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terça-feira, 23 de abril de 2019

LECTIO DO CARDEAL PIACENZA: A verdadeira ecologia para os padres? Permanecer mais nos confessionários



Assistimos a uma tentativa de eliminar a palavra “pecado” da linguagem comum, excluindo a necessidade de pedir ajuda a Deus para enfrentar o nosso mal, como recordou o cardeal Piacenza no XXX Curso sobre foro interno. Segundo o penitenciário maior, hoje se fala tanto de ecologia, mas “ninguém ousa falar” do essencial “ecologia da alma”. Daqui o conselho para os sacerdotes: “Quereis ser verdadeiramente padres modernos e ecologistas? Permanecei mais nos confessionários!”.



No final do mês passado aconteceu no Vaticano o XXX Curso sobre foro interno organizado pela Penitenciaria Apostólica. Os trabalhos foram abertos com a lectio magistralis do cardeal Mauro Piacenza que falou sobre a ecologia da alma, um conceito muito caro a Bento XVI, o qual, não por acaso, foi citado no histórico discurso no Bundestag alemão de 22 de setembro de 2011. O penitenciário maior, reevocando as palavras do papa emérito, afirmou: “Neste nosso tempo, no qual em maneira sempre mais ampla e evidente, em sempre mais lugares, é colocado no centro do debate público, também eclesial, o urgente tema da eclesiologia, penso que seja muito conveniente que a Penitenciaria Apostólica intervenha sobre isto do qual talvez ninguém ousa falar: a ecologia da alma, que outra coisa não é senão um aspecto essencial da mais ampla ecologia  do homem”.



O único remédio para a questão do ajustamento ao mal feito pelo homem contemporâneo deve ser encontrado na purificação: este é o coração da intervenção do cardeal Piacenza que a considera, portanto, como uma tentação difusa também em muitos teólogos modernos, a de “abolir” o pecado. “O homem contemporâneo – escreveu o purpurado – que eliminou ou arquivou o problema de Deus, não fala mais de ‘pecado’, mas de ‘erro’, cumprindo desse modo um dupla, suicida operação; de um lado, de fato, ele atribui unicamente a si mesmo a responsabilidade pelos próprios atos negativos, excluindo a existência de um pecado original e a consequente inclinação ao mal, à qual somos chamados a resistir, mas que somos chamados humildemente a reconhecer; por outro lado, excluindo a presença e ajuda de Deus e da sua graça, o homem contemporâneo se autocondena a uma dramática solidão no próprio mal”.

Para o cardeal Piacenza a vontade de eliminar o pecado até mesmo na linguagem comum estaria coligada àquela de marginalizar Deus na sociedade. E alerta, portanto, para a coerência concebida como único critério de juízo do agir humano no lugar da obediência à verdade e ao bem. A intervenção do penitenciário maior se deteve depois a destacar a importância (muito negligenciada hoje) do sacramento da Reconciliação e dos deveres aos quais o sacerdote é chamado: “Toda individual absolvição sacramental constitui a maior contribuição que se possa oferecer à ecologia humana, à ecologia da alma e, através dela, à ecologia do mundo e do universo”, afirmou o purpurado, concluindo com um apelo forte: “Quereis ser verdadeiramente padres modernos e ecologistas? Permanecei mais tempo no confessionário!”.

O Curso sobre foro interno teve conferências sobre temas de muita atualidade na vida eclesial. Padre Ambrogio Nguyên Van Si, por exemplo, falou do acesso aos sacramentos por parte dos divorciados recasados. O presidente do Colégio dos Penitenciários Lateranenses especificou que a proibição não deve ser interpretada como uma condenação, nem como um julgamento sobre as consciências “onde somente Deus pode ver”. Estas pessoas não devem ser excluídas da vida da Igreja, escreveu o religioso, e devem poder fazer caminhos de fé que “as tornem partícipes e ativas na comunidade eclesial” mas “isto não significa porém deixar tudo ao juízo e às decisões particulares ou individualistas; pelo contrário todos devem confrontar-se com o ensinamento da Igreja”.

Padre Ambrogio Nguyên Van Si forneceu, depois, a sua interpretação do oitavo capítulo da Amoris laetitia: “A doutrina sobre o matrimônio indissolúvel não muda, mas muda a impostação pastoral centrada no primado da pessoa e na lógica ‘da misericórdia e da integração’”. Segundo Nguyên Van Si, “o Papa usa o condicional, portanto não diz que é preciso admitir aos sacramentos, mesmo se não o exclua em alguns casos e em algumas condições. Não existe, portanto nenhum automatismo e o acesso aos sacramentos, que não é um direito a reivindicar, deve ser garantido em alguns casos sobre a base de uma visão misericordiosa e indulgente diante da fragilidade humana”. O presidente do Colégio dos Penitenciarios Lateranenses sustentou que “não existe uma permissão” generalizada, mas se deixa aberta a possibilidade de aceder as sacramento caso a caso depois de um rigoroso discernimento também no caso de que os divorciados recasados não vivam em continência, ou seja, não se comportam como irmão e irmã”. Deve ser recordado, todavia, para os “divorciados recasados”, onde por graves motivos (como a educação dos filhos) não possam separar-se, exatamente o compartilhamento do viver como irmão e irmã permanece necessário para poder receber validamente o sacramento da Comunhão, segundo o ensinamento de sempre confirmado na Familiaris Consortio de são João Paulo II (FC 84).


Fonte: http://www.lanuovabq.it/it/la-vera-ecologia-per-preti-stare-di-piu-in-confessionale

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