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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

"Nós, cristãos, imersos em um mundo que precisa ser salvo"


O desenvolvimento histórico-social do mundo possui uma importância para a construção do Reino de Deus? Sobre esta pergunta o pensamento teológico produziu duas escolas de pensamento delineadas no encarnacionismo e no escatologismo. Mas, enquanto a segunda nos recorda que a Igreja conquista o mundo difundindo nele o Evangelho e os Sacramentos, a primeira deu espaço à teologia política de um mundo inclinado sobre si mesmo. A segunda parte da lectio magistralis de Pe. Mauro Gagliardi na jornada da Doutrina social.


Prosseguimos com a leitura da lectio magistralis de Pe. Mauro Gagliardi feita em 2 de fevereiro passado no teatro Guanella no âmbito da jornada de Doutrina social promovida pela Nuova BQ e pelo Osservatorio Van Thuan.

***

Uma outra pergunta, relacionada com as anteriores, é esta: o desenvolvimento histórico-social do mundo possui importância ou não em relação à constituição da Jerusalém celeste? Ou seja: os progressos históricos da humanidade preparam diretamente o advento do Reino de Deus, ou são quase irrelevantes em relação à vinda do final dos tempos? Também esta problemática foi enfrentada na teologia do século XX, em uma controvérsia entre duas posições opostas: o encarnacionismo de autores como G. Thils e D. Dubarle, e o escatologismo de outros como L. Bouyer e J. Daniélou.

O escatologismo é posição mais clássica e consiste no dizer que existe uma nítida distinção entre o progresso humano e social e vinda do Reino final de Deus. O progresso coligado com a vinda final do Senhor, que virá um dia para julgar o mundo e para estabelecer novos céus e nova terra. Existiria descontinuidade entre a história que nós vivemos e o início dos últimos tempos. Os teólogos que sustentam esta tese dizem que no Novo Testamento não se dá importância à história depois da vinda de Cristo; ou melhor, os primeiros cristãos parecem desejar que a história humana terminasse o mais rápido possível, de modo que possa começar o Reino definitivo de Cristo. Isto se exprime na oração “Maranatha, Vem, Senhor Jesus!”. Também o Credo, que recitamos todos os domingos na Missa, salta diretamente da ressurreição e ascensão ao Céu do Senhor, ao fato que Jesus virá no final “para julgar os vivos e os mortos e o seu reino não terá fim”: portanto, na nossa profissão de fé, a história intermédia não parece ser muito relevante. Ela é somente um período de fastidiosa espera e não possui em si valor para o Reino de Deus. Santo Agostinho é um dos Padres mais representativos desta corrente. Ele sustenta – referindo-se a São Paulo – que a plenitude dos tempos já veio; por isso, da história não devemos esperar nada de novo que tenha realmente importância. Mas então, para que serve a história? Para os escatologistas, a história é o tempo que Deus nos dá para que cada um de nós, vivendo segundo o Evangelho, possa merecer a sua salvação; e é também o tempo em que, através da nossa cooperação, o mundo, entendido, sobretudo do ponto de vista moral, possa retornar para Deus através de Cristo. mas, neste tempo intermédio entre a primeira e a segunda vinda de Cristo não se verifica – segundo o escatologismo – um processo de purificação dinâmico e progressivo de toda a sociedade: se trata sempre de indivíduos singulares, ou talvez também de grupos e povos que se abrem à graça, e se salvam; ou talvez que se fecham a ela, e se condenam. Neste tempo intermédio, a Igreja luta para ganhar almas para Cristo.

No lado oposto estão os teólogos que escolhem o modelo chamado encarnacionista. Segundo eles, a graça de Cristo opera neste mundo e tende a realizar formas melhores de humanidade e sociabilidade, as quais são prelúdio e depósito das perfeições futuras do Reino celeste de Deus. A graça é aqui considerada como enriquecimento do mundo, que o orienta a novos objetivos. A vinda do Reino de Deus coincidirá, segundo os encarnacionistas, com o cumprimento do caminho perfeito da humanidade na história, de formas de sociabilidade imperfeitas atrasadas, a formas evoluídas. Certo, também para estes teólogos, o Reino virá por iniciativa de Deus, mas não sem liames com o desenvolvimento do quanto é contingente. Como foi acenado, Teilhard entende isso, sobretudo em sentido cósmico, entendendo a palavra “mundo” como cosmos, o conjunto da criação visível. Existem outros autores, ao invés, que aplicaram este esquema ao mundo entendido como sociedade civil e história. Entre estes, podemos citar o teólogo alemão Johannes Baptist Metz, o qual sustenta que é a sociedade que deve ser modificada, para poder se tornar o Reino de Deus. A salvação não é coisa privada e individual, ele diz, mas “elemento crítico e libertador deste mundo social e do seu processo histórico” (Sul concetto della nuova teologia politica, 1967-1997, Brescia 1998, p. 14 / Sobre o conceito da nova teologia política...). Metz, discípulo de Rahner, é considerado o pai da teologia política, a qual parece tender a tornar imanente e coletivo o conceito de Reino.

