de interações entre as predisposições genéticas de uma pessoa e particulares situações estressantes. Portanto, somente porque uma pessoa sofre de um distúrbio mental não significa necessariamente que seja espiritualmente apática. Uma pessoa que se sente pra baixo ou sob pressão não chega automaticamente a dizer “me distanciei de Deus”. Não obstante atravesse um momento de dificuldade, uma pessoa que confia e espera em Deus pode sair também de um episódio de forte depressão. Depois de tê-lo suportado, pode ressurgir com renovada esperança e maior compaixão para com outras pessoas que sofrem.

Mas, como enfrentar, concretamente, a situação em que nos encontramos?

Os efeitos da pandemia variam de pessoa para pessoa, mas existe um dado comum: temos mais tempo a nossa disposição, porque tantas coisas que fazíamos agora não podemos mais fazer. Esta é uma oportunidade concreta para ser um pouco menos como Marta e um pouco mais como Maria (Lc 10, 38-42). Menos comprometidos, temos mais tempo para refletir, para concentrar-nos na coisas de Deus. É uma oportunidade. Podemos perguntar-nos: o que é verdadeiramente importante para mim? Posso usar este tempo e esta situação para aproximar-me de Deus? Como posso utilizar este tempo e esta experiência para desacelerar, concentrar-me no que conta, e depois manter estes hábitos e persistir quando as restrições terminarem?

Sobre a oração e a vida espiritual, é bom criar um esquema, um hábito. Se antes não se tinha tempo, agora é possível encontrar algum espaço para uma leitura espiritual, para a oração e a meditação. A solidão frequentemente faz sofrer, mas não esqueçamos que muitos grandes santos se tornaram mais fortes na fé exatamente atravessando períodos de solidão. Quando somos menos distraídos pelo mundo, podemos talvez estar em uma forma melhor para escutar a voz de Deus.

 Sobre a polarização que se criou também entre os amigos e com os próprios familiares, o psicólogo explica: “o fenômeno se difundiu por toda parte. Nos últimos anos falamos de uma crescente polarização política, e agora a vemos no modo em que muitas pessoas reagem ao Covid. Alguns não tomam praticamente precauções ou fazem quase de conta que o vírus não exista; outros vivem como prisioneiros, com um modo que vai bem além do que é solicitado pela prudência. Se espera que entre os dois opostos se encontrem muitas pessoas, mas certamente a possibilidade do conflito existe, é real. O vemos nas famílias, nas paróquias, nas dioceses”.

Que fazer a respeito disso? Uma coisa que se deve ter em mente é que as pessoas que reagem ao Covid em modo diferente do nosso possuem motivações. Não devem ser demonizadas, não devemos torná-las inimigas ou falar mal delas pelas costas. É bom concentrar-se sobre nós, sobre nossas famílias, mais que olhar o que fazem os outros. Se nos damos conta que alguém, segundo nós, erra, podemos aplicar o princípio da correção fraterna e rezar por estas pessoas. Sem jamais esquecer que estamos todos procurando fazer a coisa certa. Portanto, certamente, não queremos tratar-nos uns aos outros em modo odioso ou desrespeitoso enquanto procuramos retirar o melhor desta situação.

A pandemia está tendo conseqüências também na vida das crianças. Como devem se comportar os pais católicos para manter os seus filhos mentalmente e espiritualmente sadios?

“Obviamente existem diferenças segundo a idade das crianças e da situação familiar. Uma das coisas melhores que os pais podem fazer é, apesar das dificuldades, evitar lamentações e procurar não transmitir aos filhos um senso de preocupação e perigo. Se, pelo contrário, mostramos a eles que existem ainda alegrias a obter na vida, que podemos ainda amar o nosso tempo a transcorrer juntos, que Deus está ainda sempre ali conosco, tudo isso os ajudará muito. Algumas crianças podem ter medo muito exagerado do próprio risco de mortalidade por Covid. A American Academy of Pedriatics há pouco apresentou um estudo que mostra que, graças a Deus, o número de mortos por Covid entre crianças é extremamente reduzido em relação aos adultos. Dez Estados americanos registram zero mortos entre os menores. Um outro artigo recente, na revista Time, mostrou que em trinta e oito países de todo o mundo entre os menores de quinze anos existiram menos mortos em relação aos anos precedentes. Podemos fazer com que os nossos filhos compreendam que o problema é sério, que as restrições devem ser seguidas para o nosso bem e para o dos nossos caros, mas que, ao mesmo tempo, não estamos diante de algo que justifique uma vida aterrorizada. Um dia, naturalmente a morte chegará para todos nós. Nenhum de nós sabe quando, mas Deus está sempre ali a vigiar sobre nós”.

Outra coisa que os pais podem fazer, se possuem mais tempo livre, é desfrutar deste tempo com seu filhos procurando ocupar-se em atividades comuns, talvez também fixando um objetivo para diminuir o tempo transcorrido diante da tela do PC, tablet e smartphone e aumentando aquele dedicado a conversar, a jogar.

Os idosos representam a categoria mais exposta ao risco, não somente para Covid, mas também para a epidemia de solidão que estava já acontecendo antes. O que fazer? Em certos casos se encontram em casas para idosos às quais não podem ser visitadas. Em outros casos, vivem em suas casas, mas, por razão de prudência, é melhor não visitá-los. Podemos então fazer uma chamada por telefone todos os dias. Caso eles saibam usar a internet, podemos usar estes instrumentos para ter uma interação a distância. O importante é demonstrar a eles que são importantes para nós, que não os esquecemos.

“Recordo – diz o psicólogo – que há alguns anos, quando existiam ainda os antigos telefones pregados nas paredes, pela noite, depois do jantar, enquanto lavava os pratos, chamava minha mãe e, para ela aquele contato quotidiano era importante. A pergunta é: dentro do que é permitido de fazer, como  podemos chegar àqueles familiares que agora são mais desconectados que nunca?”.

Para concluir, explica Vost, é bom recordar que a efetiva virtude teologal da esperança é a esperança que alcançaremos o Paraíso, que um dia estaremos ali em beatitude com Deus e que Deus nos dará todas as graças, todas as respostas de que temos necessidade. Tenhamos em mente: Deus está ali por nós. Portanto também em tempo de luta, as graças estão disponíveis, estão ali. Talvez é um daqueles ensinamentos difíceis, não é uma pílula fácil de engolir, mas é bom pensar nas primeiras palavras da carta de Tiago (1, 2-4): “Considerai perfeita alegria, meus irmãos, quando tiverdes de suportar todo tipo de provas, sabendo que a vossa fé, colocada à prova, produz paciência. E a paciência completa em vós a sua obra, para que sejais perfeitos e íntegros, sem faltar nada”. Quando enfrentamos as dificuldades, existe uma finalidade. Deus nos deu a graça da qual precisamos para suportá-las, e destas sairmos mais fortes”.

 

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O artigo é inspirado no original, Timely Tips for Staying Mentally and Spiritually Healthy in Covid Times, de Peter Jesserer Smith

 

Fonte: https://www.aldomariavalli.it/2021/03/08/tempo-di-covid-tempo-di-stress-come-mantenere-la-salute-mentale-e-dellanima/