Andrea Zambrano
Como é a Missa vista do Céu? O
que aconteceria se fôssemos capazes de retirar a cobertura das igrejas, ir além
do azul que está acima de nós e pudéssemos chegar exatamente lá em cima, onde
no paraíso Deus está sentado em seu trono com seu Filho e os anjos cantam em
coro a sua glória? Aconteceria que veríamos aquela que é a vida eterna e os
nossos olhos seriam finalmente abertos sobre a nossa verdadeira vida.
Um vídeo que está se tornando
viral nos Estados Unidos tenta
explicar este conceito e, sobretudo a fazer compreender o significado da santa
Missa com uma linguagem plástica e de efeito. Chama-se o Véu removido (The veil removed) e é uma emocionante
experiência de uma Missa muito especial, na qual a um certo ponto chegam os
anjos e o crucifixo se torna o centro de toda a ação que está acontecendo.
Fruto de um trabalho
meticuloso de um grupo de católicos de Iowa, The veil removed é um
projeto de sacerdotes e simples fiéis de West Des Moines que começou a
partir de uma necessidade e uma ambição: a necessidade de viver a santa Missa
em maneira perfeita e a ambição de poder transmitir a todos o verdadeiro
significado dela. Infelizmente, hoje, seja pelo minimalismo teológico que
vivemos que nos faz abaixar a cabeça diante do mistério distanciando Deus, seja
pela crise da liturgia, que distanciou das nossas mentes a admiração pelo
sagrado, vivemos a Missa como um compromisso mundano e terreno, esquecendo-nos
que ao invés é o ponto de encontro entre a terra e o Céu. A isto se acrescente
o desleixo do celebrante e a distração do fiel que precipitam a Missa no
anonimato mais completo.
E assim: no vídeo, apenas sete
minutos, que merece ser visto em
religioso recolhimento, este conceito é descrito em maneira eficaz, ainda que
um pouco enfatizado como é costume dos entusiastas americanos, que tendo que
lutar com as seitas protestantes, que fazem do milagroso a sua figura, devem de
certa maneira se equipar disso.
Apesar disso, o filme curto
inicia com uma Missa de um dia de semana da qual participam poucas pessoas. Cada uma das quais carrega consigo os
pequenos dramas, a solidão e os problemas da própria existência. Depois da
proclamação do Evangelho e da homilia, eis que do fundo do templo chegam dois
anjos que acompanham um casal na procissão do ofertório. Os presentes vão percebendo
aos poucos e aguçam a vista.
Pouco depois, no momento do
Sanctus, os anjos junto ao sacerdote se tornam uma dezena, todos enfileirados por trás dele. E quando
chega o momento da consagração, os fiéis estão todos em lágrimas, enquanto a
hóstia se eleva nas mãos do padre (transformado em um Jesus um pouco superstar,
momento espalhafatoso made Usa) até tocar os pés do crucifixo sobre os quais
escorrem gotas de sangue que vão se depositar no cálice.
Sobreo altar, se abre o Céu e
se pode ver fileiras de anjos e santos que vão e vêm em direção a um céu que se faz dourado. Parece ecoar a
passagem da Oração eucarística que suplica ao anjo santo que leve esta oferta e
deposite diante do trono de Deus. Mas, o vídeo é uma concentração de teologia
da Missa verdadeiramente impecável. A começar pelo crucifixo que pende sobre a
cabeça do padre e se torna o verdadeiro ponto de orientação da cena, para
continuar com a nítida sensação de sentir-se diante àquele prelúdio da vida
futura onde tudo é doação. Toda a beleza da Missa é respeitada: a começar pelo
seu aspecto sacrifical, com a união do passado que revive (a crucificação) e o
futuro (um Céu onde Cristo está já sentado e nos vem buscar ali onde
estivermos).
O vídeo catequiza, certamente,
mas adverte também. É a prova de
que a liturgia não é o lugar de batalha de quem com pedantismo pensa de poder
dispor do sagrado de qualquer modo, mudando e modificando arbitrariamente a
Missa segundo os seus desejos. Mas também a comprovação de que a Missa é a
experiência real e não um qualquer coisa a compreender ou pior ainda do qual
apropriar-se com pretensões terrenas sociológicas ou, pior ainda, veja certas
orações dos fiéis ou certas homilias, políticas.