Em síntese: para os escatologistas, a Igreja conquista o mundo para Cristo, sobretudo difundindo o Evangelho, celebrando os Sacramentos e realizando um ambiente humano e social que facilite uma vida ordenada segundo os mandamentos. Para os encarnacionistas, ao invés, a obra da Igreja para o mundo consistiria, sobretudo no favorecer o desenvolvimento positivo do mundo enquanto tal. Ambos os grupos podem recorrer aos textos evangélicos do fermento na massa ou do sal que dá sabor: para os escatologistas são imagens de expansão do Reino sobrenatural na mistura natural; para os encarnacionistas indica a cooperação de uma minoria que, no final das contas, permanece tal, mas que trabalha junto aos outros componentes da massa.

Em base a tudo isto, nos perguntamos: este mundo é bom ou é mau em si mesmo?  Ele deve ser deixado assim como é e até mesmo acompanhado na sua mundanidade, ou deve ser modificado, transformado e até mesmo conquistado? E, nesta segunda hipótese, qual é o sentido, a finalidade de tal transformação? A Igreja, ou seja, os batizados: o que devem fazer no confronto com o mundo? Cristo deve reinar somente sobre as almas, ou também em seus corpos sociais? Os católicos, especificamente os leigos, devem preocupar-se somente de viver na graça de Deus a nível pessoal, ou devem trabalhar para expandir o Reino de Cristo também visivelmente e socialmente? E enfim: a expressão “Reino social de Cristo” significa o mesmo que “Reino político de Cristo”?

Trata-se obviamente de perguntas enormes, as quais nós devemos procurar dar resposta em um tempo restrito. Para tentar uma empresa assim árdua, dirijamo-nos – como sempre é preciso fazer – à mensagem da Revelação, começando do que ela nos diz sobre o mundo.

Na Sagrada Escritura, o mundo é antes de tudo o conjunto do céu e da terra (cf.: Gn 1,1), ou seja, de tudo isto que foi criado por Deus, o cosmos. Neste sentido, o mundo é bom: Deus viu que tudo que tinha feito era coisa muito boa (cf.: Gn 1,31); as criaturas são sadias e nelas não existe veneno de morte, diz o Livro da Sabedoria (cf.: 1,14). Mas, um pouco mais adiante, o Livro acrescenta que a morte entrou no mundo por inveja do diabo (cf.: 2,24). O mundo, entendido como criação, permanece ainda belo e ordenado, e enquanto tal é um sinal claro da existência do Criador, mas ao mesmo tempo está ferido: nele foi inserido um veneno que o corrói. Por isso, o mundo não é mais somente o maravilhoso habitat criado por Deus para a sua criatura terrestre preferida: o homem. Agora o mundo é também motivo de sofrimento para o homem: o pecado original induz Deus a pronunciar a seguinte sentença: “Maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar” (Gn 3,17-19).

A Escritura, porém, não condena definitivamente o mundo. Nela se fala também de uma restauração do mundo: isto é feito com diferentes imagens; sejam aquelas de uma restauração do paraíso terrestre, que encontramos em alguns profetas do Antigo Testamento, sejam aquelas – chamadas de apocalípticas – de uma destruição, de uma conflagração final de tudo, que depois deveria dar espaço a um novo início, chamado às vezes de “novos céus e nova terra” (cf.: Is 65,17; 66,22). Em qualquer modo se imagine esta restauração final, existe um tempo intermédio entre o pecado original e o final do mundo: a história. É neste tempo intermédio que se joga a relação Igreja-mundo.

A via da fé

O Novo Testamento retoma do Antigo a ideia de que o mundo foi criado por Deus e precisa que em particular todas as coisas foram feitas por meio do Verbo (cf.: Jo 1,3), ou seja, a segunda Pessoa da Trindade, que da encarnação em diante se chama Jesus de Nazaré, filho de Maria. Jesus Cristo, homem e Deus, nos traz a salvação e a revelação definitivas. Na revelação definitiva do Novo Testamento, reencontramos com ulterior precisão o que já dissemos: o mundo saiu das mãos de Deus, mas está agora corrompido pela inveja do diabo, que induziu o homem a pecar.

