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terça-feira, 24 de abril de 2018

O universo no floco de neve




de Michelangelo Socci

Chama-se “Event Horizon Telescope” e é o maior telescópio jamais criado.

Mais precisamente, o “EHT” é um sistema de radiotelescópios interconexos entre si e colocados na extensão de todo o globo. Este desdobramento de forças tem a finalidade de fotografar o buraco negro “Sagittarius A*”, situado no centro da nossa galáxia. Se o experimento funcionar, seria a primeira vez, na história da humanidade, em que poderíamos ver a foto de um autêntico buraco negro. Um objetivo impensável até poucas décadas, que alarga notavelmente os limites do conhecimento humano.

 Por outro lado, nos últimos anos, a ciência deu passos de gigante. Para dar-se conta, basta pensar nos inacreditáveis progressos obtidos no estudo das ondas gravitacionais.

Em suma, o homem, que olhando o céu estrelado sempre se sentiu minúsculo, aparece hoje ainda mais insignificante.

Comparando-se com a imensidão que conseguimos observar e estudar como jamais antes se fez, vem à mente as palavras do filósofo Blaise Pascal, que escrevia: “vejo aqueles espantosos espaços no universo que me envolve, me encontro confinado em um ângulo desta vasta extensão, sem saber por que sou colocado neste lugar (...) vejo por todo lado somente a infinidade que me encerra como um átomo e como uma sombra que dura somente um instante sem retorno”. “Quem me colocou aqui?” continuava Pascal, “por ordem e por obra de quem me foi destinado este lugar e este tempo?

A isto, aos por quês do homem, a ciência não pode responder. É a mesma, de fato que desde sempre, por cada pequena resposta, escancara interrogativos ainda mais amplos sobre a realidade que nos circunda.

No seu belíssimo livro intitulado “Os cientistas diante do Mistério do Cosmo e do homem” (Dominus Production Edizioni), Francesco Agnoli diz em entrevista feita a alguns cientistas, matemáticos e filósofos italianos quotidianamente lutando com os mistérios não resolvidos abertos pelos estudos científicos.

Mas de onde parte esta disciplina que estuda as maravilhas do universo? “nas suas origens” explica Agnoli, “o pensamento científico afunda suas raízes em uma ideia: que o universo seja inteligível porque é criado”. A confirmá-lo é também um dos entrevistados: Piero Benvenuti, conselheiro da Agência Espacial Italiana e responsável científico de alguns projetos entre os quais o LUE (International Ultraviolet Explorer) e “Hubble Space Telescope”.

No desenvolvimento das ciências ocidentais, Benvenuti observa a importância do “reconhecimento grego de uma ordem cósmica, e a consciência hebraico-cristã de um Criador de tudo”.

De fato, o estudo científico do mundo e do espaço revela uma ordem misteriosa que regula tudo, do infinitamente grande ao infinitamente pequeno.

O afirmou também Stephen Hawking: “toda a história da ciência é uma gradual tomada de consciência do fato de que os eventos não acontecem em modo arbitrário, mas também refletem certa ordem subordinada”.

Neste sentido, impressiona a história, descrita por Agnoli, do fotógrafo americano Wilson Alwyn Bentley. Bentley passou em torno de quarenta anos fotografando flocos de neve. Depois de 5000 fotos, se deu conta que todos, mesmo se diferentes um do outro na forma, eram compostos de uma figura geométrica de 6 pontas exatas. Nenhuma a mais, nenhuma a menos.

Muitos importantes homens de ciência não hesitaram em atribuir a Deus este equilíbrio que governa a realidade, rompendo assim a ideia pela qual ciência e fé seriam inconciliáveis.

Por outro lado, os maiores cientistas da história, de Galileu Galilei a Isaac Newton, até Giovanni Keplero e Georges Edouard Lemaître (o sacerdote físico que por primeiro teorizou o Big Bang), sustentaram a ideia que o mundo foi dotado de uma estrutura matemática.

Também um matemático dos nossos dias como Enrico Bombieri é desta opinião.

Trata-se do único italiano a ter vencido a medalha Fields, que para um matemático é o equivalente ao prêmio Nobel. Na entrevista de Agnoli, o próprio Bombieri acrescenta que: “a matemática é um modelo da verdade,  embora muito limitado por regras de consistência claras, que nos diz que uma Verdade absoluta (com V maiúscula) deve existir mesmo se não podemos compreendê-la”. 

“Para mim”, conclui, “é suficiente o Metastasio, quando diz: ‘em todos os lugares eu olho ao redor, imenso Deus te vejo’. Olhar o universo, no nosso pequeno, no grande ao limite do incompreensível, e também no abstrato da matemática, me basta para justificar Deus”.


Fonte:

Site da editora:
http://www.dominusproduction.com/editoria/item/gli-scienziati-davanti-al-mistero-del-cosmoe-dell-uomo-jpg.html

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