Toda a verdade sobre o 4 de
junho de 1989 em um documento britânico desclassificado em 2017 (Fonte: o
Conselho de Estado chinês): “Carros armados sobre os civis a 65 km; moças
perfuradas com baionetas; mil sobreviventes cortados pelas metralhadoras”
Em 4 de junho acontece o
trigésimo aniversário do massacre
da Praça Tienanmen. O número dos estudantes desamparados
assassinados pelo exército enviado pelo regime comunista nas estradas de Pequim
jamais foi quantificado com exatidão. Em 6 de junho de 1989 o porta-voz do
Conselho de Estado chinês, Yuan Mu, falou de “300 mortos e 2.000 feridos”. Em
17 de junho, onze dias depois, o mesmo Yuan declarou a uma emissora americana:
“Não morreu ninguém. Nem mesmo um estudante sequer foi esmagado pelos carros
armados”. A Sociedade da cruz vermelha chinesa, pelo contrário, estimou
“2.600-3.000 mortos”. Há um ano e meio, o governo britânico desclassificou um documento enviado
naquela época pelo então embaixador inglês na China, Sir Alan Donald, que fala
de “no mínimo 10.000 mortos”. A fonte do documento é o mesmo Conselho de Estado
chinês presidido pelo então primeiro ministro Li Peng, que em 20 de maio de
1989 declarou a lei marcial, que levou ao massacre poucos dias depois. O
documento conta detalhadamente como foram assassinados em modo bárbaro os
civis. Apresentamos em seguida a nossa tradução.
OS “PRIMITIVOS” DO 27º
Fato. Foi o 27º grupo de armada
quem cometeu as atrocidades em Pequim, composto de tropas provenientes do
Shanxi, 60 por cento analfabetos e apelidados: “Primitivos”. O comandante era
Yang Zhenhua, filho de Yang Baiding, irmão de Yang Shangkun. Por dez dias não receberam
notícias enquanto não souberam que deveriam tomar parte em uma exercitação.
(...) foram informados da lei marcial em 20 de maio. Durante os primeiros
quatro dias da chegada deles a Pequim foram conduzidos pelas vias da cidade
para familiarizar-se com a área. O 27º estava no máximo de suas forças com
carros armados, veículos blindados e todo tipo de munições, gás lacrimogênio e
lança-chamas. (...)
Fato. Na noite do 3/4 de junho o
27º recebeu ordens de atacar pelo oeste junto a outras unidades provenientes de
Shenyang. A primeira onda devia atacar sem armas, a segunda com as armas, mas
sem munições, a terceira com as armas carregadas para assustar a multidão, a
quarta era o 27º com toda capacidade. As primeiras três ondas foram bloqueadas
pelos manifestantes, enquanto as tropas procuravam afastá-las para permitir
passar o 27º. Não conseguiram e, o 27º abriu fogo sobre a multidão (tanto civis
como soldados) antes de esmaga-los com os blindados.
CARROS ARMADOS SOBRE OS CIVIS
A 65 KM POR HORA
Fato. As massas enfurecidas
continuaram a ignorar o fogo e em Liubukou (perto de Tienanmen, ndr) os carros
blindados esmagaram tropas e civis do mesmo modo em uma velocidade de 65 km por
hora. Um veículo foi derrubado e o capitão foi retirado para fora do veículo e
levado ao hospital pela multidão. Então enlouqueceu e pediu para morrer por
causa das atrocidades que cometeu.
Fato. Chegadas a Tienanmen, as
tropas separaram os estudantes dos residentes. Os estudantes compreenderam que
tinham uma hora para abandonar a praça, mas depois de apenas cinco minutos os
carros blindados os atacaram. Os estudantes se compactaram unindo os braços,
mas foram cortados juntamente com muitos soldados. Os blindados passaram e
repassaram sobre os corpos muitas vezes, os restos mortais foram recolhidos por
tratores, cremados e dispersos nos canais de esgoto.
MIL SOBREVIVENTES ATRAVESSADOS
PELAS METRALHADORAS
O 27º ordenou para não deixar
ninguém, disparando também nos feridos. Quatro estudantes feridas imploraram
aos soldados de deixá-las vivas, mas foram perfuradas com as baionetas. Uma
menina de três anos ficou ferida, a mãe procurou socorrê-la, mas dispararam
nela. Outras seis pessoas procuraram socorrê-la, mas tiveram o mesmo fim. A mil
sobreviventes disseram que poderiam escapar pela Rua Zhengyi, mas foram
abatidos com as metralhadoras já colocadas para isso. As ambulâncias do
exército que tentaram socorrer as pessoas foram atingidas com armas de fogo,
como também uma ambulância hospitalar sino-japonesa. Um motorista de uma
ambulância procurou contra-atacar, mas foi feito em pedaços com uma arma anti-blindados.
Durante o ataque um oficial do 27º foi assassinado pelos seus próprios homens,
aparentemente porque estava vacilando. Os soldados explicaram que se não o
tivessem matado, seriam mortos eles mesmos.
A REBELIÃO POR PARTE DO
EXÉRCITO
Hipótese. Foi usado o 27º (para o massacre, ndr) porque era a armada mais
confiável e obediente. Segundo alguns, as outras armas teriam atacado o 27º se
tivessem as munições. (...).
Vozes. Alguns soldados das primeiras três ondas retornaram às bases
militares para pegar as munições. As armadas provenientes do Shandong,
Jiangsu e Xinjiang deixaram as casernas sem ter recebido a ordem para destruir
o 27º. Os comandantes provenientes de Guangzhou, Pechino e Shenyang recusaram
de participar de um encontro com o comandante Yang Shangkun.
Fato. O comandante de Pequim se recusou de fornecer às tropas na cidade
comida, água e abrigo. O 27º utilizava balas de expansão (que aumentava a
gravidade das feridas, ndr). Os atiradores do 27º assassinaram muitos civis que
estavam nas varandas. Atiraram nos coletores de lixo etc... para praticar. Os
hospitais de Pequim receberam a ordem de aceitar somente os feridos das forças
de segurança. No momento, 6 estudantes estrangeiros e 23 jornalistas
estrangeiros foram assassinados nos combates (nota: deste último fato não temos
as provas).
“ESTIMATIVA MÍNIMA: 10.000
MORTOS”
Fato. A primeira fase das
operações tinha a finalidade de garantir o controle da Praça Tienanmen. A fase
sucessiva terá o objetivo de controlar as estradas principais e as travessas
estendendo-se do centro para o exterior. Esta fase começará em dois dias.
Fato. Yang Shangkun e Deng
Xiaoping (líder de fato da China,
ndr) são amigos muito próximos. Alguns membros do Conselho de Estado (afirmam)
que a guerra civil é iminente. Qin Jiwei (general e ministro da Defesa, ndr)
foi obrigado contra a sua vontade a aparecer na televisão no dia 20 de maio
para dar a impressão (que o governo) estivesse unido. Estimativa mínima dos
civis mortos: 10.000.
Donald
Foto Ansa