Por isso frequentemente a palavra “mundo” pode e até mesmo deve ser usada negativamente. Por exemplo, São Paulo fala do espírito deste mundo que não é capaz de compreender os segredos e os dons de Deus (cf.: 1Cor 2,12) ou da sabedoria do mundo que se gloria das suas especulações racionalistas e por isso não é capaz de acolher a revelação de Deus (cf.: 1Cor 1,20). São João fala do Anticristo que está operando no mundo (cf.: 1Jo 4,3). Quanto ao Senhor Jesus Cristo, também Ele nos avisou da corrupção do mundo, dizendo: vos deixo a paz, mas a minha paz é diferente da paz do mundo (cf.: Jo 14,27). Desde o início, a vinda de Jesus entre nós foi obstaculizada pelo mundo: o mundo não o reconheceu (cf.: Jo 1,10). Jesus diz de si mesmo: eu não sou deste mundo (cf.: Jo 8,23; 17,14) e: o meu reino não é deste mundo (cf.: Jo 18,36). Na realidade, para Jesus, este mundo é muito mais o reino de Satanás; o reconhece o próprio demônio quando coloca Jesus à prova no deserto dizendo-lhes: “Dar-te-ei todo este poder e a glória desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero” (Lc 4,6).  Por isso o mundo odeia Jesus (cf.: Jo 15,18), mas o Senhor recorda que o príncipe deste mundo não possui nenhum poder sobre ele (cf.: Jo 14,30).

Estando assim as coisas, nós podemos dizer: o mundo está perdido; o mundo é todo e somente negatividade. Por isto, Jesus no cenáculo disse que rezava ao Pai somente pelos seus discípulos, mas que não tinha rezado pelo mundo (cf.: Jo 17,9). Porém, no Novo Testamento, encontramos também outras expressões. A primeira é esta: “Deus tanto amou o mundo que entregou o seu Filho unigênito” (Jo 3,16). Jesus depois disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 9, 5) e além do mais, ensina que o pão que desceu do céu, a Eucaristia, “dá a vida ao mundo” (Jo 6,33. Cf.: 6,51). Ainda mais claramente, o Senhor diz: “Não vim para condenar o mundo, para salvar o mundo” (Jo 12,47).

Como se vê, existem duas linhas de ensinamento, ambas claras: o mundo é mau e está sob a condenação; mas Deus amou o mundo e por isso enviou o Filho para salvá-lo. Esta salvação se cumpre antes de tudo com a redenção, operada por Jesus com o seu sacrifício pessoal. Trata-se de uma purificação do mundo do pecado, de uma restituição do estado de santidade original. Neste sentido, Jesus mesmo condena o mundo, mesmo se o condena para purificá-lo, para salvá-lo, para separar os cabritos das ovelhas, o trigo do joio, a criação do pecado. A obra de Cristo é uma luta contra Satanás, que é vencido: “Agora é o julgamento deste mundo; agora o príncipe deste mundo será jogado fora” (Jo 12,31). Por  isso, Jesus nos exorta: “Tende coragem: eu venci o mundo!” (JO 16,33).

Esta situação se projeta de Jesus aos discípulos, a nós. Os cristãos estão em relação ao mundo na mesma relação em que está Jesus, o qual, falando ao Pai, disse de nós: “Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo” (Jo 17, 14; cf.: 17,16). Agora nós vivemos ainda no mundo, no reino de Satanás e do pecado, porém, não pertencemos ao mundo da corrupção: isto é o cristianismo. São Tiago, por isso, diz que o cristão deve ter cuidado com a podridão do mundo (cf.: Tg 1,27) porque a amizade com o mundo é inimizade com Deus (cf.: Tg 4,4); São João diz que não devemos amar este mundo (1Jo 2,15); e São Paulo ensina que não devemos conformar o nosso pensamento com o pensamento do mundo (cf.: Rm 12,2). Todavia, o próprio Novo Testamento nos recorda que, assim como Cristo, nós temos uma verdade e um testemunho a dar ao mundo (cf.: Jo 17,18) e exatamente estes poderão ajudar o mundo a purificar-se. Este é o mais alto ato de amor que podemos fazer pelo mundo, que mesmo assim nos odeia, porque somos de Cristo (cf.: Jo 15,18). O Novo Testamento diz que a arma invencível para enfrentar o mundo é a nossa fé (Hb 11,7; 1Jo 5,4).


2 - Continua 



Fonte:



terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Igreja e mundo, relação necessária e de Graça


Mauro Gagliardi

«Do conceito que tivermos da criação e da graça, bem como da relação entre as duas, brotará também a nossa teologia da relação Igreja-mundo. À pergunta: “O mundo precisa de Cristo?”, se responderá de modo diferente segundo o ponto de vista teológico de partida». Eis a primeira parte da conferência de Pe. Mauro Gagliardi apresentada no evento da Nuova BQ sobre a Doutrina social. Para começar do princípio a formar os critérios com os quais escolher e decidir em vista do voto de 4 de março (ndt.: Os italianos irão escolher no dia 4 de março os deputados e senadores que formarão o parlamento daquele país).


Em vista das eleições políticas de 4 de março, a Nuova BQ está seguindo a campanha eleitoral concentrando-se não sobre as declarações e propaganda eleitoral deste ou daquele candidato, mas sobre as razões que permitam a cada eleitor, sobretudo católico, de formar para si um juízo claro sobre os critérios com os quais efetuar segundo a Doutrina social da Igreja a própria escolha.

