Aproxima-se a conferência
sobre o clima de New York. Greta Thunberg está indo em um veleiro. E demonstra
assim que uma alternativa ecologista ao nosso modelo de vida não existe. A não
ser que você aceite um retrocesso de séculos.
Aproxima-se a conferência sobre o
clima de New York. Como em todas as ocasiões de cúpulas internacionais em que
se propõe a redução drástica de emissões, os observadores mais experientes
fazem um cálculo de gases de efeito estufa emitidos pelos aviões que transportam
as delegações para o lugar do encontro, também para outra parte do mundo. “Por
que não viajais em veleiro?” é a ironia que frequentemente os acompanha. Mas, Greta
Thunberg, a mocinha sueca que se tornou guru do ambientalismo não ama humorismo,
evidentemente e assumiu a sugestão literalmente. Para a América, como já se
percebe há meses, irá realmente em um veleiro. Não existe, porém,
verdadeiramente nada para achar engraçado. Porque a sua viagem “a impacto zero”
é a demonstração que a alternativa ecologista ao nosso modelo de vida não
existe, a não ser que não se queira aceitar um retrocesso de séculos.
A travessia, de Plymouth (Sul
da Inglaterra) a New York, durará duas semanas a bordo do iate de regata
chamado Malizia 2, governado pelos capitães mundialmente famosos Pierre
Casiraghi (da família real de Mônaco) e Boris Herrmann. Trata-se de uma barca
de alta tecnologia, dotada de dispositivos eólicos e solares que podem
alimentá-la somente com energias renováveis. Um prodígio da técnica tão caro (em
torno de 4 milhões de euro) quanto desconfortável (sem banheiro, sem chuveiro,
sem privacidade) que somente poucos preparados e determinados podem se permitir
de usar para uma travessia que, se prevê, durará duas semanas. Uma viagem que
não é privada de riscos, consideram que a rota que passa pela Groenlândia e
desce a costa canadense até a costa norte dos Estados Unidos pode reservar
duras surpresas, como iceberg e tempestades. São dificuldades normais para os
navios que usamos neste século, mas podem ser ainda insuperáveis para um barco
de apenas 18 metros, portanto pouco menos que os drakkar a remo e a vela com os
quais os vikings exploravam aquela rota, há mil anos.
Exatamente este aspecto nos
deveria sugerir que uma alternativa com “impacto zero” ao nosso modelo de
vida não existe. Greta, para cumprir a sua viagem simbólica, poderia ter
demonstrado que se pode viajar em modo mais seguro, confortável e rápido com
uma tecnologia (aérea ou naval) mais ecológica em relação a um voo de linha ou
a um navio cruzeiro? Evidentemente que não. Sobretudo considerando o fato que
os ecologistas, mesmo apontando para o objetivo “emissões zero” descartando a
opção nuclear: um navio nuclear tem um impacto muito menor do que um navio a
óleo equivalente, mas o nuclear não se pode nem mesmo nominar, porque é o emblema
de tudo aquilo que os Verdes sempre combateram. O objetivo, portanto, é
ideológico: trata-se, não somente, de reduzir as emissões, mas de recorrer
exclusivamente às energias renováveis, aquelas “naturais” de sol e vento.
Quanto ao sol, um avião que viaja a energia solar, o Solar Impulse, precisou
mais de um ano (de março de 2015 a julho de 2016) para fazer a volta ao mundo,
aproximadamente o mesmo tempo que empregavam os veleiros da época do Bounty
para da Europa chegar a Indonésia. O Solar Impulse viaja a apenas 50 Km/h e não
existem atualmente grandes perspectivas para atingir velocidades muito
superiores. Um avião de linha normal faz habitualmente mais de 700 Km/h. quanto
ao vento, resta o navio a vela: duas semanas para atravessar o Atlântico de Plymouth
a New York, a mesma rota que um voo de linha percorre em 7 horas e um navio de
passageiros em 3 dias.
Não existe somente uma questão
de velocidade, mas também de custos e de possibilidade. Navios cruzeiros e,
sobretudo aviões de linha tornaram as viagens acessíveis a todos. Aquilo que
antes era um privilégio de poucos ricos e fortes, hoje qualquer família pode se
permitir. Em New York, em Milão ou Roma, se encontram também passagens de ida e
volta de 300-400 euros. Suportar sete horas de voo é suportável também para as
crianças e idosos. Os navios de cruzeiro oferecem padrão de conforto e de
segurança que não exigem nenhum tipo de preparação atlética, nem nenhum
adestramento para navegação. A travessia de Greta leva, ao invés, os ponteiros
do relógio de volta cinco séculos, pelo menos, quando para fazer uma viagem
intercontinental no mar era preciso muito dinheiro, patrocinadores poderosos
(reis e príncipes, exatamente como neste caso), muitíssimo espírito de
sacrifício, coragem e/ou inconsciência. Navegar a remo queria dizer: braços e
costas triturados pelo esforço. Navegar a vela: risco de morrer a cada momento
ao governar as velas, em cima do mastro no meio do vento. Viajar no mar em
direção a outros continentes, na idade média ou no renascimento, era coisa para
pouquíssimos, para nobres e heróis. Os ecologistas miram implicitamente a
tornar àquelas condições. A não permitir que viajemos, a reservar os
deslocamentos somente para poucos “merecedores”. Os outros retornem para ficar
onde estão, dentro da sua aldeia, cultivando verdura a 0Km. Com uma diferença:
se os exploradores vikings, Colombo, Vespucci e Magellano naufragassem,
morreriam. Se Greta Thunberg naufragar será, ao invés, socorrida por navios e
helicópteros de altíssimo impacto ambiental. E ainda não declarou com que meios
retornará da América do Norte para a Europa.
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