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sexta-feira, 30 de abril de 2021

UMA VISÃO PRECISA: Assim as políticas anti Covid transformaram a antropologia

 

O covid muda a antropologia. Qual o tipo de homem fazer surgir das políticas anti-Covid? Um indivíduo privado de relações: o médico de base não pode ser consultado, os familiares são potencialmente inimigos. Ainda mais, os confinamentos valem para todos, mesmo se alguém vive em uma cidade ou em uma pequena vila. Trata-se de um homem-massa desencarnado ao qual se deve mudar o modo de trabalhar e aprender, chorar os mortos, rezar. Um homem dirigido por outros, dependente da máquina de saúde e da política, sem consciência, porque esta é perigosa, que fará coincidir a verdade com os dados institucionais, atento ao que deve dizer e a quem.

A visão da epidemia de Covid 19 é no fundo uma visão antropológica. As medidas sociais e de saúde são adotadas à luz de uma concepção de homem. Não acredite que a contaminação que já dura um ano seja irrelevante do ponto de vista antropológico: não se trata somente de um vírus, isso já compreendemos faz tempo. Qual a visão de homem que está na base da narração prevalente e qual homem se quer fazer surgir das ruínas das políticas anti-Covid por parte de quem tem nas mãos as alavancas do poder?

Considerando como andaram as coisas e como estão andando ainda, a visão que eles têm de homem é aquela da modernidade, sem hesitação: o homem é um indivíduo, o vírus atinge os indivíduos, as políticas antivírus se dirigem aos indivíduos e são implementadas por outro Grande Indivíduo, o Estado. Trata-se de um indivíduo não relacionado que, sozinho, está diante da máquina do sistema de saúde que, como disseram muitos desde Faucault a Illich a Jünger, é antes de tudo uma máquina política e somente em segundo lugar de saúde.

A idéia de fundo é que o indivíduo deva depender da máquina de saúde em modo que dependa da máquina política. O indivíduo é visto como privado de reservas, como uma pura unidade numérica nua diante da Grande Máquina gerenciada pelo ministro Esperança. Não há reservas, deve ser guiado, não possui notícias sobre contaminação, os especialistas é que devem dar estas notícias, não sabe para onde ir, é necessário mandar a ambulância e recuperá-lo no hospital, ou seja, dentro da Grande Máquina. Não precisa vaciná-lo para colocar em movimento os anticorpos naturais, precisa vaciná-lo em continuação, para que dependa da vacinação.

Que se trate da visão do homem como indivíduo sem relações, se compreende também pelo fato de que as relações em torno a ele foram eliminadas por motivos higiênicos, mas em fundo por motivos políticos. O médico de base não é consultável, os familiares são potencialmente inimigos, os cuidados em casa não podem ser feitos porque faltam os protocolos, a família foi penalizada e se alguma pequena ajuda econômica foi dada foi somente porque as mães não podiam trabalhar por causa do lockdown  e não pela família enquanto tal: uma compensação às trabalhadoras individuais e não uma ajuda à família. A visão é, portanto aquela de um indivíduo-massa, anônimo e igual a todos os outros. Confinamentos e limitações valiam e valem indiferentemente para todos, se alguém vive em uma cidade de 3 milhões de habitantes ou em uma cidade do interior com 800 almas. As escolas foram fechadas tanto no centro de Milão onde se vai para a escola amassados nos meios de transportes públicos ou em Alonte, pequena cidade no Vicentino, onde para a escola se vai a pé sozinhos ou acompanhados pelas mães. As políticas anti-Covid propuseram um homem-massa desencarnado e a ser desencarnado.

Um homem, então, visto como apêndice passiva do sistema, como indivíduo e como homem-massa. Além disso, também como um homem plasmável. Privado de uma natureza própria e indiscutivelmente humana, mas maleável, plástico, potencialmente mutável como matéria em evolução. Todos os seus hábitos foram colocados de lado, considerando-lhes somente hábitos que se pode mudar segundo o interesse. Entre estes existiam alguns que não eram somente hábitos, mas tinham a ver com a vida humana, aquela verdadeira. Santificar as festas, ir ao encontro dos parentes e amigos doentes, fazer obras de caridade na presença e não à distância, mandar os filhos para a escola... não são somente hábitos intercambiáveis. Querem nos fazer mudar o modo de trabalhar e de aprender, de chorar os mortos e de rezar, de recordar o nosso passado e de casar. Nada será como antes e o slogan da re-criação do homem novo.

