Como deveria ser de conhecimento
de todos, o dogma da presença real afirma que – na celebração da eucaristia – o
pão e o vinho sobre os quais é pronunciada a oração eucarística se tornam de
fato o corpo e o sangue de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, portanto
realmente presente no sacramento celebrado. Foi dito intencionalmente “deveria” porque, em casa católica,
existe bem pouca clareza sobre isto, mesmo se é um aspecto fundamental.
O revelava já uma pesquisa feita
há anos – da qual aparecia que 50% dos católicos americanos considera a
presença de Jesus na eucaristia somente simbólica – e o confirmou,
infelizmente, uma mais recente e grave pesquisa do Pew Research Center, que fez
emergir como, nos Estados Unidos, somente um terço dos católicos creia que a
comunhão seja o corpo de Cristo. Mas, se
os católicos estão deixando de crer no dogma da presença real, quem acredita
nele ainda sem dúvida?
Foi colocada esta pergunta no The American Conservative – em modo inteligentemente provocatório – pelo intelectual Rod Dreher,
o autor do feliz ensaio L’Opzione Benedetto (ndt.: A Opção Beneditina, Rod
Dreher, Ed. Ecclesiae). E então, a
resposta foi mais impressionante que a pergunta. Se existe de fato certamente
alguém que crê na presença real, sem hesitação de nenhum tipo, este é o
satanista. Para apoiar esta visão, Dreher recordou a difusão, nos Estados
Unidos, de missas negras que já são celebradas até mesmo em locais como bares e
cervejarias.
O escritor fez em particular o
exemplo de um evento que se deu em 23 de novembro em Houston, em reação ao
qual a diocese de Lake Charles – que se encontra no confim com o Texas, não
distante de Houston – enviou a todos os sacerdotes e ministros extraordinários
da Eucaristia uma nota de alerta. De fato, é sabido como os satanistas não
estejam a procura de simples partículas, tendo ao invés a grande intenção de
capturar hóstias consagradas, das quais parece existir um crescente e sinistro
comércio.
Basta pensar no que aconteceu
em maio deste ano quando, entre as
ofertas de Etsy.com – o Amazon do artesanato e das antiguidades –
um usuário de nome Pentagora, especializado no tráfico de rituais de magia
negra e cruzes invertidas, colocou em venda algo como nove hóstias.
Rigorosamente consagradas por padres católicos; o próprio Pentagora precisava
que tinha com orgulho. O qual, mesmo não podendo falar muito, confirmou a quem
lhe pedia informações que aquelas eram realmente hóstias consagradas e que
vinham todas de um único País, a Alemanha.
Tudo isto para dizer,
retornando à denúncia de Rod Dreher, que não existem dúvidas sobre o fato de que, se de uma parte somente 30% dos
católicos acredita na presença, por outra parte ao invés o 100% dos satanistas
acreditam nisto. O que é certamente paradoxal e deveria suscitar uma reação por
parte do mundo católico. Sim, mas como?
Uma via é aquela do apelo que
em 16 de setembro passado Monsenhor Daniel Robert Jenky, bispo da diocese de Peoria,
Illinois, fez aos seus fiéis e não somente, afirmando a necessidade da
redescoberta do Santíssimo Sacramento: “Peço que neste
ano, mas também nos próximos anos, nos conselhos paroquiais como nas casas religiosas,
nas reuniões das faculdades como naquelas capelanias e catequéticas, toda a
nossa Igreja local faça o possível para reforçar a própria atenção ao
Santíssimo Sacramento”.
Um apelo sincero e certamente
compartilhável. Também, porque, diversamente, continuará a
perpetuar-se o paradoxo destacado por Dreher, com cristãos sempre mais
secularizados e satanistas sempre mais religiosos. Uma situação ofensiva antes
de tudo para Quem, por amor da humanidade, deu a sua vida e hoje, dias após
dia, se vê sempre mais ignorado ou rejeitado: exceto por quem o odeia. Exatamente
como há dois mil anos.
Livro sugerido: https://ecclesiae.com.br/A_opcao_beneditina_-_Uma_estrategia_para_cristaos_no_mundo_pos-cristao