É uma atividade pré-política, mas que não quer atrapalhar a nenhum partido porque aquilo que nos interessa é oferecer aos leitores as razões do ser mais que aquelas do fazer, que vem como consequência.

É o sentido da jornada que A Nuova BQ ofereceu aos seus leitores sábado, 3 de fevereiro em Milão, organizando junto ao Osservatorio Van Thuan um evento de estudos sobre os critérios de escolha. No curso da jornada, houve muita relevância à conferência de Pe. Mauro Gagliardi, professor ordinário no Ateneo Pontificio Regina Apostolorum e professor convidado da Pontificia Università di San Tommaso (Angelicum) de Roma. A conferência de Gagliardi foi uma reflexão sobre a base teológica através da qual construir as razões e critérios dos conferencistas do evento, que se desenvolveu no Teatro Guanella de Milão. Uma longa lectio magistralis sobre a teologia da relação entre Igreja-mundo: doutrina e praxe que por comodidade de percurso dividimos em três partes e que publicaremos hoje e nos próximos domingos (ndt.: nas próximas terças para nós).

Nesta primeira exposição, Pe. Gagliardi toca o tema da Natureza e da Graça, para chegar a fazer compreender como a segunda de onde inserimos a ordem sobrenatural, derive a nossa relação com o mundo e definitivamente com a política.

***
Para colocar adequadamente o tema que me foi pedido de tratar, é necessário partir de um elemento fundamental da doutrina católica, ou seja, a distinção de uma dupla ordem da realidade: a ordem natural e a sobrenatural. Em base a isto, diferenciamos também a verdade de ordem natural e a verdade de ordem sobrenatural: as primeiras assimiláveis à luz somente da razão, enquanto as outras assimiláveis exclusivamente com a luz da revelação divina e, portanto da razão iluminada pela fé e jamais sem a fé.

A ordem natural e a sobrenatural são realmente subsistentes: ou seja, existem em si e por si e não somente na nossa mente; mas não são opostas uma à outra. Elas são denominadas também natureza e graça. Qual é a relação entre as duas? É uma relação de recíproca atração. Sendo subsistentes em si e por si, as duas ordens da realidade possuem certa autonomia, ou seja, pode existir também uma sem a outra; mas esta autonomia é relativa e não absoluta exatamente porque Deus lhes estabeleceu com recíproca atração. Santo Tomás de Aquino ensinou que a graça não se opõe à natureza, mas ao contrário pressupõe a natureza, a recupera dos defeitos que se inseriram nela por causa do pecado do homem e a eleva, aperfeiçoando-a,  nestas poucas palavras está tudo.

A criação possui certa autonomia: O Criador colocou na ordem natural uma consistência própria que se rege sozinha, sem necessidade de que por detrás de cada processo natural esteja atuando uma ação sobrenatural. Se o provérbio popular diz: “não cai uma folha sem que Deus permita”, nós sabemos que isto significa que não cai uma folha se não por motivo da lei da gravidade, que Deus estabeleceu no cosmo material. Não significa que Deus com uma graça atual sobrenatural jogue para o solo cada folha que cai. Esta autonomia da criação é real, mas também relativa, porque é uma autonomia de qualquer modo ligada ao Criador, a Deus. Pertence à visão ateia pensar uma autonomia absoluta do cosmo. Por isto, o Vaticano II ensinou que a criatura sem o Criador desaparece (GS 36). Esta relativa autonomia da criação, além do mais, implica que a criação não se eleva por si à própria perfeição, porque esta elevação é obra da graça.

A graça, por sua vez, possui igualmente uma sua autonomia, ou seja, a ordem sobrenatural poderia subsistir em si também sem aquela natural. Todavia, a graça – diz Santo Tomás – supõe a natureza, ou seja, a graça se estende sobre a natureza, é oferecida por Deus à natureza, em vista da recuperação e da elevação perfeita da própria natureza. Como consequência, na medida em que as duas ordens são distintas, elas não são separadas e são ordenadas uma à outra.

A isto se deve acrescentar que a teologia católica sempre destacou, sobretudo de Santo Agostinho em diante, o caráter eminentemente gratuito da graça, chamando-a em latim de gratia exatamente porque é dada grátis, ou seja, porque é dom de Deus. Um dom é gratuito, senão não é tal. Um dom é uma oferta não devida, de outro modo seria um salário. A graça divina é dom sobrenatural gratuito, indevido, da parte de Deus. É o tema da gratuidade sobrenatural, que não é devida à natureza, mas é dada à natureza exatamente pela graça, porque Deus assim o quer e não por um mérito prévio das criaturas. Agostinho blindou esta doutrina contra o Pelagianismo.

