Maria Bigazzi
Entre 1854 e 1855, na Itália, começa a se espalhar uma doença que levará à morte milhares de pessoas: a cólera.
Em 1854, também a cidade de Turim é atingida por esta doença. Dom Bosco tinha sido advertido antecipadamente por graça divina que logo se espalharia também em sua cidade e faria lá um grande estrago.
O santo preparou os rapazes do oratório dizendo-lhes: “Estejam tranqüilos: se fizerem o que lhes digo, serão salvos daquele flagelo. – O que devemos fazer? – lhe perguntaram os jovens. – Antes de tudo, viver na graça de Deus; levar no pescoço a medalha de Maria Santíssima que eu abençoarei e darei a cada um e a este fim recitar todos os dias um Pater, Ave e um Gloria com o Oremus de São Luiz e a jaculatória: Ab omni malo libera nos, Domine - .
Quando chegou a doença, começaram a morrer muitas pessoas. Nos primeiros dias da infecção, os que eram contaminados, morriam. Segundo as estimativas da época, a cada cem casos aconteciam em média sessenta mortes.
O povo vivia em um estado de angústia e desânimo. Cessava o comércio, as lojas foram fechadas, muitas pessoas fugiam por medo. Não se conhecia nenhum remédio para curar a doença.
Com o anúncio dos primeiros casos em Turim, o clero se mostrou logo pronto a ajudar às autoridades civis e a socorrer os doentes.
A própria Câmara Municipal, logo que viu a proximidade do início do flagelo, deu um esplêndido exemplo de piedade. Depois de ter adotado as medidas sanitárias necessárias, implorou o auxílio da Virgem Maria organizando uma celebração religiosa no Santuário de Maria Santíssima Consoladora.
Dom Bosco foi o primeiro a fazer o possível pelos doentes. Ele usou todos os meios possíveis de precaução, fez limpar o local, ajustar outros quartos, diminuir o número de leitos nos dormitórios e melhorar a alimentação, gastando muito para isso.
Mas, não ficou somente com as precauções terrenas. Ele bem sabia que a verdadeira ajuda não poderia vir a não ser de Deus.
Prostrado diante do altar rezava ao Senhor assim: “Meu Deus, atingi o pastor, mas poupai o terno rebanho”; e dirigindo-se à Virgem Maria acrescentava: “Maria, Vós sois mãe amorosa, e potente; preservai-me estes amados filhos, e no momento em que o Senhor quiser uma vítima entre nós, eis-me aqui pronto a morrer, quando e como a Ele agradar”.
No sábado 5 de agosto, festa de Nossa Senhora das Neves, Dom Bosco recolheu os recuperados em torno a si. Anunciando o surgimento do flagelo recomendava a todos sobriedade, temperança, tranqüilidade de espírito e coragem, e junto à confiança em Maria Santíssima, uma boa confissão e a santa Comunhão.
Com estas palavras instruiu aos seus rapazes, confiando-lhes a Deus por meio de Maria: “Causa da morte é sem dúvida o pecado. Se vocês todos estiverem na graça de Deus e não cometerem nenhum pecado mortal, eu asseguro a vocês que nenhum será tocado pela cólera; mas se alguém permanecesse obstinado inimigo de Deus, e, aquilo que é pior, ousasse ofendê-lo gravemente, daquele momento eu não poderei mais garantir nem para ele, nem para nenhum outro da Casa”.
Os jovens acolheram o convite de Dom Bosco e logo se aproximaram dos Sacramentos, levando a partir daquele dia uma conduta exemplar.
Todas as noites, muitos se aproximavam dele para expor suas próprias dúvidas ou manifestar as pequenas faltas que cometeram no dia, e Dom Bosco, como Pai amoroso, não deixava de escutar e confortá-los.
Ele, em primeiro lugar, assistia com heróica abnegação os contaminados.
Nenhum dos rapazes de Dom Bosco, como também ele, adoeceu de cólera, mesmo tendo continuamente contato com os doentes.
Abandonar-se completamente em Deus sem reservas, vencendo todo medo e respeito humano, e colocar-se sob a proteção da Virgem Maria, são os principais remédios para enfrentar qualquer acontecimento nefasto.
Dom Bosco indicou aos seus rapazes a Confissão e a Comunhão como as armas mais fortes e os verdadeiros instrumentos de proteção.
A Eucaristia, de fato, é o único verdadeiro Remédio pára a alma que preserva seja das doenças espirituais que das doenças corporais, o verdadeiro e único Nutrimento para vencer o mal e se tornar uma coisa só com Cristo.
Jesus ensina que se tivermos “fé do tamanho de um grão de mostarda, poderemos dizer a este monte: levanta-te daqui e vai para lá, e ele se movimentará, e nada nos será impossível” (Mt 17,20).
Assim, com plena confiança em Deus, imploremos o Seu auxílio e a cura para o mundo de toda doença espiritual e corporal, em particular desta que neste momento nos está afligindo, sem jamais renunciar a Ele e aos Sacramentos por temor ou negligência.