Ó Pai que estais nos Céus, Vos pedimos a
manifestação da Vossa graça sobre a histórica cúpula entre Usa e Coreia do
Norte, aqui em Singapura. Esta é a oração presente em toda a diocese de
Singapura, em vista do histórico encontro entre Trump e Kim Jong-un. O primeiro
em absoluto entre um presidente Usa e um ditador norte-coreano.
“Ó Pai que estais nos Céus,
vos pedimos a manifestação da Vossa graça sobre a histórica cúpula entre Usa e
Coreia do Norte, aqui em Singapura no dia 12 de junho. Nós todos desejamos
viver em um mundo onde exista a paz, o amor fraterno, a atenção e a caridade
uns pelos outros. Sem paz, não pode existir segurança, progresso e futuro para
a humanidade. Senhor, Vos pedimos para que ilumineis os líderes políticos a
trabalhar pela paz, a justiça e a ordem social no mundo. Possa este ser o
início de um contínuo esforço para construir relações fortes, livres do peso do
medo e da desconfiança. Possam as nações aprender a confiar umas nas outras e a
trabalhar pela paz do mundo para todos os seres humanos. Ó Mãe bendita, sois o
nosso Espelho de Justiça e Sede da Sabedoria, confiamos a vós a cúpula. Ó
Espírito Santo, guiai os líderes e os liderados de modo que ‘um povo não
levantará mais a espada contra outro povo, não exercitarão mais a arte da
guerra’ (Is 2,4). Pedimos isso por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho que vive e reina Convosco e o Espírito Santo, único Deus nos séculos dos
séculos. Amém”. Singapura: esta é
a oração presente em toda a arquidiocese através dos meios tradicionais e das
redes sociais. Reza-se pelo êxito deste encontro, que acontece hoje na Cidade-estado
do sudoeste asiático, entre o presidente americano Donald Trump e o ditador
norte-coreano Kim Jong-un, para a desnuclearização da península coreana.
Trata-se de um encontro
histórico, sob todos os pontos de vista. Não somente pelas perspectivas que
se abrem (poderia ser a primeira verdadeira paz na Coreia desde 1950), mas
também pelo fato mesmo de que seja um vértice Usa-Coreia do Norte, que não
possui precedentes. Jamais um presidente americano havia aceitado encontrar um
ditador da Coreia do Norte, antes de hoje. É necessário, portanto,
interrogar-se bem sobre quais sejam os riscos. Às 9 horas local, Donald Trump e
Kim Jong-un se encontraram no Capella Hotel de Singapura. Depois de um colóquio
a portas fechadas, assinaram um documento conjunto pela desnuclearização. O
vértice foi um sucesso, de acordo com o próprio presidente americano, que
definiu o seu interlocutor “um negociador atento e hábil”. “Não foi fácil
chegar até aqui, mas superamos os obstáculos”, comentou Trump. Os dois sorriram
para os fotógrafos e apertaram as mãos, em uma série de fotos que já ficaram
para a história.
Kim Jong-un parece oferecer
pela primeira vez uma grande troca, uma ocasião que poderia ser pega na
mosca para por fim a mais de meio século de guerra não declarada. Os objetivos
são gananciosos: por fim pacificamente à ameaça nuclear norte-coreana, por fim
à guerra com um tratado de paz (por enquanto é somente uma trégua, iniciada em 1953
com o armistício de Panmunjeon) e começar relações diplomáticas com a Coreia do
Norte. Todavia com a “desnuclearização” as duas partes podem também entender
coisas muito diferentes entre elas. E não é ainda claro o que Kim pode pedir em
troca: eliminar as ogivas estadunidenses da Coreia do Sul (teoricamente não
existem mais), ou de toda a área Ásia-Pacífico (dando, desse modo, à China uma
vantagem estratégica decisiva)? Trump quis acelerar os tempos e encontrar-se
diretamente, face-a-face, com sua contraparte. Deste modo, os acordos serão
seguramente mais claros, mais também mais arriscados.
Quais são os riscos? Segundo
a delegação sul-coreana que se encontrou com Kim Jong-un, a condição essencial
para um desarmamento nuclear é a “garantia pela segurança do regime
(norte-coreano, ndr) e a remoção de todas as ameaças militares contra o Norte”.
Para Kim Jong-un, a atômica é uma política sobre a vida. Como outras vezes
reafirmou desde 2013, quando o nuclear militar se tornou o coração da sua
doutrina política, a Coreia do Norte tem a intenção de defender-se com todos os
meios de uma possível mudança de regime. Os exemplos da Líbia e antes ainda do
Iraque e da Sérvia são frequentemente invocados para dizer “com as armas
nucleares, nós não teremos o mesmo fim”. O que poderia pretender como
“garantia” de segurança em troca do desarmamento? O compromisso dos Estados
Unidos de não atacar a Coreia do Norte era já contido em todos os precedentes
acordos, entre os quais aquele de 2005 resultado das conversações patrocinadas
por Pequim. O regime de Pyongyang poderia, portanto, levantar a trave dos seus
pedidos. Mas até que ponto? Pedirá a ruptura da aliança entre Usa e Coreia do
Sul, incluso o cancelamento de todas as garantias para a segurança militar? O
fim de todas as sanções da Onu? O primeiro, sobretudo, é um pedido que
dificilmente poderia ser acolhido por Trump, ou por qualquer outro presidente
americano.
O risco, portanto, é que sobre
estas bases a oferta e a demanda não se encontrem. Por sua vez, a
administração de Trump aponta ao invés, declaradamente, ao desarmamento
norte-coreano. Trump, Pompeu (secretário de Estado) e Bolton (Segurança
Nacional) não são propriamente “pombos da paz”. Pompeu recordou que o
presidente está disposto a aceitar somente uma desnuclearização “completa,
verificável e irreversível”, como das resoluções da Onu. A linha política
mantida até agora por este governo, com a sua condenação ao acordo nuclear
iraniano e a sua crítica forte a toda tentativa do passado, é a por sua vez
vinculante: Trump não pode transformar-se em pombo da paz, nem criar um
precedente para todos os outros interlocutores. Certamente não poderá
contentar-se com uma declaração de intenções, deverá obter algo de extremamente
concreto, tangível e demonstrável a sua opinião pública.
Portanto, por estas e outras
razões, o futuro pode não ser rosado. Mas é uma chance, que não houve jamais no
passado. E aqui é obrigatório abrir uma reflexão também sobre a cobertura
mediática do evento. Pelo fato de que o papel de Trump neste acontecimento não
é nunca suficientemente reconhecido. Embora reconhecendo os limites do
raciocínio contrafactual: se em Singapura, hoje, estivesse Obama, ou Clinton, o
que iríamos ler nos jornais? O quanto de tempo a mais haveria na mídia sobre
este evento? E qual seria o tom dos correspondentes? É fácil imaginar: uma
beatificação. Nestes dias, pelo contrário, se destaca a diferença entre o
pacifista Moon (o presidente sul coreano que procurou organizar por meses este
encontro) e o provocador de guerra Trump, adocicado, não se sabe bem como,
somente no último momento e surpreendendo a todos. Na realidade, o atual
presidente dos Estados Unidos sustentava a necessidade de encontrar Kim já
durante a campanha eleitoral, pelo menos desde maio de 2016. Demonstrou,
portanto, de ter trabalhado coerentemente para este objetivo, alternando uma
concreta ameaça militar imediata, com uma sincera abertura ao diálogo. E um
primeiro objetivo o obteve. É o encontro de Singapura a verdadeira notícia. O
resto será dado extra.
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