O tema natureza/graça retornou ao centro de acesas discussões teológicas na primeira metade do século XX. Recorda-se, por exemplo, o nome do paleontólogo jesuíta Teilhard de Chardin, que na sua tentativa de conciliar ciência e fé, terminou por identificar a evolução cósmica com a história da salvação, suprimindo de fato a distinção entre processos naturais e plano salvífico sobrenatural de Deus. Outro nome excelente é aquele do estudioso de patrologia e depois cardeal, Henri de Lubac, o qual esteve no centro de um vivo debate sobre o tema natureza/graça. A questão assume tal importância a ponto de induzir o Papa Pio XII a intervir e, na encíclica Humani generis, advertiu – sem citar nomes, mas talvez se referindo a de Lubac – aos teólogos que com as suas recentes teorias colocavam em risco a noção de gratuidade sobrenatural. De Lubac, em todo caso, depois de um primeiro ensaio histórico um pouco imprudente intitulado Surnaturel, escreveu nele outro de natureza teológica intitulado “O mistério do sobrenatural”, no qual assume posições equilibradas. Não foi assim que fez, ao invés, outro jesuíta (do qual em seguida o próprio de Lubac se afastará): o alemão Karl Rahner, o qual pareceu inicialmente querer defender a posição de Pio XII, enquanto ao invés desenvolveu uma teologia em que a distinção entre natural e sobrenatural era de tal modo diluída, a ponto de resultar praticamente eliminada. Podemos aqui somente mencionar, além disso em maneira muita rápida, duas teses teológicas suas. A primeira se refere à definição da graça.

Para Rahner, a graça é o “existencial sobrenatural”, ou seja, uma dimensão existencial que pertence ao homem enquanto homem e que o homem, mesmo no pecado, não pode jamais verdadeiramente perder. Portanto, a graça, segundo Rahner, faz parte do conceito de natureza humana, sendo parte deste a nível nocional e existencial (para Rahner, se poderia criar por hipótese, somente em maneira teórica, um homem natural sem a existência sobrenatural). Uma segunda tese de Rahner é aquela do mundo como sacramento, ou seja, o mundo como sinal e instrumento da ação de Deus. Como tal ação na teologia clássica pertence à ordem sobrenatural, com a terminologia rahneriana do sacramentum mundi, o mundo na sua mundanidade é já expressão da graça. O mundo não é o profano ao qual vai acrescentado em seguida o sacro. O mundo é já e sempre impregnado do sobrenatural. Também aqui, portanto, a distinção entre  natureza e graça é tirada.
 
Teríamos muito a dizer para ilustrar adequadamente estes temas, mas aqui devemos renunciar a qualquer aprofundamento em referência a isto. Em base a estes poucos acenos, podemos agora nos voltar para o tema da relação Igreja-mundo, que não é outra coisa senão uma das tantas declinações possíveis da questão descrita: a relação entre natural e sobrenatural. O mundo, de fato, exprime a ordem natural, que tem origem em Deus enquanto Criador. A Igreja, ao invés, é parte da ordem sobrenatural, que tem Deus por Autor e Condutor. De fato, na ordem sobrenatural, Deus age com intervenções orientadas a realizar uma providencial história da salvação, que desemboque no fim último da vida no Céu. A Igreja é um mistério de graça, não uma realidade simplesmente humana – não obstante tenha uma componente claramente humana. Enquanto mistério de graça, ela pertence à ordem sobrenatural. A Igreja de fato foi fundada por Deus-Homem Jesus Cristo e não por um ou mais homens quaisquer.

Do conceito que tivermos da criação e da graça, bem como da relação entre as duas, brotará também a nossa teologia da relação Igreja-mundo. À pergunta: “o mundo precisa da graça?”, ou seja: “o mundo precisa de Cristo?”; se responderá de modo diferente segundo o ponto de vista teológico de partida. Se o mundo é já em si um sacramento de Deus, um instrumento divino, se a noção de graça está já contida no conceito de “mundo”, parece difícil ver como se possa afirmar que o mundo tenha necessidade de alguém que, por assim dizer, do “externo” lhe ofereça Cristo/a graça enquanto causa necessária para o seu aperfeiçoamento. Em uma ótica semelhante, a Igreja não deveria fazer outra coisa a não ser contribuir para a preservação do mundo enquanto mundo, do humano enquanto humano, porque já no mundano e no humano existiria a graça salvífica.

A Igreja, antes, deveria em fundo identificar-se de qualquer modo com o humano e o mundano. Ao invés, se afirmamos uma autonomia somente relativa da criação, nos damos conta de que a criação pode alcançar o seu fim último somente pela obra da graça, sanante e elevante. Como consequência, a ação de Cristo no mundo e sobre o mundo será entendida como necessária. E a ação da Igreja em relação com o mundo assumirá características de outro tipo em relação àquela delineada pela perspectiva que acabamos de mencionar.

(1-    continua)

Fonte:
http://www.lanuovabq.it/it/chiesa-e-mondo-rapporto-necessario-e-di-grazia

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Aquilo que temos é graças à civilização cristã

Rino Cammilleri

O que seria o mundo sem o cristianismo e a civilização que este gerou? Esta pergunta foi respondida muitas vezes e de modo exaustivo, mas a memória é talvez a coisa mais fugaz que exista, mesmo porque é a mais facilmente passível de ser corrompida. Por isso, incansavelmente, recordamos como era o mundo antes de Cristo e, visto que existimos, damos uma olhada para aquelas partes do mundo em que Cristo não está. O mundo não cristão, seja ateu, seja budista, seja hinduísta ou muçulmano, nos impressiona por sua natureza estática.

