No seu manifesto da “Cozinha
futurista”, de fevereiro de 1909, Filippo Tommaso Marinetti declarava guerra às
massas, culpadas, segundo ele, de debilitar o corpo, engordá-lo e tornar pesada
a digestão. Entre outras coisas, na época, o trigo era em grande parte
importado, em detrimento do mais salutar arroz, produto nacional. Hoje parece
que a história dê razão ao poeta nascido em Alexandria no Egito, com a corrida
dos produtores de massa para recuperação dos grãos antigos, as epidemias de
doença celíaca, as descobertas científicas sobre os danos provocados por causa
do abuso de carboidratos e as atuais dietas para a maioria das proteínas.
Ainda assim, também os
teóricos duros e puros como Marinetti algumas vezes cedem: permanece
histórica uma foto tirada do fundador do Futurismo, pego em um restaurante
enrolando o espaguete de um monumental prato amatriciana.
A distância de 100 anos
precisos, uma máquina fotográfica malandra captura outra incoerência
alimentar da californiana, com vinte e nove anos de idade, Yovana Mendoza,
conhecida nas redes sociais como Rawvana, influencer vegana e
crudista, com i milhão e 300.000 seguidores no Instagram.
O papo é sempre aquele: “Coma vegano e cru e será saudável,
purificado, desintoxicado e também ecologicamente correto”. A mocinha tinha
eliminado leite, ovo, carne, peixe, todo tipo de proteína animal da sua
alimentação e por anos falou daquela maravilhosa sensação de paz, harmonia e
felicidade que a sua dieta “não violenta” tinha dado a ela.
Pena que durante umas férias em Bali, a
bela Yovana foi enquadrada em um vídeo ao vivo, à mesa, diante de um belo
pedaço de peixe assado. Uma cavala ou talvez um atum, imagine, cruelmente
pescado e roubado de seus alevinos – hoje desconsolados – morto por asfixia
entre tormentos atrozes. Ó céus: os fãs de Yovana se sentiram apunhalados pelas
costas e a recobriram com ícones de peixe, impropérios, sarcasmos e pesadas
ironias. Alguém também disse que serviria para ela um bom psiquiatra.
Ei, não, o psiquiatra serve
para vocês seguidores vegano-crudistas, não para Yovana, a qual fez muito
bem em ouvir os seus médicos que a impuseram de voltar a comer carne, peixe e
ovo. A sua saúde estava em perigo: já fazia dois anos que tinha perdido o ciclo
menstrual, apresentando depois infecções intestinais e vaginais. Revestiu a
pele pela empatia com as sardinhas, claro que não. “Sei que vocês se sentiram
traídos – declarou em um vídeo de pedido de perdão – e peço perdão a vocês”.
Mais que traídos, deveriam
dizer que estavam decepcionados e enganados, porque a mulher, mesmo
vendo muito bem quais fossem os efeitos daquela dieta louca e não natural,
continuou belamente a empurrá-la para especular sobre isso. De fato, a ex-star
vegana tinha acumulado muito dinheiro comercializando, por um valor de
“somente” 99 dólares, um kit de pílulas e bebidas para emagrecer e purificar-se
- além do corpo – também a alma do sentimento de culpa para com o planeta.
Carreira terminada para Yovana,
a menos que, com um flash, não decida de dar um sentido a sua insensatez: o
único resgate poderia vir do aproveitar a sua experiência para remediar ao mal
feito e se tornar um testemunho unívoro, alertando contra uma dieta perigosa
para a saúde. De fato, um aceno no seu
vídeo de desculpas houve, mesmo se muitos jornais evitaram mostrá-lo: “Jamais
pensaria de sentar-me um dia diante desta câmera para dizer a vocês que estou
já há dois meses comendo ovo e peixe e me sinto muito melhor porque a dieta
crudista vegana faz mal. Retornarei a uma dieta vegetariana”. Talvez a lição
não tenha sido suficiente?
O paradoxo é que o
homem empregou milhares de anos para garantir o fornecimento de carne e peixe,
alimentos preciosos e de altíssimo poder nutritivo, que consentiram o
desenvolvimento do seu cérebro e da sua inteligência. Exatamente agora, ao
invés, inverte e se autodestrói procurando uma impossível evolução em direção à
subordem dos ruminantes.
O confronto entre o bem e o
mal acontece no mundo – em uma maneira ainda pouco questionada – também nas
filosofias alimentares. Não é por acaso que os grandes jornais
politicamente corretos estão todos alinhados, em modo muito mais que suspeito,
em favor do vegetarianismo, no máximo abrindo a algumas “graciosas concessões”
em direção ao mundo dos insetos. Não é nem sequer um caso que a mídia tenha
torpedeado os que sustentam a “dieta ancestral”, aquela a base principalmente
de carne, peixe, fruta e verdura como Mozzi, Tozzi, Panzironi.
Uma coisa é certa e
indiscutível: por dois milhões e meio de anos o homem se alimentou de
carne, peixe, ovo, fruta e verdura: não somente de vegetais, portanto, nem de
massa, pão, pizza, polenta, doces, legumes ou leite que chegaram apenas há 11
mil anos com a introdução da agricultura e depois da criação. Cada um retire
disto as suas próprias conclusões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário