Todos os anos as notícias dos
jornais, aqui e ali, falam novamente de qualquer diretor zeloso que proíbe
fazer o presépio na escola. “Discriminatório” em relação aos fiéis de outras
religiões, dizem. Ainda assim, o 25 de dezembro é agradável para todos ficarem
em casa depois da escola, ou do trabalho, e respirarem uma atmosfera festiva.
Mas por que exatamente o 25 de dezembro?
Há 2000 anos aproximadamente,
nasceu um menino, o seu nome era Jesus. Não foi por acaso que a Sua Mãe
disseram que “Ele está aqui (...) sinal de contradição, para que sejam
revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2,33). Mas sobre este
testemunho histórico recaiu um manto de névoa, ao ponto de que – dizia Bento
XVI em 2007 – o único Jesus que ainda se
aceita é aquele “modernizado ou pós-modernizado (...) ou um Jesus de tal
modo idealizado que parece mais um personagem de uma fábula”.
Querendo permanecer mais em superfície,
podemos dizer que sobre o tema circula certa ignorância. O filósofo Giovanni
Reale em uma entrevista de 2009 recordou um episódio significativo. “Um colega
me disse que durante uma prova, a uma
pergunta que interrogava sobre quem era Cristo, o candidato respondeu que se
tratava de um autor que publicava as suas obras pela editora Mondadori. E a
resposta era dada por um estudante universitário, tendo às costas todas as
etapas da educação fundamental, média e superior. Trata-se de um “monstrum” do ponto de vista cultural,
do qual jamais tinha ouvido nada igual”.
O problema é que esta ignorância,
às vezes, foi alimentada por insuspeitáveis biblistas ou liturgistas. Sobretudo
na segunda metade do século passado se
difundia a ideia de que a data do 25 de dezembro fosse simplesmente uma
data convencional, escolhida pelos
cristãos para substituir a festa pagã do Sol invicto, ou seja, uma festa do deus Mitra ou do
imperador, que se dava por volta do solstício de inverno. Mas as coisas, com
toda probabilidade, não são bem assim.
Lucas, o evangelista que se
apresenta como historiador atento, apresenta um fato aparentemente marginal,
mas historicamente verificável. Trata-se do turno dos sacerdotes do templo, ou seja, as 24 classes que se
alternavam no serviço de sábado a sábado duas vezes por ano. Então, segundo
Lucas, o Arcângelo Gabriel apareceu ao sacerdote Zacarias, para anunciar-lhe
que sua mulher Isabel daria à luz um filho, enquanto “exercitava as suas funções diante de Deus, o turno (em grego
taxis) da sua classe (ephemeria)” (Lc 1,28), aquela de Abia (Lc 1,5)”.
O turno de Abia, prescrito por
duas vezes durante o ano, caia do 8 ao 14 do terceiro mês do calendário (lunar)
hebraico e do 24 ao 30 do oitavo mês. Esta segunda vez, segundo o calendário
solar, corresponde aos últimos dez dias de setembro. Em tal modo se demonstra
histórica a data do nascimento do Batista (cfr.: Lc 1, 57-66) correspondente ao
24 de junho, nove meses depois do turno sacerdotal de Zacarias, o pai. Assim é
também para a anunciação a Maria “no sexto mês” (Lc 1,28) da concepção de
Isabel, correspondente ao 25 de março. Portanto, qual a última consequência, se
deve considerar histórica a data do 25 de dezembro para o nascimento de Jesus,
nove meses depois.
Caso depois alguém tivesse dúvida
sobre a confiabilidade do testemunho dos apóstolos e dos discípulos sobre a
figura histórica de Jesus, pode referir-se aos múltiplos testemunhos dos
historiadores não cristãos; Flávio José, Plínio o jovem, Mara Ben Serapion,
Luciano de Samosata, Celso e, enfim, Tácito. E depois uma questão fundamental:
por qual motivo os apóstolos e discípulos começaram a pregar para anunciar a
boa nova, sabendo que facilmente podiam ser martirizados? É razoável supor que o fizeram porque
testemunhavam um personagem real, que verdadeiramente existiu, que não somente
dizia de ser Deus, mas o atestava com as suas “obras” (cfr.: Jo 10, 37).