Mais “integral” está, e mais parado há milênios. Somente para recordar um exemplo, as zonas em que está vigente a sharia vivem ainda no VII século e, não têm a intenção de se distanciar, pelo contrário. Pegaram da civilização cristã as descobertas tecnológicas, mas rejeitaram o resto, vivendo uma vida totalmente difícil: se és mulher, mesmo que tenhas o automóvel, não podes dirigir. Na África, onde os missionários cristãos não se estabeleceram, as bruxarias e as mais severas superstições continuam sendo praticadas, ao ponto de matarem os albinos, os “vampiros” e até os calvos.

Uma existência esquizofrênica se constata lá nesses lugares da Ásia onde Cristo é expulso, mas não a televisão. Os países ainda comunistas não rejeitaram a civilização cristã, de fato, eles existem devido a Marx, que é um dos frutos do século XIX das heresias seculares pós-jacobinas. E até mesmo os jihadistas são devidos ao jacobinismo do “terror”, e aos protestantes americanos do “fundamentalismo”. Antes de Cristo, a humanidade era (não) igualmente dividida entre livres e escravos, com os segundos que atuaram como um animal de carga ou entretenimento para os primeiros. Sempre foi assim e todos, até mesmo o grande Aristóteles, consideravam que fosse justo assim.

As mulheres eram propriedade do pai e do marido depois.Compradas e vendidas, objeto de contratação, esposas-crianças não tinham nem mesmo o direito ao nome próprio: até os romanos mais civilizados davam às filhas, quase sempre únicas, o nome genérico de gens; se a gens era Otávia, a filha se chamava Otávia, se era Júlia, se chamava Júlia. O aborto era normal e reconhecido legalmente. O aborto seletivo, a prejuízo das fêmeas, também. Todas estas coisas, é verdade, retornaram à moda com força, mas hoje pelos menos alguém se sente indignado, antes era pacífico.

Os doentes? Durante a peste de Alexandria, dizem as crônicas, os pagãos se escandalizavam do fato de que os cristãos assistissem os acometidos pela peste e cuidassem deles. Os cristãos organizavam a sua “caridade” e eis o surgimento dos hospitais. A rejeição ao aborto trouxe a primavera demográfica depois que o Império romano estava morto exatamente pelo controle da natalidade. Os primeiros mártires cristãos foram assassinados porque tinham ousado reivindicar, rejeitando as núpcias impostas, a sua personalidade e liberdade. Os séculos cristãos tiveram uma infinidade de rainhas, ou seja, a mais alta função de estado.

Para os romanos, a mulher servia somente para uma coisa: «domo mansit, lanam fecit» (para permanecer em casa fiando a lã), assim se lia nas tumbas das matronas, e era um elogio excessivo. Inventar algo de tecnológico? E por quê? Havia os escravos. Em suma, graças à Boa Nova, a humanidade floresceu, e é exatamente à civilização cristã que devemos as nossas casas aquecidas, a abundância de alimento e bens, os direitos. Agora, eis um Dizionario elementare della civiltà cattolica. Scoperte. Conquiste, Traguardi  (a cura di G. Barra, M. A. Iannaccone, M. Respinti, ed. Istituto di Apologetica, pp. 545, €. 25) – Dicionário elementar da civilização católica. Descobertas, Conquistas, objetivos (editado por G. Barra, M. A. Iannaccone, M. Respinti, ed. Istituto di Apologetica, pp. 545, €. 25) – para ser consultado e ter entre as obras mais caras da nossa biblioteca. Impossível de resumir aqui, mas traz exatamente tudo, voz por voz. Também o subscrito participou compilando a voz relativa a Pio XII e ao reconhecimento que a ele foi dado pelos hebreus salvos pela Igreja no tempo do nazismo. É possível solicitar também a info@iltimone.org. Não perca esta oportunidade.


Fonte:


Boa sugestão de leitura:



quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Imagine de John Lennon; música do século futuro?

