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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

João Paulo II: Os cônjuges Wojtyla em direção aos altares

 Costanza Signorelli





A arquidiocese de Cracóvia obteve da Conferência episcopal polonesa a permissão para dirigir-se à Santa Sé e dar início ao processo de beatificação dos pais do Papa Wojtyla: Karol Wojtyla e Emilia Kaczorowska. Uma família na qual se respirava santidade.

Durante o seu pontificado, elevou aos altares 1.338 beatos e 482 santos, ou seja: um número superior a todos os santos proclamados pelos seus predecessores colocados juntos. E, sem dúvida, o Papa que mais contribuiu para tornar a santidade algo da atualidade, bem como uma concreta aspiração para todos os batizados de todos os tempos.

É claro que João Paulo II não poderia ser senão um santo, mas o que hoje nos chega como notícia oficial é que foi tal também porque era circundado por uma inteira família de santos.

Dito em outras palavras: a arquidiocese de Cracóvia, nos últimos dias, obteve da Conferência episcopal polonesa a permissão para dirigir-se à Santa Sé pedindo o início do processo de beatificação dos pais do Papa Wojtyla: Karol Wojtyla e Emilia Kaczorowska.

Deve-se dizer, porém, que se de um lado, a santidade do papa polonês se consumou sob o olhar de todos, suscitando a estima até mesmo do mundo mais laico, dos pais do mesmo Pontífice se disse muito pouco, a não ser por meio de algum caso que provocou um grande afeto no coração dos fiéis.

Entre os poucos documentos publicados a respeito, existe um que resume com simplicidade e grande eficácia a vida destes especiais cônjuges do século vinte. Trata-se do livro: “Le due madri di papa Wojtyla” (As duas mães do papa Wojtyla), de Renzo Allegri que, para vantagem do leitor, queremos citar alguns trechos dele. No texto, de fato, que leva o título por causa da estreita ligação entre a mãe de João Paulo II e a figura de santa Gianna Beretta Molla, canonizada e tanto amada pelo mesmo Pontífice, emergem numerosíssimos detalhes sobre a família Wojtyla, toda investida pelo espírito de santidade.

ROUBARAM O CORAÇÃO

“Emilia Kaczorowska era filha de um seleiro lituano e nasceu em Silésia no 26 de março de 1884. Teve oito irmãos. A família se transferiu para Cracóvia quando ela ainda era pequena. Teve uma infância bastante triste, marcada por dores e desgraças. Em poucos anos perdeu quatro irmãos e a mãe. Cresceu em um colégio de irmãs da Misericórdia. Pôde frequentar somente a escola elementar, depois teve que passar a ganhar a vida. (...) Quando tinha 18 anos, conheceu um soldado, Karol Wojtyla e se enamorou”.

“Karol era cinco anos mais velho que ela, tinha nascido em Lipnik, em uma família de alfaiates, e também ele tinha aprendido a profissão de alfaiate, mas tinha depois abandonado pela carreira militar. (...) Segundo um relatório militar austríaco, o suboficial Karol Wojtyla era julgado pelos seus superiores “honesto, leal, sério, educado, modesto, reto, responsável, generoso e incansável”. Emília o conheceu na igreja católica de Cracóvia, que ambos frequentavam”.

Os dois jovens logo roubaram o coração um do outro e em 10 de fevereiro de 1994 (ndt.: julgo ter sido erro de digitação; a data precisa deve ser 1894), em Cracóvia, na Igreja militar da cidade, dedicada aos santos Pedro e Paulo, se uniram em matrimônio.

Em 1906 nasce o primeiro filho deles, Edmondo. Por algum tempo a família Wojtyla transcorreu dias felizes e despreocupados, primeiro em Cracóvia e depois em Wadowice, para onde se transferiram por causa do trabalho de Karol. Mas aqui, logo, iniciou o tempo da dura provação.

