Pelo menos duas igrejas no centro de Santiago do Chile foram incendiadas neste domingo depois da maciça manifestação que reuniu dezenas de milhares de pessoas, no primeiro aniversário do início dos protestos de 2019 e a somente uma semana do plebiscito para dar vida a uma nova Constituição. O primeiro santuário a queimar foi a igreja de São Francisco de Borja, usada regularmente pelas forças de polícia para cerimônias institucionais, e horas depois a queimar era a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, uma das mais antigas da capital, com mais de um século e meio de história.
A igreja de São Francisco de Borja foi saqueada e algumas das suas imagens religiosas foram queimadas pelas ruas, enquanto a de Nossa Senhora da Assunção viu a sua cúpula cair por terra consumida pelas chamas. Nas proximidades do local, batizado pelos manifestantes como “Plaza Dignidad”, foram também saqueadas várias lojas, entre as quais um supermercado de uma rede internacional, e foram registrados também ataques de homens encapuzados a algumas estações da polícia na periferia da capital.
O presidente e o secretário geral da Conferência episcopal do Chile expressaram, através de uma declaração, a sua proximidade àqueles que foram vítimas de atos de violência que contrastam com as expressões daqueles que manifestaram pacificamente.
“A maior parte do Chile deseja ardentemente justiça e medidas eficazes que ajudem a superar a desigualdade; não quer mais corrupção ou abuso, esperam um tratamento com dignidade, respeito e équo. Cremos que esta maioria não sustenta ou justifique ações violentas que causam dor a indivíduos e famílias, danificando comunidades que não podem viver em paz nas suas casas ou no trabalho, amedrontadas por quem não procura construir nada, mas por outro lado destrói tudo”.
O presidente chileno, o conservador Sebastián Piñera, que transcorreu toda a jornada na sua residência, se dirigiu na parte da tarde ao Palácio de La Moneda – sede do governo – para monitorar os incidentes, que obscureceram todo o dia transcorrido por horas em uma atmosfera muito festiva e familiar. Segundo os soldados, pelo menos 18 agentes ficaram feridos em diferentes partes da capital. Diferente das outras semanas, as forças de polícia foram retiradas durante a maior parte da jornada e começaram a agir quando os excessos começaram.
As manifestações pelo aniversário acontecem a uma semana do plebiscito para dar vida a uma nova Constituição. Constituição atualmente herdada da ditadura e vista como a origem da desigualdade que aflige o País. O plebiscito, que deveria ter acontecido em abril e foi remetido para outro período por causa da pandemia, procura diminuir a tensão em um País fortemente centralizado, que até o ano passado era considerado o mais estável da América Latina.
Continua a declaração do episcopado:
“Neste domingo, 25 de outubro, os cidadãos que querem justiça, probidade, superação das desigualdades e oportunidades para poder se levantar como país, não serão intimidados pelas ameaças de violência e estarão presentes para cumprir a sua responsabilidade cívica. Nas democracias nos exprimimos com o voto livre em consciência, mas sob a pressão do terror e da força. Peçamos a todos que contribuam, a partir da família, trabalho e espaços sociais, com uma reflexão que nos consinta de tomar distância suficiente da violência irracional e de aproximar-nos da amizade cívica”.
Fonte: https://www.iltimone.org/news-timone/cile-disordini-chiese-date-alle-fiamme/
Nenhum comentário:
Postar um comentário