À visão do homem plasmável se acompanha aquela do homem dirigido por outros (hétero-dirigido), privado de consciência e de responsabilidade porque perigosas para a saúde pública.  Seremos dotados de muitos novos passes, sejam impressos ou eletrônicos, e se multiplicaram os Green card com o qual o poder guiará nos nossos passos. Deveremos assumir como verdadeiras as pesquisas financiadas por Bill Gates e ser felizes de que o virólogo Amici e o médico Gulsiano tenham sido excluídos de programas de informações da TV pública na Itália. Devemos agir como deus comanda mesmo se comanda coisas absurdas. Faremos coincidir a verdade com os dados institucionais. Deveremos prestar atenção sobre o que dizemos e na presença de quem.

Enfim, a questão mais importante. A antropologia de quem gerencia as políticas anti-Covid é aquela de um homem ateu: indivíduo solitário, plasmável e dirigido por outros (hétero-dirigido) exatamente porque é ateu. Sobretudo temeroso e amedrontado porque é ateu. Com Lourdes e os santuários dedicados a Nossa Senhora da Saúde fechados, os sacerdotes celebrantes com a máscara e o detergente para as mãos, os voluntários dos Policiais entre as navatas das igrejas, poucos espaços foram reservados para o espírito e os ritos religiosos foram substituídos pelos rituais sanitários.

 O homem indivíduo sem relações, terminal passivo do sistema, plasmável pelo poder, homem-massa hetero-dirigido, bloqueado pelo medo induzido, salutarmente ateu. Todas as coisas já ditas por Thomas Hobbes, o pai (desesperado) da política moderna.

 

Fonte: Così le politiche anti Covid hanno cambiato l'antropologia - La Nuova Bussola Quotidiana (lanuovabq.it)

segunda-feira, 12 de abril de 2021

A PEQUENA LI, MÁRTIR DA EUCARISTIA

 


Quando em 1979 Deus chamou a si o seu servo Fulton Sheen, milhões de americanos choraram e se sentiram órfãos. Por muitos anos, em todos os meios de comunicação possíveis, o tinham escutado, fascinados. Dotado de um carisma raríssimo, Mons. Sheen combinava a arte de falar à potência que lhe vinha do Espírito Santo. Alguém o escutava? Sabia então que Deus era vivo, magnífico, desejável. O Bispo Sheen difundia uma tal luz que todas as rádios o disputavam, certas que superariam muito todos os índices de escuta registrados até então. A sua famosa série televisiva “A vida vale a pena de ser vivida” atingia em torno de trinta milhões de telespectadores a cada semana. Este grande arcebispo tinha um segredo (...) que para compreender devemos nos transferir para a China, na época mais dura da repressão comunista, nos anos cinqüenta...

Em uma escola paroquial, as crianças recitam solenemente as suas orações e a Irmã Euphrasie se sente feliz: dois meses antes muitas fizeram a primeira comunhão e a fizeram com seriedade, do profundo do coração. Sorri com a pergunta da pequena Li, de dez a nos: “Por que o Senhor Jesus não nos ensinou a dizer: ‘Dai-nos hoje o nosso arroz quotidiano’?”. As crianças comiam arroz pela manhã, meio-dia e pela noite, como responder a tal pergunta? “É que... pão quer dizer Eucaristia”, tinha respondido a religiosa. É verdade que a irmã Euphrasie brilhava mais pelo seu coração que pela sua teologia! “Tu pedes ao bom Jesus a comunhão quotidiana. Para o teu corpo precisas de arroz. Mas a tua alma, que vale mais que o corpo, tem fome deste pão que é o Pão de Vida!”. No mês de maio, quando Li faz a primeira comunhão, diz a Jesus no seu coração: “Da-me sempre o pão quotidiano, para que a minha alma viva e esteja bem!” Desde então, Li passa a comungar todos os dias. Mas, se dá conta que os “maus” (os sem Deus entre os comunistas) podem a qualquer momento impedi-la de receber Jesus na comunhão. Então reza ardentemente para que isto não aconteça jamais. Bem, um dia eles entraram na classe e no local se dirigiram às crianças: “Dai-nos rapidamente os vossos ídolos!”.  Li sabia bem o que queria dizer isto. As crianças aterrorizadas tiveram que entragar as suas imagens sacras cuidadosamente pintadas. Depois, o comissário retirou o crucifixo da parede com um gesto cheio de cólera, o jogou por terra e o pisoteou gritando: “A nova China não vai tolerar mais estas superstições grosseiras!” A pequena Li, que amava muito a sua imagem do Bom Pastor, procurou escondê-la no corpete, era a imagem da sua primeira comunhão! Uma bofetada retumbante a fez perder o equilíbrio e cair por terra. O comissário chamou o pai da menina e fez de modo a humilhá-lo antes de amarrá-lo com firmeza. Naquele mesmo dia, todos os habitantes do világio capturados pela polícia foram levados até a igreja para um novo tipo de “sermão” dito pelo comissário em gritos, que ridicularizava as missionárias e os “agentes do imperialismo americano”... Depois, com voz ribombante ordenou aos milicianos para destruir o sacrário.