A HORA DA DECISÃO EXTREMA

Já frágil de saúde, Emília teve dificuldade de restabelecer-se do primeiro parto: os médicos lhe tinham por isso aconselhado de contentar-se com aquele único filho. Mas, em 1914, a mulher ficou grávida uma segunda vez, e a neonata não viveu a não ser poucas horas ou, talvez, poucos dias. Quase nada se sabe desta segunda filha, chamada Olga, senão o fato da gravidez e morte, Emília saiu dessa situação muito comprometida fisicamente e profundamente marca no ânimo. Os médicos desta vez foram taxativos: a mulher deveria conduzir uma vida de máxima reserva e nem mesmo distante deveria pensar em outra gravidez. Mesmo assim, no final de 1919, Emília se deu conta que esperava uma nova criança.

“Tinha já trinta e cinco anos e meio – conta Allegri – e a nova gravidez se mostrou logo difícil. Os médicos disseram que seria fatal para ela e para o nascituro: deveria então interrompê-la. Deveria abortar. O problema era grave. Emília conhecia bem as próprias condições de saúde. Sabia do risco que corria e teria pensado em seu marido, em seu filho Edmondo, que tinha então catorze anos e, também em si mesma. Não é fácil aceitar morrer com trinta e cinco anos. Mas era uma mulher de grande fé. Nem mesmo por um momento considerou a possibilidade do aborto. Com simplicidade extrema se confiou no bom Deus. Mas, por nenhuma razão do mundo, teria impedido àquele seu menino de nascer: estava disposta a morrer. Os nove meses de gestação foram cheios de complicações para a saúde de Emília. O parto se mostrou difícil, mas a criança nasceu sadia e robusta. Era o 18 de maio de 1920”.

O próprio João Paulo II contou que nasceu no momento do por do sol em 18 de maio e que sua mãe, terminado o trabalho, disse à parteira que abrisse as janelas do quarto para que a criança pudesse ouvir os cantos marianos que os devotos entoavam na igrejinha ao lado da casa, durante a função religiosa do mês de maio.

Como dito, a gravidez que deu à luz o futuro Pontífice, foi fatal para a mãe: a partir daquele momento Emília viveu nove anos de autêntico martírio. Os distúrbios no coração e nos rins pioraram drasticamente. As enxaquecas a deixavam dias inteiros na cama, no escuro. A dor nas costas aumentava sempre mais e as pernas inchavam a tal ponto que raramente conseguia manter-se em pé. “Mesmo assim – contou a vizinha de casa – a senhora Wojtyla suportava a dor com fé. Não falava jamais dos seus distúrbios e conseguia sempre manter um sorriso doce e sereno nos lábios, mesmo nos momentos de maior sofrimento. (...) Era sempre muito educada, típica mulher daquele tempo. Era querida de todos e também as pessoas desconhecidas se davam conta desta sua tranquilidade interna e da sua profunda religiosidade”. Em 13 de abril de 1929, Emília Kaczorowska, literalmente consumada pela dor, subiu ao Céu com somente quarenta e cinco anos.

UM SEMINÁRIO DOMÉSTICO

Assim como a mãe tinha doado a vida duas vezes pelo seu filho, fazendo-o vir ao mundo, à custa da sua própria vida, igualmente fez o santo pai do futuro Pontífice, se tornando ao mesmo tempo pai e mãe do pequeno Karol, depois da morte de Emília.

Depois da mãe, também o irmão Edmondo  os deixou: tendo se tornado médico, ele morreu com somente 26 anos depois de tratar uma jovem paciente que sofria de escarlatina séptica e letal, que ele mesmo contraiu. Não obstante fosse obrigação, em tais casos, o isolamento e a suspensão da cura, o jovem médico em consciência preferiu arriscar e perder a vida, mas não abandonar a pobre sofredora.

