Pesquisar no blog

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O Papai Noel ofusca o Menino Jesus? Não se transmitimos a nossa fé




A verdadeira magia do Natal é ver um desejo realizado e uma criança sempre grata aos seus pais que lhe transmitiram esta magia. Fala Monika Grygiel, psiquiatra, filha de Stanislaw, historiador amigo de Karol Wojtyla, professora no Pontifício Instituto João Paulo II, mãe de um menino de nove anos e de uma menina de seis.

Em um mundo sempre mais secularizado, em que Deus é um ilustre desconhecido e o Natal somente uma ocasião para fazer festa, como fazer em família para colocar no centro o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo?

As crianças vivem a experiência dos pais, portanto se no centro de nossa experiência do Natal está Jesus Cristo, assim será também para os filhos. Eis porque somos chamados antes de tudo a viver plenamente tanto a festa, mas, sobretudo a espera: o Natal começa com o Advento, com a espera de Jesus. Eis que então qualquer gesto se torna importante, a preparação do presépio, as decorações, uma leitura particular feita juntos, o calendário do Advento. Não pode ser nada forçado, deve ser uma experiência de fé compartilhada.

Porém, há uma antiga questão dos presentes. Que as crianças esperam eletrizadas. Para alguns, é o Papai Noel quem leva, para outros é o Menino Jesus, alguns pais procuram manter as duas coisas juntas dizendo que o Papai Noel é o ajudante do Menino Jesus, mas muitos planos se entrelaçam e o risco de que a figura pesada do Papai Noel ofusque o sentido verdadeiro do Natal existe... 

No meu país, a Polônia, os presentes da noite de Natal eram trazidos pelo Anjo. Quando cheguei na Itália descobri que aqui era o Menino Jesus que trazia, agora na maior parte das famílias passa para o Papai Noel, e eu com os meus filhos me adeqüei, em algumas zonas da Itália os presentes são levados pela Befana (ndt.: uma senhora idosa com aspecto de uma bruxa), mas eu penso que para as crianças esta seja uma coisa irrelevante, aquilo que conta é a magia. Me sinto triste um pouco por não ter mantido para os meus filhos o mesmo idêntico Natal que vivi, mas ao mesmo tempo é um grande desafio ver que eles, mesmo sendo diferentes de mim, também de mim quando era pequena, possuem o mesmo desejo no coração. E procurar juntos, com a experiência da minha história, as respostas para este desejo, agora e para eles, me parece algo belíssimo. Um repetir-se sempre novo e mágico da mesma história. Esta é a magia do Natal, ter alguém que compreende o desejo do teu coração.

Mas existe um risco que a atenção sobre os presentes ofusque todo o resto?

Não é o Papai Noel que faz perder o sentido do Natal, mas o modo como nós nos referimos a ele, o clima, a atmosfera que fazemos os nossos filhos respirar. A pertença a uma tradição, a relação que nós temos com Cristo vivo. Se nós não damos muita importância aos presentes, eles também não o darão. Os meus filhos, por exemplo, possuem limites no que pedem, certo pode acontecer que notem que ao amiguinho chegou algo melhor, mas também isso é educativo. O valor do presente no Natal é fruto daquilo que transmitimos sobre valor dos presentes durante todo o ano, é tudo dentro da experiência educativa.

A secularização penetrou também as escolas, em muitos institutos no período do Natal se fala genericamente da festa da luz, ou da festa da paz. Os pais podem encontrar-se dizendo coisas diferentes a respeito do que o professor disse, com o risco de criar confusão na criança...

Não devemos ter medo de dizer coisas diferentes em relação ao que dizem os professores se os nossos valores estão em jogo, as crianças sentem a nossa coerência, possuem necessidade de uma pertença, que não é somente afetiva. Como adultos temos a missão de não ter medo de declarar a pertença à nossa fé, à cultura e às nossas tradições. Os filhos então não serão confusos, mas orgulhosos, confiantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário