O episódio do diálogo de Nicodemos com Jesus apresentado no evangelho de João demonstra como a conversão consiste em transformar a “ciência e o conhecimento” do homem em sabedoria. Lição decisiva para hoje quando ao contrário parece que se queira fazer com que os católicos façam o percurso inverso
A história da conversão de Nicodemos que encontramos no Evangelho de São João é um modelo extraordinário que ilustra em modo exemplar o problema chave da conversão, exatamente nestes tempos em que somos ricos de “ciência e conhecimento”, mas pobres de “sabedoria”, portanto imaturos para enfrentar os grandes desafios desta civilização tecnológica (como escreveu São João Paulo II em Sollecitudo Rei Socialis).
A história evangélica de Nicodemos ilustra exatamente a conversão da “ciência e conhecimento em sabedoria” quando, pelo contrário, nestes últimos tempos pareceria ser ao invés proposto ao católico de converter a própria “sabedoria” em ciência e conhecimento.
É importante evidenciar este risco por duas razões. A primeira é que é a sabedoria a dar sentido ao conhecimento e à ciência, permitindo compreender a criação, o papel da criatura na criação, a ordem natural e as suas leis, com os olhos de Deus (obviamente segundo o nosso estado de criaturas) e de participar da Sua sabedoria. Portanto, compreender a verdadeira necessária relação homem-ambiente, tema hoje muito imponente.
A segunda razão está no Gênesis, em risco de revisão com a finalidade de re-explicar o projeto divino da Criação. O que é significado por Deus ter criado o homem e a mulher (macho e fêmea), tê-los convidado a “multiplicar-se”, e (sobretudo) a dominar a terra. Os neo-teólogos estão muito preocupados com a interpretação do “subjugar a terra”, porque segundo eles convida a desfrutar dela selvagem e avidamente. Portanto, na expectativa de acontecer uma releitura bíblica, é bom recordar que no Gênesis a famosa promessa da serpente aos nossos progenitores foi de poder ter conhecimento, mas sem sabedoria.
Esta distinção chave é escrita entrelinhas no Evangelho de João onde se narra a conversão de Nicodemos (João 3, 1-36). Nicodemos era um intelectual, membro do Sinédrio, provavelmente um doutor da lei. Jesus, de fato, o chama “mestre em Israel”. Mas, Nicodemos ostentando o seu conhecimento, coloca Jesus em condição de provocá-lo, fazendo-o entender o quanto fosse distante o seu conhecimento da verdadeira sabedoria, porque não obstante os seus estudos, Nicodemos era manifestamente ignorante “das coisas de Deus”.
Jesus lhe diz de fato: “És mestre em Israel e não sabes destas coisas?”. No magistral colóquio apresentado por João, Jesus explica a Nicodemos, que o tinha interrogado, que se não se renasce do alto não se pode ver o reino de Deus (“sabedoria”). Nicodemos não entende o significado de renascer. Jesus o explica e o convence com aquele maravilhoso texto do Evangelho: “Deus tanto amou o mundo...” (Jo 3, 12-21).
Santo Tomás de Aquino a propósito observa que Jesus reprovou assim Nicodemos porque continuava a colocar confiança no seu saber, na sua ciência e conhecimento. Jesus quer por isso mortificá-lo e humilhá-lo, para transformá-lo em morada do Espírito Santo. Assim Jesus eleva a ciência e o conhecimento de Nicodemos a “sabedoria”, tornando-o consciente que a realidade divina supera sempre a limitada inteligência humana.
A conversão de Nicodemos é exemplar no mundo de hoje impregnado de cultura niquilista, graças à qual os homens destes tempos não sabem mais distinguir entre causas e efeitos, entre fins e meios e não sabem mais dar um sentido ao uso dos instrumentos sofisticados que criaram, deixando-os assumir autonomia moral (como explica Bento XVI em Caritas in Veritate).
Nicodemos converte o seu conhecimento em sabedoria e encontra a luz verdadeira. Hoje a neo-doutrina teológica, talvez temerosa de não aparecer suficientemente realística, parece querer propor de converter a sabedoria em conhecimento. Com efeitos que se pode intuir.
Fonte: https://lanuovabq.it/it/la-conversione-di-nicodemo-smentisce-la-teologia-di-moda
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