“A
verdadeira magia do Natal é ver um desejo realizado e uma criança sempre grata
aos seus pais que lhe transmitiram esta magia”. Fala
Monika Grygiel, psiquiatra, filha de Stanislaw, historiador amigo de Karol
Wojtyla, professora no Pontifício Instituto João Paulo II, mãe de um menino de
nove anos e de uma menina de seis.
Em um mundo sempre mais secularizado, em que Deus é um ilustre desconhecido
e o Natal somente uma ocasião para fazer festa, como fazer em família para
colocar no centro o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo?
“As
crianças vivem a experiência dos pais, portanto se no centro de nossa
experiência do Natal está Jesus Cristo, assim será também para os filhos. Eis
porque somos chamados antes de tudo a viver plenamente tanto a festa, mas,
sobretudo a espera: o Natal começa com o Advento, com a espera de Jesus. Eis
que então qualquer gesto se torna importante, a preparação do presépio, as
decorações, uma leitura particular feita juntos, o calendário do Advento. Não
pode ser nada forçado, deve ser uma experiência de fé compartilhada”.
Porém, há uma antiga questão
dos presentes. Que as crianças esperam eletrizadas. Para alguns, é o Papai Noel
quem leva, para outros é o Menino Jesus, alguns pais procuram manter as duas
coisas juntas dizendo que o Papai Noel é o ajudante do Menino Jesus, mas muitos
planos se entrelaçam e o risco de que a figura pesada do Papai Noel ofusque o
sentido verdadeiro do Natal existe...
“No meu
país, a Polônia, os presentes da noite de Natal eram trazidos pelo Anjo. Quando
cheguei na Itália descobri que aqui era o Menino Jesus que trazia, agora na
maior parte das famílias passa para o Papai Noel, e eu com os meus filhos me adeqüei,
em algumas zonas da Itália os presentes são levados pela Befana (ndt.: uma
senhora idosa com aspecto de uma bruxa), mas eu penso que para as crianças esta
seja uma coisa irrelevante, aquilo que conta é a magia. Me sinto triste um
pouco por não ter mantido para os meus filhos o mesmo idêntico Natal que vivi,
mas ao mesmo tempo é um grande desafio ver que eles, mesmo sendo diferentes de
mim, também de mim quando era pequena, possuem o mesmo desejo no coração. E
procurar juntos, com a experiência da minha história, as respostas para este
desejo, agora e para eles, me parece algo belíssimo. Um repetir-se sempre novo
e mágico da mesma história. Esta é a magia do Natal, ter alguém que compreende
o desejo do teu coração”.
Mas existe um risco que a
atenção sobre os presentes ofusque todo o resto?
“Não é o Papai Noel que faz perder o sentido do Natal, mas o modo como nós
nos referimos a ele, o clima, a atmosfera que fazemos os nossos filhos
respirar. A pertença a uma tradição, a relação que nós temos com Cristo vivo.
Se nós não damos muita importância aos presentes, eles também não o darão. Os
meus filhos, por exemplo, possuem limites no que pedem, certo pode acontecer
que notem que ao amiguinho chegou algo melhor, mas também isso é educativo. O
valor do presente no Natal é fruto daquilo que transmitimos sobre valor dos
presentes durante todo o ano, é tudo dentro da experiência educativa”.
A secularização penetrou
também as escolas, em muitos institutos no período do Natal se fala
genericamente da “festa da luz”,
ou “da festa da paz”. Os pais
podem encontrar-se dizendo coisas diferentes a respeito do que o professor
disse, com o risco de criar confusão na criança...
“Não
devemos ter medo de dizer coisas diferentes em relação ao que dizem os
professores se os nossos valores estão em jogo, as crianças sentem a nossa
coerência, possuem necessidade de uma pertença, que não é somente afetiva. Como
adultos temos a missão de não ter medo de declarar a pertença à nossa fé, à
cultura e às nossas tradições. Os filhos então não serão confusos, mas orgulhosos,
confiantes”.
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