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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

ECOLOGISMO: Com Greta em um veleiro na época dos vikings


Aproxima-se a conferência sobre o clima de New York. Greta Thunberg está indo em um veleiro. E demonstra assim que uma alternativa ecologista ao nosso modelo de vida não existe. A não ser que você aceite um retrocesso de séculos.



Aproxima-se a conferência sobre o clima de New York. Como em todas as ocasiões de cúpulas internacionais em que se propõe a redução drástica de emissões, os observadores mais experientes fazem um cálculo de gases de efeito estufa emitidos pelos aviões que transportam as delegações para o lugar do encontro, também para outra parte do mundo. “Por que não viajais em veleiro?” é a ironia que frequentemente os acompanha. Mas, Greta Thunberg, a mocinha sueca que se tornou guru do ambientalismo não ama humorismo, evidentemente e assumiu a sugestão literalmente. Para a América, como já se percebe há meses, irá realmente em um veleiro. Não existe, porém, verdadeiramente nada para achar engraçado. Porque a sua viagem “a impacto zero” é a demonstração que a alternativa ecologista ao nosso modelo de vida não existe, a não ser que não se queira aceitar um retrocesso de séculos. 

A travessia, de Plymouth (Sul da Inglaterra) a New York, durará duas semanas a bordo do iate de regata chamado Malizia 2, governado pelos capitães mundialmente famosos Pierre Casiraghi (da família real de Mônaco) e Boris Herrmann. Trata-se de uma barca de alta tecnologia, dotada de dispositivos eólicos e solares que podem alimentá-la somente com energias renováveis. Um prodígio da técnica tão caro (em torno de 4 milhões de euro) quanto desconfortável (sem banheiro, sem chuveiro, sem privacidade) que somente poucos preparados e determinados podem se permitir de usar para uma travessia que, se prevê, durará duas semanas. Uma viagem que não é privada de riscos, consideram que a rota que passa pela Groenlândia e desce a costa canadense até a costa norte dos Estados Unidos pode reservar duras surpresas, como iceberg e tempestades. São dificuldades normais para os navios que usamos neste século, mas podem ser ainda insuperáveis para um barco de apenas 18 metros, portanto pouco menos que os drakkar a remo e a vela com os quais os vikings exploravam aquela rota, há mil anos.

Exatamente este aspecto nos deveria sugerir que uma alternativa com “impacto zero” ao nosso modelo de vida não existe. Greta, para cumprir a sua viagem simbólica, poderia ter demonstrado que se pode viajar em modo mais seguro, confortável e rápido com uma tecnologia (aérea ou naval) mais ecológica em relação a um voo de linha ou a um navio cruzeiro? Evidentemente que não. Sobretudo considerando o fato que os ecologistas, mesmo apontando para o objetivo “emissões zero” descartando a opção nuclear: um navio nuclear tem um impacto muito menor do que um navio a óleo equivalente, mas o nuclear não se pode nem mesmo nominar, porque é o emblema de tudo aquilo que os Verdes sempre combateram. O objetivo, portanto, é ideológico: trata-se, não somente, de reduzir as emissões, mas de recorrer exclusivamente às energias renováveis, aquelas “naturais” de sol e vento. Quanto ao sol, um avião que viaja a energia solar, o Solar Impulse, precisou mais de um ano (de março de 2015 a julho de 2016) para fazer a volta ao mundo, aproximadamente o mesmo tempo que empregavam os veleiros da época do Bounty para da Europa chegar a Indonésia. O Solar Impulse viaja a apenas 50 Km/h e não existem atualmente grandes perspectivas para atingir velocidades muito superiores. Um avião de linha normal faz habitualmente mais de 700 Km/h. quanto ao vento, resta o navio a vela: duas semanas para atravessar o Atlântico de Plymouth a New York, a mesma rota que um voo de linha percorre em 7 horas e um navio de passageiros em 3 dias. 

Não existe somente uma questão de velocidade, mas também de custos e de possibilidade. Navios cruzeiros e, sobretudo aviões de linha tornaram as viagens acessíveis a todos. Aquilo que antes era um privilégio de poucos ricos e fortes, hoje qualquer família pode se permitir. Em New York, em Milão ou Roma, se encontram também passagens de ida e volta de 300-400 euros. Suportar sete horas de voo é suportável também para as crianças e idosos. Os navios de cruzeiro oferecem padrão de conforto e de segurança que não exigem nenhum tipo de preparação atlética, nem nenhum adestramento para navegação. A travessia de Greta leva, ao invés, os ponteiros do relógio de volta cinco séculos, pelo menos, quando para fazer uma viagem intercontinental no mar era preciso muito dinheiro, patrocinadores poderosos (reis e príncipes, exatamente como neste caso), muitíssimo espírito de sacrifício, coragem e/ou inconsciência. Navegar a remo queria dizer: braços e costas triturados pelo esforço. Navegar a vela: risco de morrer a cada momento ao governar as velas, em cima do mastro no meio do vento. Viajar no mar em direção a outros continentes, na idade média ou no renascimento, era coisa para pouquíssimos, para nobres e heróis. Os ecologistas miram implicitamente a tornar àquelas condições. A não permitir que viajemos, a reservar os deslocamentos somente para poucos “merecedores”. Os outros retornem para ficar onde estão, dentro da sua aldeia, cultivando verdura a 0Km. Com uma diferença: se os exploradores vikings, Colombo, Vespucci e Magellano naufragassem, morreriam. Se Greta Thunberg naufragar será, ao invés, socorrida por navios e helicópteros de altíssimo impacto ambiental. E ainda não declarou com que meios retornará da América do Norte para a Europa.





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