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quarta-feira, 23 de junho de 2021

Por que devemos querer bem a nós mesmos? Porque Deus nos ama!

 


 Corrado Gnerre

Você recorda o caso do DJ Fabo? Aquele que decidiu ir morrer em uma clínica da Suíça porque tinha ficado imobilizado por conseqüência de um ancidente de estrada. Pois é, a sua namorada, Valéria Imbroglio, comunicou, nos dias em que toda a Itália discutia sua escolha como jovem, a sua relação com a religiosidade oriental e também com certas correntes esotéricas. Contudo, os dois jovens, antes do acidente, tinham por quase cinco anos vivido na Índia seguindo um santo local.

Um dado como este não é, de fato, irrelevante e explicaremos o porquê.

Não cansaremos jamais de dizer (contudo o ponto fundamental sobre o qual se fundamenta o Terzo Sentiero de Il Cammino dei Tre Sentieri): somente o Cristianismo oferece uma autêntica resposta ao mistério do sofrimento. Por um motivo muito simples: porque somente o Cristianismo anuncia um Deus que quis livremente sofrer e que com o sofrimento “consertou” tudo.

Pode parecer uma particularidade quase insignificante, ao invés isto é tudo e é a resposta para tudo. Saber que Deus salvou sofrendo, quer dizer não somente convencer-se que o sofrimento é a estrada mestra, mas também que quem sofre se torna em certo modo um “privilegiado”, porque ainda mais pode conformar-se Àquele que e o alfa e o ômega de tudo, Cristo.

É por isto que quando o Cristianismo se introduziu na História, também a mudou radicalmente.

Bastaria pensar qual fosse o juízo sobre o sofrimento no mundo antigo. Com o Cristianismo, ao invés, se realiza uma mudança radical: existe o convite a freqüentar a escola do sofrimento. Os doentes, de rejeitados e de “material descartável”, se tornam ícones de Cristo Crucificado. Nascem finalmente os hospitais, ali onde quem sofre é acolhido e cuidado; ali onde se faz compreender que ele é uma “graça”, a fim de que, acolhendo e cuidando dele, os sadios possam exercitar as virtudes necessárias para a salvação.

Enquanto a Cruz não apareceu na história, o sofrimento é algo a ser distanciado e exorcizado.

Mas, depois, a história decidiu novamente remover a Cruz. Ficaram os hospitais, ficaram as belas palavras para s sofredores, mas o sofrimento se tornou um peso terrificante, impossível de carregar.

E no caso da assim chamada “espiritualidade oriental” a questão se agrava, porque não somente esta não possui uma adequada resposta ao sofrimento, mas, habituada a ver no corpo um limite, odeia profundamente o sofrimento. Já o corpo sadio é algo do qual libertar-se o quanto antes (pensemos na moksha hinduísta), imagine o corpo atingido pela doença.

Não por acaso a namorada do DJ Fabo frequentemente falava de “liberdade”: Fábio vai a Suiça para “libertar-se”. E depois da morte: Agora finalmente Fábio está “livre”.

Quando a Cruz não existe, se perde tudo.

Perde-se também a capacidade de se amar. Sim, porque aceitar o sofrimento sempre e de qualquer maneira, quer dizer amar-se. Enquanto rejeitar o próprio – também terrível – destino, quer dizer negar-se, destruir-se, porque o próprio pensamento já não coincide com o próprio ser e com o próprio lugar.

O lugar... mas o que tem a ver o lugar? Tem muito a ver. O lugar é o reconhecer onde se está. E, para que isto aconteça, é preciso apaixonar-se ao que está acontecendo na própria vida, sempre e de qualquer maneira... invocando de Deus a ajuda para enamorar-se do que se é e onde se está.

São Bernardo de Claraval em uma sua importante obra, De diligendo Deo, fala de quatro graus de amor: 1) O amor que o homem tem por si mesmo. 2) O amor a Deus não ainda por Deus mesmo, mas por si. 3) O amor a Deus não mais por si mesmo, e nem mesmo pelo próximo, mas somente por Deus. 4) O amor do homem a si mesmo mas somente por Deus.

Interessante. São Bernardo diz que o último grau de amor contempla ainda o amor a si mesmo, mas sublimado e, sobretudo motivado pela Presença e pela Vontade de Deus.

Em suma, se Deus nos quer, também nós devemos querer bem a nós. Se Deus nos ama também nós devemos nos amar.

Também por isto se torna chave de tudo a Cruz.

Diz-se justamente: não existe posto sobre a face da terra onde o homem possa encontrar a paz, se não aos pés de uma Cruz.

 

Fonte: Perché dobbiamo voler bene a noi stessi? Perché Dio ci ama! – Il Cammino dei Tre Sentieri