John Lennon sempre apareceu como um pacifista e um portador de mensagens humanitárias. Examinando a música “Imagine”, se percebe, porém que convida a uma nova ordem mundial e procura convencer-nos de que sem Deus todos estariam em uma melhor situação

IMAGINE DE JOHN LENNON: MÚSICA DO SÉCULO PASSADO QUE PREPARA OS HOMENS PARA O SÉCULO FUTURO
 Imagine de John Lennon foi decretada inúmeras vezes (também oficialmente creio) a música do século passado. Certo, não se pode dizer que a sua melodia não seja sublime, e a um ouvido pouco atento também os seus textos pareceriam verdadeira poesia. Mas, examinando-os atentamente se pode deduzir como seja sutil e bem escondida mensagem que, subliminarmente (não tão subliminar assim), chega aos nossos ouvidos: 
 Imagine não haver o paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum Inferno abaixo de nós
Acima de nós, só o céu

Imagine todas as pessoas
Vivendo o presente
Imagine que não houvesse nenhum país
Não é difícil imaginar
Nenhum motivo para matar ou morrer
E nem religião, também

Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo será como um só

Imagine que não ha posses
Eu me pergunto se você pode
Sem a necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens
Imagine todas as pessoas
Partilhando todo o mundo

 2 MENSAGENS CLARAS: O PARAÍSO (E DEUS) E O INFERNO (O DIABO) NÃO EXISTEM
 Imagine não haver o paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum Inferno abaixo de nós
Acima de nós, só o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo o presente
Parece até que John quisesse convencer-nos que sem o paraíso estaríamos vivendo melhor. É fácil, diz ele! Quase como se quisesse retirar de nós um peso; aquela questão que assombra cada homem: existirá ou não o paraíso? Não pensar nisso, diz John! Imagine, não existiria nem mesmo o inferno, somente o céu terreno sobre nós! Com 2 mentiras consegue quase fazer-nos crer que seja melhor como ele mostra.
Na realidade, a primeira afirmação, apta a negar o paraíso é uma mensagem subliminar que quer fazer-nos crer que não somente o paraíso (e, portanto, o reino de Deus) não exista, mas de consequência também o próprio Deus. Isto para fazer os homens perder a fé. Um clássico pensamento ateu tão na moda nos tempos de John e retornado à moda a cada dia, em que qualquer tolo se obstina a crer e a querer fazer crer a outros que sem Deus nós estaríamos vivendo melhor, mas sobretudo que não existe necessidade dele.
O segundo passo é uma clássica influência demoníaca, em que o diabo tenta o pobre John a escrever e cantar esta horrenda lamentação mascarada de grande música, com o objetivo de esconder a sua existência. Nada de inferno e, portanto nada de diabo. Atingido assim o objetivo primário do diabo que é aquele de fazer com que os homens acreditem que ele não exista. Enfim, uma pequena esperança, que permita que a primeira fase da música pareça legal: “somente o céu sobre nós”. Aos homens é devido muito mais que um céu terreno! É devido o reino de Deus!
Imagine depois que o povo viva somente para o presente. Tudo é esvaziado! Nada de esperança, nada de sonhos, nada de passado e nada de futuro, nada de memória e nada de experiência. Somente o hoje, somente o agora! Poderia parecer quase ter relação com algumas escrituras que dizem que a cada dia basta a sua pena, mas isto não significa que os homens deveriam viver somente o presente!

UMA GRANDE MISTURA DE ATEÍSMO E DE NOVA ORDEM MUNDIAL PARA AGRADAR OS TOLOS
 Imagine que não houvesse nenhum país
Não é difícil imaginar
Nenhum motivo para matar ou morrer
E nem religião, também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
 A primeira frase parece um prelúdio à nova ordem mundial, que nos passos sucessivos da música encontra de fato confirmação. Nada para matar e morrer. Portanto, nem mesmo para dar a vida e viver? Pois em um mundo onde não existe o mal, não existe nem sequer o bem. Eles são a mesma coisa. Acima de qualquer contexto e regra divina. Sem um o outro não existe. A força e o futuro dos homens estão no fato de que um dia viverão conhecendo plenamente ambos e a sua consciência será tão ampla, tão infinita, que viverão somente para o bem, rejeitando completamente o mal. Ambos existirão, mas o mal não terá modo de existir, porque ninguém o cumprirá.
Mas não é ainda este o dia. Antes de ver a luz, os homens devem passar através das trevas. Iludi-los de que exista um atalho equivale a distanciá-los da verdade, enfraquece-los. Mostrar-lhes as coisas como estão equivale ao invés torná-los conscientes dos próprios percursos e das próprias responsabilidades, fortificando-os, tornando-os conscientes da sua força e do seu destino! A morte depois faz parte da vida. Não é certamente contrária a essa. Porque o contrário da existência é a não existência. Mas quando os homens morrem continuando a existir, fazem uma experiência. Somente através da morte pode existir um renascimento!
Nenhuma religião. Bem, quase estou de acordo com ele, mas somente porque considero a palavra religião inventada pelos homens. Quando os homens vivem a sua relação com Deus em espírito e verdade não existe nenhuma religião. Mas a mensagem de John parece mais uma vez um convite ao ateísmo: sem religião ninguém briga, viveremos bem melhor. E mais uma vez a mensagem subliminar está por detrás: sem Deus nossa vida seria melhor! Finalmente, a mensagem convidativa que encerra a linha: todos viveriam em paz. Mais uma vez se oferece um prazer terreno para distanciar os homens do seu destino espiritual. Viver esta vida em paz, sem guerras, sem morte, sem religião. Desse modo, os homens são semelhantes a Deus exatamente porque conheceram o bem e o mal.

