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terça-feira, 10 de abril de 2018

O NOVO FILME: Uma Madalena improvável. E também chata


 
O novo filme Maria Madalena: demonstra falta de respeito pela história, é tão insistente nisso a ponto de ser algo necessariamente intencionado. Porém, se respeita o politicamente correto, tanto é que Pietro é negro. Maria Madalena não é nem longo, nem intenso, é somente lento, sombrio e enfadonho. Imaginamos que, quando se trata de transposições do evangelho, o público esteja mais interessado na fidelidade histórica e literal que na fantasia pessoal dos produtores. É normal inventar, mas desta vez foi exagerado.



Houve um tempo no cinema que existia uma convicção tácita: nos filmes com ambientação evangélica o rosto de Cristo não deveria ser jamais mostrado. 

O pacto foi quebrado em 1961, com O rei dos reis, em que Jesus teve a face do ator Jeffrey Hunter. Desde então, passou a ser normal. Até o último, Maria Madalena, atualmente nas salas de cinema. Produção conjunta italiana e inglesa, o diretor Garth Davis interpretou a seu modo (muito seu) a história, absolutamente descuidado da correspondência da trama e dos personagens aos evangelhos.

Jesus é um quarentão, Joaquin Phoenix (que fez o papel do imperador Commodo no filme O gladiador), o qual com a barba e os cabelos cumpridos parece mais com Maharishi Mahesh Yogi, o guru indiano dos Beatles. Nenhuma das frases que pronuncia é retirada do Evangelho, diz coisas improváveis, como se fossem do Evangelho, que, porém não se compreende como possam fascinar e convencer os expectadores. É um Jesus atormentado, não se sabe de que, que talvez externa em loucura como quando quebra a banca no Templo e é arrastado para fora forçadamente.

Ademais, a falta de respeito com a história é tão insistida a ponto de ser forçadamente em coisas intencionadas. Porém, se respeita o politicamente correto, tanto é que Pedro é negro. Querendo, entre os apóstolos existia Simão o Cananeu, que tivesse alguma probabilidade de um ser de pele escura, ao invés não, quem sabe por que.  Jesus, no filme, batiza pessoalmente (por imersão total, como fundamentalista protestante), embora os Evangelhos digam explicitamente o contrário. Judas se enforca em uma arquitrave e não em uma árvore. Pedro e Madalena, viajando quem sabe por qual motivo sozinhos, na Samaria se deparam com um povoado destruído pelos Romanos, quando se sabe que os samaritanos eram os mais confiáveis auxiliares do Império. 

Os Romanos, intuímos pelos diálogos, são representados como cruéis e implacáveis, como a SS da época, na maneira (que tinha sido abandonado pelo cinema) dos filmes hollywoodianos dos anos cinquenta. Até o último instante, Pedro e os apóstolos estão convencidos de ser um grupo subversivo que Jesus deve chamar para a revolta antiromana (esperam o seu “sinal”). Nossa Senhora é idosa e tem as sobrancelhas depiladas. Jesus se deita junto ao cadáver de Lázaro e o abraça; depois, após tê-lo ressuscitado, cai exausto e começa a chorar. 

Em suma, com estas esquisitices poderíamos continuar, mas é preciso que nos  concentremos sobre a protagonista, Maria Madalena, interpretada por Rooney Mara. Não é irmã de Marta e Lázaro, não é a pecadora que unge os pés e a cabeça de Jesus com o perfume. É uma que briga com o pai e o irmão maior para unir-se aos apóstolos, única mulher em um grupo de homens errantes (coisa que somente hoje seria aceitável pela opinião pública, não certamente entre os hebreus do ano 33). E também ela se mete a batizar. Os batismos, entre parênteses, acontecem no mar, mesmo se os Evangelhos falem de lagos e do rio Jordão.

Na Última Ceia a Madalena está presente, única mulher, e se senta à direita de Jesus: referência ao Código da Vinci? Naturalmente, os comensais estão sentados, como nos quadros do renascimento, não no chão segundo nos ensina a história: João, no Evangelho, pôde encostar a cabeça no peito de Jesus exatamente porque, estando estendido em torno da mesa, se encontrava com a nuca na altura do tórax do Messias. Mas o diretor e o roteiro decidiram de sobrevoar a aderência à história.

Bem, no fundo, um filme não é um documentário, para quem quer a verossimilhança existe já o longo Jesus de Nazaré de Franco Zeffirelli e o intenso A Paixão de Mel Gibson. Mas, este Maria Madalena não é nem longo, nem intenso, é somente lento, sombrio e enfadonho. Imaginamos que, quando se trata de transposição do Evangelho, o público esteja mais interessado na fidelidade histórica e literal que na fantasia pessoal dos roteiristas e diretor. É normal que, dada à fina fragmentação dos Evangelhos, em um filme algo de inventado se deva acrescentar, mas desta vez nos parece que foi verdadeiramente exagerado...

Fonte:
http://www.lanuovabq.it/it/una-maddalena-improbabile-e-pure-noiosa


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