Piefrancesco Nardini
“Qual é o problema mais grave?”
Qual é a resposta que deveríamos dar como católicos a esta pergunta?
A lógica e a coerência desejariam esta resposta: “o pecado mortal”.
Coloque esta pergunta a quem se confessa católico nos nossos dias. Quantos dariam a resposta assim?
O temor de que sejam verdadeiramente poucos é mais que legítimo: é a realidade atual a dizer-nos, não a presunção.
Um grande número de pessoas que se professam católicas responderiam, por exemplo, com coisa do tipo “a pobreza”, “a falta de trabalho para todos”, “as desigualdades sociais”, “as crianças que morrem de fome” etc.
É claro que todas estas coisas, entendidas em modo justo, são certamente questões importantes e que precisam ser resolvidas, às vezes verdadeiras emergências.
Não deveriam, porém, ser a resposta principal, a maior preocupação para um católico.
Antecipamos a crítica: isso não quer dizer desinteressar-se das coisas materiais e dos problemas do mundo, como se fossem estranhos à realidade em que se vive, existem, antes, situações em que é preciso dever de estado de um católico como o de comprometer-se na vida terrena.
O católico deverá se comprometer para tornar melhor o mundo em que vive, mas sempre tendo firme a sua meta principal: o Paraíso.
Os problemas das respostas acima destacadas são dois. O primeiro é superficial, o segundo mais profundo.
O primeiro é a absoluta falta de visão sobrenatural, a imanentização total do olhar sobre a vida.
É cansativo ter uma resposta que se refira à parte espiritual da vida, que se refira à relação da sociedade com Deus, com Cristo, rei de tudo. Somente aspectos meramente materiais.
Agora se pensa somente nesta vida, raramente as pessoas se detêm sobre o que são os Novíssimos, mesmo que seja de maneira simples e superficial. A vida eterna, o que acontecerá depois da morte, não está minimamente nos pensamentos da maior parte das pessoas. Vive-se como se estas coisas não existissem. Um tipo de niilismo prático, no sentido que não se é realmente e conscientemente niilista, mas no ato prático se vive como tais.
Deste modo é óbvio que o único verdadeiro problema seja aquele material e não o espiritual.
O segundo problema que se mostra é provavelmente a causa do primeiro.
É exposto com uma pergunta: nos nossos dias, quantos católicos sabem realmente o que é pecado mortal? Quantos conhecem a diferença entre este e o pecado venial? E, sobretudo, quantos crêem realmente na realidade desta verdade?
Parece que eu esteja exagerando? Parece que possa ser uma pesquisa forçada de alguma coisa que não existe?
Dê um giro por aí e pergunte estas coisas a quem se professa católico, experimente. E você vai ver que ao final estas perguntas não são exageradas.
Muitas são as vezes em que se ouviu falar de ações pecaminosas como se não o fossem, como se, antes, fossem a normalidade. Muitas vezes se fala com pessoas que, se proclamam católicas, não conhecem a própria fé, pelo menos não em maneira completa e, sobretudo, autêntica.
O problema é a falta de conhecimento da própria fé por parte de já muitos católicos.
O pecado mortal é “uma desobediência à lei de Deus, em coisa grave, feita com plena advertência e deliberado consenso” (Catecismo de São Pio X, n. 143) e “se chama mortal, porque priva a alma da graça divina” (n. 144). Nestes casos se fala de “membros mortos” da Igreja, que mantêm os vínculos externos (professam a mesma fé, comungam dos mesmos sacramentos etc..), mas neles “como em ramos secos não flui mais a linfa vital”. Retornará a correr depois da Confissão.
Por que a resposta normal à pergunta inicial para um católico deveria ser “o pecado mortal”?
Porque o homem foi criado por Deus “para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida, e para fruir dEle depois no Paraíso” (Catecismo de São Pio X, n. 13). Este é o fim último do homem, e o é também se crê que não exista um para mais além, que a vida terrena seja tudo.
O pecado grave é, portanto, o obstáculo que não permite ao homem de alcançar o seu fim. Isto, por mais que queira diminuir o valor do fim ultra terreno, é realidade inerente, instintiva da humanidade: o homem tende instintivamente para algo de transcendente. Vale também para quem não crê na realidade do pecado grave e para quem (por conveniência, por ideologia, ou por algo mais) quer crer que não leva à condenação eterna (se não é confessado).
Incide, porém, também aqui não obstante a incredulidade de alguns, também na vida quotidiana do homem.
Foi sempre bem explicado pelos maiores teólogos moralistas e pelos mais diferentes santos da Igreja que o pecado grave, além da condenação eterna como efeito definitivo, possui também outro efeito durante a vida: o de deter sempre mais as pessoas nele.
Se fulano cai em pecado grave e não se confessa logo (ou o quanto antes possível), é certo que iniciará a convencer-se sempre mais, afrouxando muito o seu ser receptivo à consciência e passará períodos sempre maiores naquele estado. Acomoda-se, começa a pensar que não muda muito confessar-se hoje ou entre três dias antes da Missa dominical, assim os três dias se tornam cinco e depois sete. E, durante este tempo, se continua a cometer outros pecados graves, pensando que já se está em pecado e não muda nada praticar outro. O inimigo é mestre nestes joguinhos, que arrastam sempre mais para dentro das areias movediças do pecado.
Por que isto incide na vida quotidiana do homem?
Quem vive em um estado de pecado grave e de relaxamento espiritual será mais propenso a admitir como toleráveis determinados comportamentos sociais não admissíveis e correrá o risco de fazer coisas que não faria se em estado de graça e com Confissão freqüente e direção espiritual ou de aumentar a qualidade, se já habituado a cumpri-las.
Se Fulano (sempre ele...) se deixa engolir pelas areias movediças do pecado grave, a sua consciência se anestesia e talvez, em uma situação de dificuldade com a esposa, será mais aberto e levado à traição que jamais teria tomado em consideração em estado de graça. Se, sempre ele, é um pequeno delinqüente, poderia aderir mais facilmente, pela consciência embaçada pelo pecado, a crimes ainda mais graves ou reiterar com maior freqüência aqueles aos quais está habituado, quando ao invés confessando-se mais facilmente poderia aproximar-se ao fechar com aquele estilo de vida, se não até mesmo constituir-se.
Fonte: http://itresentieri.it/qual-e-il-problema-piu-grave-il-peccato-mortale/
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