A assembleia prendeu a respiração e rezou ardentemente. Voltado para a multidão o homem gritou: “Veremos agora se o vosso Cristo sabe defender-se. Eis o que faço da vossa ‘presença real’. Truque do Vaticano para aproveitar melhor de vocês!” Assim dizendo, pegou a âmbula e jogou todas as hóstias sobre o piso. Os fiéis, confusos, recuaram sufocando um grito. A pequena Li fica aterrorizada. Oh, o que fizeram do Pão? O seu coraçãozinho reto e inocente começa a sangrar diante das hóstias espalhadas no chão. Não tem ninguém para defender Jesus? O comissário zomba disso, uma risada intercala as suas blasfêmias. Li chora em silêncio. “E agora fora, vão embora!”, grita o comissário, “e ai de quem ousar retornar neste antro de superstições!”. A igreja se esvazia. Mas, além dos anjos adoradores sempre presentes em torno a Jesus Hóstia, uma testemunha se encontra lá e não perde nada da cena que se passa diante dos seus olhos. É padre Luc, das Missões Estrangeiras. Escondido pelos paroquianos em um armário do coro, dispõe de uma janelinha que dá para a igreja. Mergulha em uma oração reparadora e sofre porque não pode mover-se: um gesto da sua parte e os paroquianos, que o esconderam ali, seriam presos por traição. “Senhor Jesus, tende piedade de vós mesmo”,  reza com angústia, “impedi este sacrilégio! Senhor Jesus!” De repente, um rangido rompe o silêncio pesado da Igreja. A porta se abre lentamente. É a pequena Li. Tem apenas dez anos e eis que se aproxima do altar, com os seus pequenos passos. Padre Luc treme por ela: pode ser assassinada a qualquer instante! Mas, não pode se comunicar com ela, pode somente olhar e suplicar a todos os santos do céu para que aquela menina seja poupada. A pequena se prostra e adora em silêncio, como lhe ensinou a irmã Euphrasie. Sabe que é preciso preparar o próprio coração antes de receber Jesus. Com as mãos juntas, dirige uma oração misteriosa ao seu caro Jesus maltratado e abandonado. Depois, Padre Luc vê que se abaixa e, com as mãos e os joelhos por terra, recolhe uma hóstia com a língua. Eis agora de joelhos, com os olhos fechados e dirigidos para dentro de si em direção ao seu visitante celeste. Cada segundo é por demais pesado, padre Luc teme o pior... se somente pudesse falar! Mas, a menina vai saindo lentamente como tinha chegado, quase saltando.

Os “expurgos” continuam e a brigada móvel dos serviços de ordem patrulha todo o világio e os arredores. Aquela é a sorte da “Nova China”. Entre os agricultores, nenhum ousa se mover. Relegados em suas cabanas de bambu, ignoram todo o futuro. Ainda assim a nossa pequena Li escapa para reencontrar o seu Pão Vivo na Igreja e, reproduzindo exatamente a cena do primeiro dia, pega uma hóstia com a língua e desaparece. Padre Luc morde o freio. Por que não pega todas elas? Ele sabe o número das hóstias: trinta e duas. Li não sabe que pode recolher todas ao mesmo tempo?

Não, não sabe. A irmã Euphrasie tinha sido muito clara: “Uma única hóstia a cada dia é suficiente. E não se toca a hóstia, se recebe sobre a língua!”. A pequena se conforma com as regras. Um dia resta somente uma hóstia. Pela manhã, a menina entra como de costume na igreja e se aproxima do altar. Ajoelha-se e reza perto da hóstia. Então, padre Luc sufoca um grito. Um miliciano, em pé no vão da porta, aponta o revólver. Escuta-se somente um tiro seco, seguido de uma risada alta. A menina se agaixa logo. Padre Luc crê que está morta, mas não, vê que rasteja com dficuldade em direção à hóstia e pressiona a boca sobre ela. Alguns movimentos convulsivos, seguido do relaxamento. A pequena Li morreu. Salvou todas as hóstias!

