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terça-feira, 24 de julho de 2018

A nova pesquisa sobre o Sudário é cientificamente limitada




Nestes dias saiu um novo estudo sobre o santo Sudário, assinado por Luigi Garlaschelli, químico do Comitê Italiano para o Controle das Afirmações sobre Pseudociências (Cicap), e por Matteo Borrini, antropólogo forense da Universidade de Liverpool, e publicado no Journal of Forensic Sciences. Estudo além do mais já esboçado em 2014, sem grande sorte por parte da crítica científica. Ainda assim, a mídia não perdeu a ocasião para propagar a notícia com títulos sensacionalistas como “Pesquisa sobre o Sudário, pelo menos metade das manchas são falsas” (Ansa) ou “Sudário, uma parte das manchas de sangue é falsa” (La Repubblica).




Il Timone entrou em contato com o Professor Giulio Fanti (na foto acima), docente de Medidas mecânicas e térmicas na Universidade de Pádua e expert de fama internacional do santo Sudário, para ver a sua opinião quanto à questão.


Professor Fanti, o químico Garlaschelli afirma -  segundo o que traz textualmente o Jornal  – que “a quase totalidade das manchas no Sudário não são nem compatíveis com nenhuma posição de um corpo humano, nem crucificado e nem deitado no sepulcro” e ainda afirma que “as manchas se assemelham mais a pinceladas que a flacidez verdadeira de sangue”...
«Olhe, pelo que me parece o trabalho que apresentaram Garlaschelli e Borrini é cientificamente limitado. Para chegar as suas conclusões, de fato, criaram somente a hipótese de duas possíveis configurações do Homem do Sudário: colocado na cruz, ou deitado no sepulcro. Faltam, portanto todas as posições intermédias: desde o momento da deposição da cruz, ao transporte até o sepulcro... que são exatamente as posições que verificam a perfeita compatibilidade das manchas presentes no Sudário com os eventos da Paixão, Morte e Ressurreição do Homem que com ele foi envolvido e que para mim possui certamente um nome: Jesus Cristo”.


Um ponto, somente para citar um exemplo concreto, que suscitou as perplexidades dos dois pesquisadores e que os levou a desmentir as hipóteses feitas até agora por outros cientistas interessa a mancha presente no Sudário em correspondência com a região lombar, derivada da ferida no peito: sustentam de fato que esta teria devido encontrar-se mais em proximidade da omoplata, antes que dos rins...
«Também aqui o problema é que fazem o estudo do Sudário de um ponto de vista extremamente – insisto: extremamente – limitado. Parece, de fato, que os dois pesquisadores não tenham considerado como poderiam ter sido formados os vazamentos de sangue. Em mérito, existem duas hipóteses, como será apresentado em um artigo que sairá em breve.

Uma primeira hipótese é que o sangue vazado do pulso tenha depois fluido pelo braço, portanto caído do cotovelo e tenha ido formar o assim chamado “cinturão de sangue”.

Uma segunda hipótese, à qual sou mais afeiçoado, é ao invés aquela que durante a flagelação Jesus tenha sido agredido na zona lombar e, portanto na altura dos rins foram feitas feridas que pingaram sangue também depois da morte. A ferida na região lombar justifica, portanto a produção desta mancha».



Qual técnica os dois pesquisadores utilizaram para chegar as suas conclusões?
«Simplesmente pegaram uma seringa cheia com um líquido vermelho que fizeram escorrer sobre o braço oportunamente inclinado (veja a imagem acima, ndt). Analisaram o percurso do líquido sem considerar a possível presença de alguma sujeira grudada na pele. Isto não me parece um método científico».


Ainda, de outros estudos sabe-se que o Sudário envolveu o corpo de um homem torturado, tendo mais de 370 feridas, também com traços de uma coração de espinhos, os sinais de uma crucificação com os pés e as mãos pregados e uma ferida no peito... existem atualizações em mérito a isto?
«Uma novidade interessante eu levei no ano passado aos Estados Unidos. No âmbito de uma convenção sobre o Sudário apresentei uma análise numismática muito mais volumosa, cerca de 30 páginas, com as quais demonstrava – com o cálculo das probabilidades – que seguramente já em 692 d.C. o Cristo do Sudário era representado nas moedas bizantinas, especificamente o sólido dourado e o hexagrama de prata. O que significa que o Sudário existia, contrariamente ao resultado radiocarbônico de 1988.

A isto se acrescenta uma descoberta que fiz exatamente nesta manhã, que obviamente será verificada: analisando o pó aspirado do Sudário encontrei uma partícula que ressai provavelmente a uma moeda bizantina. Para a precisão se trata de uma partícula de electro, uma liga particular de prata e ouro».


Retornando à veracidade do Sudário, o senhor sempre afirmou que a ciência não encontrou ainda um modo de desmentir a tese defendida pela tradição segundo a qual o Sudário envolveu o corpo de Cristo. À luz desta nova pesquisa de Garlaschelli e Borrini, a sua posição permanece a mesma?
«Sim, certamente! Estudo o Sudário há mais de vinte anos e não encontrei o menor indício contra a sua autenticidade. Além do mais, me surpreende esta posição pela qual a ciência deveria a todo custo desmentir algo. Não é assim: a ciência deve indagar... fazer pesquisa “goal oriented”, com um objetivo já prefixado, não possui nenhum valor científico, possui somete o valor de fornecer “fake news”».


Deseja acrescentar algo, como conclusão?
«Somente uma coisa: Cristo foi crucificado há dois mil anos, mas com pesquisas como esta destes dias, O estão crucificando uma segunda vez».

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