A partir daquele momento a vida do Senhor Karol foi inteiramente consumida em fazer crescer aquele único filho que permaneceu e, mesmo se ainda jovem, o viúvo não quis mais esposar-se novamente. Descreve Allegri: “Construiu com o filho um núcleo familiar muito unido e harmonioso, mas guiado por um horário ferrenho e militar. Despertar as seis, café e Missa na paróquia. Depois Lolek (assim costumavam chamar o papa Wojtyla em família, ndr) ia para a escola e Karol (então aposentado) aproveitava para arrumar a casa, para lavar a roupa, para remendar as vestes e cozinhar. Pela tarde, depois do almoço Lolek podia dedicar-se por duas horas a jogar com os amigos, depois estudava com o pai. No final do dia, iam de novo a Igreja juntos, jantavam, faziam uma breve caminhada e iam dormir”.

Ao amigo jornalista francês André Frossard, Papa Karol Wojtyla confidenciou: “Meu pai era uma pessoa maravilhosa e quase todas as minhas recordações da infância estão ligadas a ele, os fatos dolorosos que nos atingiram, abriram nele imensas profundezas de ânimo. Todos os seus pensamentos e preocupações se transformavam na oração. O via frequentemente ajoelhado rezando. (...) O seu exemplo bastava para ensinar a disciplina e o sentido do dever, era uma pessoa excepcional. (...) Entre nós não se falava de vocação ao sacerdócio, mas o seu exemplo foi para mim de algum modo o primeiro seminário, um tipo de seminário doméstico”.


Fonte: https://lanuovabq.it/it/i-coniugi-wojtyla-verso-gli-altari

Chile, desordem e igrejas incendiadas

 

Pelo menos duas igrejas no centro de Santiago do Chile foram incendiadas neste domingo depois da maciça manifestação que reuniu dezenas de milhares de pessoas, no primeiro aniversário do início dos protestos de 2019 e a somente uma semana do plebiscito para dar vida a uma nova Constituição. O primeiro santuário a queimar foi a igreja de São Francisco de Borja, usada regularmente pelas forças de polícia para cerimônias institucionais, e horas depois a queimar era a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, uma das mais antigas da capital, com mais de um século e meio de história.

A igreja de São Francisco de Borja foi saqueada e algumas das suas imagens religiosas foram queimadas pelas ruas, enquanto a de Nossa Senhora da Assunção viu a sua cúpula cair por terra consumida pelas chamas. Nas proximidades do local, batizado pelos manifestantes como Plaza Dignidad, foram também saqueadas várias lojas, entre as quais um supermercado de uma rede internacional, e foram registrados também ataques de homens encapuzados a algumas estações da polícia na periferia da capital.

O presidente e o secretário geral da Conferência episcopal do Chile expressaram, através de uma declaração, a sua proximidade àqueles que foram vítimas de atos de violência que contrastam com as expressões daqueles que manifestaram pacificamente.

A maior parte do Chile deseja ardentemente justiça e medidas eficazes que ajudem a superar a desigualdade; não quer mais corrupção ou abuso, esperam um tratamento com dignidade, respeito e équo. Cremos que esta maioria não sustenta ou justifique ações violentas que causam dor a indivíduos e famílias, danificando comunidades que não podem viver em paz nas suas casas ou no trabalho, amedrontadas por quem não procura construir nada, mas por outro lado destrói tudo.

O presidente chileno, o conservador Sebastián Piñera, que transcorreu toda a jornada na sua residência, se dirigiu na parte da tarde ao Palácio de La Moneda – sede do governo – para monitorar os incidentes, que obscureceram todo o dia transcorrido por horas em uma atmosfera muito festiva e familiar. Segundo os soldados, pelo menos 18 agentes ficaram feridos em diferentes partes da capital. Diferente das outras semanas, as forças de polícia foram retiradas durante a maior parte da jornada e começaram a agir quando os excessos começaram.

As manifestações pelo aniversário acontecem a uma semana do plebiscito para dar vida a uma nova Constituição. Constituição atualmente herdada da ditadura e vista como a origem da desigualdade que aflige o País. O plebiscito, que deveria ter acontecido em abril e foi remetido para outro período por causa da pandemia, procura diminuir a tensão em um País fortemente centralizado, que até o ano passado era considerado o mais estável da América Latina.