(A história é narrada em Les voleurs de Dieu, de Maria Winowska, colaboradora de Karol Wojtila antes da sua elevação ao trono de Pedro).

Dois meses antes de morrer, com a idade de oitenta e quatro anos, Mons. Fulton Sheen revelou enfim o seu segredo ao grande público, durante uma entrevista em uma cadeia internacional de televisão. Sua Excelência – lhe perguntou o jornalista – o senhor inspirou milhões de pessoas em todo o mundo, mas o senhor, de quem teve inspiração? De um papa? Não foi um papa – respondeu – nem um cardeal, nem um outro bispo. Nem mesmo um sacerdote ou uma religiosa! Inspirou-me uma pequena chinesa de dez anos. Então Mons. Sheen contou a história da pequena Li. Entregava assim o seu testamento íntimo. O amor daquela menina por Jesus na Eucaristia o atingiu, o tinha de tal modo impressionado que no dia em que a descobriu fez esta promessa ao Senhor: em cada dia de sua vida, qualquer coisa que acontecesse, faria uma hora de adoração diante do Santíssimo Sacramento. E então, não somente o Mons. Sheen manteve a promessa, mas jamais perdeu uma ocasião para promover o amor por Jesus na Eucaristia. Sem cansar-se, convidava os fiéis a fazer a cada dia “uma hora santa” diante do Santíssimo Sacramento. Para ele, não havia dúvidas: aquela menina desconhecida e pobre das profundezas da China era a centelha que tinha permitido a imensa fecundidade do seu apostolado. Naquele dia, diante das telas de televisão, toda a América compreendeu que os milhões de corações tocados por este grande pregador – era ela, a pequena LI! As inumeráveis conversões obtidas por aquele gigante mediático – era ela e o seu coraçãozinho puro! Aqueles milhões de adoradores “colocados” diante do Santíssimo sacramento por aquele bispo santo – era ela e as suas trinta e duas visitas heróicas a Jesus jogado por terra! Aquele florescer de consagrações e vocações suscitadas pelo mais popular prelado americano – era ela, a pequena mártir chinesa, e as suas núpcias de sangue com o Cordeiro.

Cara pequena Li, se ti dediquei este livro é porque és a minha heroína preferida. Mas, te confesso, tenho outra razão mais interessada: não terminastes o teu trabalho! Abre os olhos e vê, as hóstias que estão hoje no chão não são mais trinta e duas, mas milhares, milhões. A cada dia se dispara contra Jesus, se ri dele, pisam sobre ele. O número de seitas que profanam a Eucaristia vai crescendo. Todo domingo, em quase todas as paróquias, certos fiéis comungam enquanto vivem em graves pecados, aqueles que a Bíblia chama “abomínios” e que provocam a morte da alma. Jesus jamais foi tão torturado, pequena Li. Sem contar a indiferença de tantos dos seus “escolhidos, tantas vezes engolfados pelos assuntos do mundo e inconscientes do imenso amor com o qual são amados. Na França, quantos sacrários são abandonados, empoeirados! Na Anérica, frequentemente se relega o sacrário em um canto da igreja, senão até mesmo na sacristia. Tantas vezes são retirados até mesmo os ginuflexórios e, ai de quem ousa colocar-se de joelhos durante a consagração: é mau visto, corre o risco de ser excluído.

No catecismo não encontramos mais pessoas como a irmã Euphrasie, frequentemente as crianças são poucos preparadas para conhecer e amar Jesus. Nas famílias, são raros os pais que falam abertamente de Jesus como do seu grande amigo. Pelo contrário, o ignoram e, as crianças pensam que Deus não exista e se perdem no ateísmo. Poderia continuar assim por muito tempo, mas do alto do Céu, vês de modo melhor tudo isso. Não terminastes o teu trabalho, pequena Li. Para dizer a verdade, durante o teu martírio na China, somente o iniciavas. Vens ajudar-nos! Como te colocastes ao lado do bispo Sheen, vens colocar-te ao lado de cada sacerdote, de cada bispo, de cada ministro ordenado e de cada cristão. Comunicas a nós o teu amor puro a Jesus. O amor radical e terno do teu coração inocente.

 

(Tirado do livro “Il bambino nascosto di Medjugorje”, de Irmã Emmanuel Maillard,
Editrice Shalom)

 

Fonte: In Corde Regis: LA PICCOLA LI MARTIRE DELL’EUCARISTIA