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terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Existe uma ameaça espiritual por trás das previsões sobre o futuro


Giuliano Guzzo

Será o ano dos Peixes. O “ano das rupturas”. Um ano especial para entender que não será o suficiente para consultar as previsões do signo do zodíaco, mas será necessário fazer algo, tomando em atenta consideração também aquele do sinal ascendente no momento do nascimento. O ano de 2019 apenas começou e na televisão e nos jornais irrita a febre do horóscopo, como testemunha a onipresença de astrólogos que, com muita persuasão, explicam o que se deve esperar para o ano novo. Tudo bem, mas como deve colocar-se um católico diante deste festival mediático da astrologia? A resposta é: com enorme prudência, ou melhor, com aberto ceticismo.

Afinal, a astrologia – prática antiga que coloca suas raízes antes de Cristo em várias religiões pagãs, tendo como objetivo principal a predição do futuro baseando-se no movimento dos corpos celestes - deve ser tomada seriamente o explicava já Santo Tomás, o qual advertia que “da observação dos astros, não é possível retirar outra previsão dos eventos futuros, além daquelas que consiste em prever os efeitos a partir das suas causas”, com a consequência se “precisamos da observação dos astros para prever o futuro casual e fortuito, ou para predizer com certeza os acontecimentos humanos, isso se deve a uma opinião falsa e mentirosa”.

Uma explicação ainda mais clara e definitiva, sobre o tema, oferece o Catecismo, onde destaca: “A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos "médiuns", tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele (n. 2116). Então é melhor ir devagar, quando você tem diante de si um conhecedor ou suposto conhecedor de estrelas.

Também porque, como explicou bem o padre e escritor José Antônio Fortea, fora de Deus (que é eterno e no eterno, portanto para além do tempo), ninguém pode verdadeiramente prever o futuro. Nem mesmo o diabo. Deste ponto de vista, satanás e os seus seguidores – que também são seres de enorme inteligência, muito superior à humana, para que compreendamos -  podem, no máximo, observar o que acontece na Terra e oferecer uma predição daquilo que poderia acontecer. Mas sem prever, de fato, nada.

De que nasce, então, a ameaça espiritual da astrologia? Simples: do atribuir a terceiros faculdades que somente o Onipotente possui. Com a consequência que, no momento em que passamos a acreditar nos horóscopos, Deus fica substancialmente redimensionado, como se fosse tornado previsível. Enquanto que, ao invés, existem coisas que somente Ele pode conhecer. Disto deriva, acrescenta o Padre Fortea, autor da Summa Daemoniaca, texto interessante sobre demonologia e exorcismos, que “os únicos que normalmente retiram benefícios das previsões de início e fim de ano, no final são “os impostores profissionais que são os primeiros a não acreditar e que sabem como dosar as suas previsões de maneira a não beliscar os dedos”.

Em efeito, é difícil não escutar com atenção um horóscopo sem permanecer tocado pela generalidade total das previsões que têm evidentemente a única intenção de fascinar, de atingir, de seduzir. Mas que concretamente, vendo bem, dizem pouco ou nada. Enquanto é concretíssimo o dinheiro que os astrólogos pedem para vender os seus livros ou para serem consultados; melhor então ficar longe também porque, como diz Padre Fortea, “nenhum cristão deveria jamais consultar este tipo de pessoas em nenhuma  circunstância” dado que “a consulta a um mago, vidente ou homem santo é sempre um pecado grave”.


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