JUNTE-SE A NÓS EM UM MUNDO COM UMA ÚNICA BANDEIRA E QUE NÃO TEM NECESSIDADE DE DEUS 
 Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo será como um só
 Não diria que você é um sonhador, mas que foi um tolo. Compreenderei você que caiu nas armadilhas do mal. John procura valorizar o seu pensamento dizendo-nos que não está sozinho, mas que são muitos, para nos encorajar a entrar e fazer parte do seu círculo, para não permanecer separado, mas para unir-nos ao grupo. Não, muito obrigado, pessoalmente estou bem onde me encontro. Não me unirei a vocês. 
A esperança de que o mundo se torne um, associada à primeira estrofe do segundo verso, confirma o quanto foi dito sobre a nova ordem mundial. Um mundo que John esperava ver e que pessoalmente estou contente que não tenha visto e que desejo não poder ver. Um mundo onde Deus não existe, onde os homens vivem uma falsa paz porque institucionalizada pelo poderosos do mundo. Uma paz quase sedativa, onde a verdade é escondida aos homens. Um mundo onde não existe mais diversidade porque os poderosos do mundo enquadraram todos os homens debaixo de um pensamento único e de uma bandeira única. Um mundo sem pais. Um mundo sozinho, um mundo triste.

UM MUNDO SEM POSSES. JOHN LENNON, PORÉM, PODE TER FERRARI, MANSÕES E UMA GRANDE QUANTIDADE DE DINHEIRO!
 Imagine que não ha posses
Eu me pergunto se você pode
Sem a necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens
Imagine todas as pessoas
Partilhando todo o mundo
 Sim, acredito que posso conseguir imaginar um mundo sem posses, ganância e fome. Mas para um homem dos seus e dos meus tempos é um percurso difícil, isto está fora de discussão. Esta afirmação feita por quem andava de Ferrari e por uma milionária estrela do rock nos faz, certamente, refletir! John Lennon acreditava que o dinheiro não mudava uma pessoa e os seus sentimentos. A meu ver, nada de mais errado. Não é por acaso que John Lennon era um ateu convicto e lhe faltavam provavelmente os conceitos de caridade e riqueza interior. Embora cantasse algumas coisas, vivia de modo bem diferente. 
O dinheiro é a primeira coisa que enlouquece um homem; hoje como no tempo dele. Considero que fizesse fortes batalhas interiores (pelo menos espero para ele que combatesse de qualquer modo o que dizia e cantava), sobretudo quando se exaltava no ser, juntamente com os Beatles, mais famoso que Jesus Cristo. Não sei se seja verdadeira esta afirmação, mas Cristo é “famoso” há 2000 anos, enquanto que muita gente nesses próximos 2000 anos não saberá mais quem é John Lennon. Isso somente para permanecer alinhado com os pensamentos obscuros de Lennon, visto que não é absolutamente minha intenção comparar Lennon a Cristo!
O final do verso (e fundamentalmente da música) pareceria ser mais uma vez um convite a abraçar o pensamento com o qual os homens compartilham o mundo. Onde todos são irmãos, todos unidos em uma única bandeira. Todas as pessoas que compartilham o mundo! Mas, terá existido alguém que não queira compartilhá-lo? Me pergunto, estes que fim tiveram? A força e a beleza dos homens são as diferenças. Retire estas e estará eliminando a espécie humana.

AQUILO QUE ACREDITAVA E QUE DE FATO FEZ JOHN LENNON
 Com suas canções John Lennon fez publicidade do ateísmo e da ordem mundial passando-se por pacifista e intelectual. Mais uma vez uma figura comercial iludiu a maior parte de pessoas que não compreenderam nada do que Lennon acreditava e cantava. 
Respeito John Lennon como pessoa e todos os seus fãs e com este texto não quero ofender a sua memória, mas somente questionar aqueles que sempre o enxergaram como um pacifista e portador de grandes mensagens humanitárias. Na sua canção “God”, John Lennon declara que não crê nas escrituras e nem em Cristo. Com imagine parece quase querer nos convidar a um novo mundo. 
Um mundo que, observem, é tal e qual aquele que os poderosos da terra estão arquitetando para o próximo século. Neste mundo, todos os homens serão dominados por forças e poderes obscuros e a coisa mais absurda é que agradecerão por isto aos homens que os reduzirão a este estado. Viverão na ignorância e na falsidade e acreditarão que vivem em um mundo honesto, inteligente e verdadeiro.

Obrigado John Lennon!

Fonte:
Tradução da outra música citada:

Um detalhe: Um mundo assim já existiu, já foi aplicado pelo comunismo e o nacional-socialismo; porém, não foi um mundo melhor, mais feliz!

A serpente também disse a Adão que se ele rejeitasse Deus seria mais feliz: “Sereis como deuses!” (Gn 3,5).