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terça-feira, 28 de maio de 2019

Um viva para as Mães!




Pensando bem, mamãe é a única palavra que não precisamos ensinar aos recém-nascidos. Verdadeiramente, não é preciso. Por um motivo muito simples: já a conhecem. Ou melhor, chegam a aprendê-la praticamente sozinhos, sem necessidade de nenhuma aula ou de particulares insistências externas. De fato, “mamãe” – como percebeu já a psicanalista russa Sabina Spielrein (1885-1942) – é um termo que aparece com impressionante semelhança em praticamente todas as línguas: do russo mama ao francês maman, do alemão mama ao ucraniano maty (mas também mámo) ao grego mama  [1]. Uma semelhança verificável também para o termo “papai” e que se explica somente com o fato de que, com os seus primeiros sons e vocalizações, o recém-nascido se familiariza antes de tudo com as consoantes p (ou b) e m

O belo é que, assim como os pequenos já conhecem a palavra mamãe, as mulheres já possuem, no seu coração, o instinto materno; e o têm – me desculpe pelo feminismo 2.0 e os seus adeptos – por natureza e não por cultura. É possível verificar em modo inequívoco graças ao fato de que em todas as culturas estudadas as bonecas são, mormente preferidas pelas meninas as quais, em relação aos meninos, são mais propensas também a brincar de ser pais  [2]. Uma diferença observada também em crianças de somente quatro anos [3] e de idade também inferior [4], muito cedo para imaginar que seja por causa de influências externas. Também entre os primatas, como se não bastasse, as fêmeas demonstram ter, desde pequenas, maior propensão à sociabilidade [5], mostrando maior interesse para com os bebês e os filhotes [6]. 

Ainda assim “mamãe” está se tornando uma palavra perigosa, que tem odor de sexismo segundo certo feminismo que vê a mulher realizada somente como trabalhadora e que instiga às discriminações segundo o politicamente correto, que como vemos prega a existência das “novas famílias” no estilo Elton John. À alergia ao termo “mamãe” corresponde infelizmente, em consequência às possibilidades oferecidas pela técnica, também uma dramática divisão de suas faculdades. Acontece assim que, em lugar da única e insubstituível mamãe, um filho hoje possa ter até três delas: a mãe genética (da qual herda os genes), a mãe biológica (no qual ventre cresce) e a mãe psicológica (aquela que o educa). Horror provocado pelo útero de aluguel e a mentira, negado em cada filho quando toma consciência que sim, a mãe é uma só.  E é fundamental que exista.

De fato, junto ao pai, a mãe é a maior garantia para o crescimento dos filhos e pelo amor do qual têm necessidade. Assim como os filhos constituem – mesmo se isto contradiz o hedonismo de massa pregado pelo Pensamento Único – um enriquecimento não somente afetivo, mas também existencial do casal. E, obviamente, da mãe, como atestado por estudos científicos que revelaram como o nascimento de um filho comporte, também em termos de longevidade, benefícios significativos para as mulheres [7], inclusive para aquelas que possuem muitos filhos [8]. Realiza-se neste modo o milagre pelo qual se de um lado é antes de tudo a mãe a doar a vida ao filho que traz ao mundo, do outro lado também o filho, nascendo, acrescenta vida à mãe, quase como que recompensando pela sua generosidade e pelo seu amor.
 
Diante de uma realidade tão comovente, é difícil hoje, Dia das Mães, que cada um não experimente um sentido de gratidão para com sua própria mãe e que cada mãe não perceba a alegria em recordar aquele dia em que, pela primeira vez, abriu os braços e a própria vida para um filho. No inesquecível filme Forrest Gump (1994) o protagonista, interpretado por um inspirado Tom Hanks, expunha: “Mamãe dizia sempre: a vida é como uma caixa de chocolates, não sabemos nunca o que cabe a nós”. Eis, também mamãe, na realidade, é como a vida: não sabemos nunca o que está reservado para nós. Não o podias saber, nem sequer imaginar. E nem mesmo ela poderia saber como seu filho seria. Ainda assim o acolheu. E cada filho, sem saber o nome dela, logo a reconheceu chamando-a como é: mamãe.




Notas: [1] Cfr. Spielrein S. L’origine delle parole infantili “papà” e “mamma”. Alcune considerazioni sui vari stadi dello sviluppo del linguaggio, Relazione al VI Congresso internazionale di psicanalisi (L’Aia, 1920) 1-26: 6, in «lacan-con-freud.it»; [2] Cfr. Tooley J. The Miseducation of Women, Continuum Publishing Group, London 2002, p. 77; Geary D.C. Male, Female: The Evolution of Human Sex Differences, «American Psychological Association», Washington 1998, pp. 234-235; [3] Cfr. Parke Ross D. – Brott Armin A. Throwaway Dads: The Myths and Barriers That Keep Men from Being the Fathers They Want to Be, Houghton Mifflin Co. Boston 1999, pp. 109-100; [4] Cfr. Guzzo G. Cavalieri e principesse, Cantagalli, Siena 2017, pp. 39-55; [5] Cfr. Simpson E.A. – Nicolini Y. -Shetler M. – Suomi S.J. – Ferrari P.F. – Paukner A. (2016) Experience-independent sex differences in newborn macaques: Females are more social than males, «Scientific Reports», 6, 19669; [6] Lovejoy J. –  Wallen K. (1988) Sexually dimorphic behavior in group-housed rhesus monkeys (Macaca mulatta) at 1 year of age. «Psychobiology»; Vol.16(4):348–356.; [7] Cfr.Holt-Lunstad J. – Birmingham W. – Howard A.M.- Thoman D. (2009) Married With Children: The Influence of Parental Status and Gender on Ambulatory Blood Pressure.«Annals of Behavioral Medicine»; Vol.38(3):170-179; [8] Cfr. Jacobs M.B. – Kritz-Silverstein D. – Wingard D.L. – Barrett-Connor E.(2012)The association of reproductive history with all-cause and cardiovascular mortality in older women: the Rancho Bernardo Study. «Fertility and Sterility»; Vol.97(1):118-124.
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