Continua a declaração do episcopado:

Neste domingo, 25 de outubro, os cidadãos que querem justiça, probidade, superação das desigualdades e oportunidades para poder se levantar como país, não serão intimidados pelas ameaças de violência e estarão presentes para cumprir a sua responsabilidade cívica. Nas democracias nos exprimimos com o voto livre em consciência, mas sob a pressão do terror e da força. Peçamos a todos que contribuam, a partir da família, trabalho e espaços sociais, com uma reflexão que nos consinta de tomar distância suficiente da violência irracional e de aproximar-nos da amizade cívica.

Fonte: https://www.iltimone.org/news-timone/cile-disordini-chiese-date-alle-fiamme/

terça-feira, 6 de outubro de 2020

“Dito isto, Jesus lapidou a adúltera”. Assim a China distorce o Evangelho

Leone Grotti

Nos livros de texto dedicados às escolas profissionalizantes, o Partido comunista distorceu o Evangelho fazendo Jesus realizar um homicídio

 


A inacreditável passagem do livro de texto destinado às escolas secundárias na China que distorce a famosa passagem do Evangelho de João.

“Quem de vós é sem pecado, atire a primeira pedra contra ela”. A resposta de Jesus, como descrito por João (8,1-11). Aos escribas e fariseus é uma das passagens mais famosas do Evangelho. Igualmente famoso é o final do episódio da adúltera: “Levantando-se então Jesus lhe disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?”. E ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. E Jesus lhe disse: “Nem eu te condeno; vá e de agora em diante não peque mais”. Ainda assim existe um país no mundo onde a narração do Evangelho não se conclui assim.

E JESUS LAPIDOU A ADÚLTERA

Como denunciado pela UcaNews, a história é distorcida em um livro de texto destinado às escolas secundárias na China. No subsídio publicado pela editora governativa da Universidade de ciência eletrônica e tecnologia, que tem o objetivo de ensinar nos institutos profissionais do Dragão “a lei e a ética profissional”, Jesus lapida a adúltera. Parece inacreditável, mas é exatamente assim.

Quando a multidão renuncia à intenção de punir a mulher, explica o “Evangelho com características chinesas”, Jesus lhe diz: “Também eu sou um pecador. Mas, se a lei pode ser praticada somente por homens sem mancha, a lei estaria morta”. E depois a mata.

“A IGREJA FAÇA CORRIGIR O LIVRO”

A passagem do texto, reproposto na página, foi publicada nas redes sociais chinesas por um católico. “Quero que todos saibam que o Partido comunista chinês sempre procurou distorcer a história da Igreja, de caluniar a nossa Igreja, e de fazer com que as pessoas odeiem a nossa Igreja”. Um docente cristão em uma escola profissional, Matthew Wang, confirmou o conteúdo do livro, explicando que pode mudar de província para província.

O objetivo de semelhante distorção é fazer passar a mensagem que todos devem obedecer à lei na China, a qual é encarnada no Partido comunista e pelas suas decisões, e que também os católicos devem fazê-lo, visto que até mesmo Jesus se submetia a ela. Kama, católico, espera que “as autoridades da Igreja se façam ouvir para que o livro seja corrigido”.

O regime não é novo em intervenções assim tão clamorosas, não obstante esteja em tratativa para renovar o acordo chino-vaticano. No ano passado, por exemplo, a Editora para a educação do povo tinha impresso um livro de texto para as crianças do quinto ano elementar, onde apagava qualquer referência a Deus, à Igreja e a Cristo em obras como A pequena vendedora de fósforos e A vida e as estranhas surpreendentes aventuras de  Robinson Crusoé. O objetivo (até agora jamais alcançado, por outro lado) é eliminar Deus para evitar que o cristianismo se difunda e fique somente a fé no comunismo guiado por Xi Jinping.

Fonte: https://www.tempi.it/cina-vangelo-gesu-adultera-partito-comunista-regime/