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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

“É de Santa Inês que se deve aprender e, não de Greta”



Com o sangue da sua jovem vida, Santa Inês testemunhou Cristo, Filho de Deus e único Salvador do mundo. Somente no cristianismo existe um futuro para a Itália, o neopaganismo ao invés conduzirá a sua ruína certa. A homilia do cardeal Müller para a festa de Santa Inês. 


Publicamos a homilia pronunciada pelo cardeal Gerhard Müller em 21 de janeiro, festa de Santa Inês na basílica de Santa Inês em Agone, em Roma, do qual é titular.

O que nos fascina nos jovens de hoje não é somente o seu aspecto gracioso, mas também o seu rendimento esportivo e escolar e a sua abertura para o futuro. Alguns se tornam até mesmo modelos para as suas gerações. A adolescente sueca de dezesseis anos Greta Thunberg, por exemplo, se tornou um ícone do movimento ambientalista mundial. Rezemos, portanto para que a campanha midiática criada em torno a ela não acabe lhe fazendo mal. 

A adolescente romana de doze anos Inês, ao invés, não é um ídolo efêmero do seu tempo, mas um ideal permanente da fé cristã. Ela ainda hoje, 1700 anos depois de sua morte, não é esquecida. Os católicos de todo o mundo admiram esta mocinha pelo seu heroísmo e a veneram como santa. Em mérito a sua morte sofrida na fidelidade a Deus, o grande Padre da Igreja Santo Ambrósio de Milão afirmou: Eis, portanto em uma só vítima um duplo martírio, de pureza e de religião. E ela permaneceu virgem e obteve o martírio(de Virg. II, 9).

Já desde menina Inês soube distinguir claramente entre o único verdadeiro Deus e os tantos falsos ídolos cultuados pelos pagãos. O mundo foi criado para o homem, lhe serve de habitação e fonte para procurar para si o alimento. O homem existe em virtude de si mesmo e é criado naturalmente orientado para Deus, Aquele no qual somente o nosso coração encontra repouso. Aqueles que são criados segundo a imagem e semelhança de Deus vivem na consciência da sua dignidade de serem filhos e filhas de Deus. E por isso, não tememos nem as forças destrutivas da natureza, nem os caprichos do destino ou a ira dos tiranos. Não praticamos um culto da personalidade dos ricos, belos e potentes. A glória do mundo é passageira e todos os homens são mortais. Porque o salário do pecado é a morte; mas o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6,23). 

Em Roma, os primeiros cristãos tinham alcançado a liberdade da fé no único Deus, sacrificando a própria vida na luta contra uma grande potência pagã quase invencível, que encontrou expressão no culto ao imperador, na alta cultura dos eruditos e na mentalidade supersticiosa das grandes massas. Não recaindo nas velhas formas de culto dos fúteis ídolos e das suas imagens e estátuas de madeira, pedra e metal, seguiremos os exemplos deles: Não chamaremos mais nosso deus a obra de nossas mãos (Os 14,4). A idolatria não é uma excitante imersão nas culturas exóticas e nos seus ritos de fertilidade com conotações sexuais. De fato, a fé nos deuses e nos demônios e a invocação dos elementos por parte dos xamãs obscurece a verdade da salvação, e o fato que é mediante Jesus que somos libertados da escravidão das corrupções para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8,21). 

Infelizmente por causa deles, muitos homens do nosso tempo esqueceram ou deliberadamente cortaram as suas raízes cristãs. Seguindo uma religião substitutiva neopagã, iniciaram de novo a absolutizar o cosmos, o nosso planeta a evolução, o world wide web, a tecnologia. Comportam-se como se estas realidades passageiras pudessem dar ao homem a razão última e o sustento de que precisam. Na sua existência pagã se congratulam pelo suposto conhecimento científico que o homem seja somente um animal e a morte o fim de tudo. Zombam da nossa fé na imperecível dignidade do homem e consideram a ressurreição da carne uma fábula para as crianças, ignorando o fato de que já a nossa razão nos diz que a natureza não produz nada inutilmente. Ou deveríamos crer que o Criador da natureza tenha criado o homem em vão, dotando-o da perpétua busca da verdade e do inextinguível desejo de felicidade, somente para brincar com ele?

Com o sangue da sua jovem vida Santa Inês testemunhou Cristo, Filho de Deus e único Salvador do mundo. E assim ela encoraja também a nós aqui em Roma e na Europa, a professar a nossa fé católica publicamente e sem ter medo dos homens. A fé dos apóstolos Pedro e Paulo é a raiz da cultura que, de Roma e da Itália, chegou a toda a Europa, conferindo-lhe a sua identidade cristã. Somente no cristianismo existe um futuro para a Itália, o neopaganismo ao invés conduzirá a sua ruína certa. Todo possível diálogo com o ancião Scalfari é respiração perdida se o ateu, na sua confusão, retira do diálogo a conclusão que o Papa teria negado a divindade de Cristo. De fato, por qual outra razão o bispo romano é o Papa de toda a Igreja católica, se não porque confessa dia e noite, com São Pedro: Tú és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16)?

Os católicos fariam bem em colaborar com todos eles espiritualmente e moralmente a ponto de assumir-se a responsabilidade pelo futuro econômico, político, cultural e religioso da Europa. A única fonte da qual brota a água limpa para o renascimento da Cidade Eterna e de toda a Itália, é a imagem cristã do homem. É mais meritória de confiança um político que eleva um rosário em um gesto simbólico que um que abate a cruz de Cristo com um gesto concreto. 

Como o neopaganismo nega a concepção do homem como imagem de Deus, ele se revela também hostil à vida. O cristianismo ao invés nos ensina que toda vida humana é sagrada desde o momento da concepção até o último respiro. Por isso, a nossa resposta ao aborto e à eutanásia, à mudança de sexo e à destruição do matrimônio e da família, pode ser somente um categórico não! Para um cristão não valem nem as ideologias de direita nem as da esquerda; ele não se deixa seduzir pelas religiões neopagãs da natureza ou segar pelo ateísmo de tipo neoliberal e neomarxista. A um católico maduro não se deve dizer por qual motivo político democrático deve votar ou não. Quem crê em Deus conhece um só mandamento: o amor a Deus e ao próximo.

A Itália e a Europa terão um futuro somente se tiver como objetivo uma renovação cultural, moral e religiosa na fé em Jesus Cristo, Filho de Deus vivo. Através da sua ressurreição dos mortos venceu o ódio, o pecado e a morte. E no sinal da Sua Cruz se coloca também o renascimento da Itália católica. Santa Inês, intercedei a Deus pelos vossos romanos, pela Itália católica e pela Europa cristã. Amém.

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