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terça-feira, 14 de agosto de 2018

A Argentina diz sim à vida e reprova o aborto (Juntamente com a desinformação)


Ermes Dovico

No final, venceu o bom senso do “salvar ambas as vidas”, como o povo pro life argentino, com o importante sustento da Igreja católica e dos evangélicos, foi repetindo durante todos os últimos meses de batalha. Em uma sessão que durou por 16 horas e terminou somente às 2:43 da noite entre a quarta 8 e a quinta 9, enquanto a esperar na praça estavam milhares de pessoas com lenços celestes (pro vita) ou verde (pro morte), o Senado rejeitou com 38 votos contrários e 31 favoráveis (aos quais acrescentamos duas abstenções e uma ausência) o projeto de lei que teria legalizado o aborto até a 14 semana de gravidez, consentindo-o também além deste limite em caso de mau formação do feto e de risco para a saúde da mulher. Teria sido em suma as usuais malhas longuíssimas, dentro das quais seria legalmente consentido um delito que – se procurado intencionalmente – permanece tal em qualquer circunstância (como chamar de outra maneira o assassinato de um ser humano inocente?), recordando que a Argentina permite já o aborto em caso de estupro e de risco para a vida da mulher. 

O voto do Senado chega depois que o projeto de lei tinha sido aprovado pela Câmara, em 14 de junho passado, com uma maioria de 129-123. Naquele caso, os indecisos tinham aderido nas batutas finais à frente abortista, enquanto desta vez as previsões da vigília tinham sido respeitadas, não obstante as maciças pressões, provenientes do exterior, em favor do aborto. A International Planned Parenthood Federation, famigerada multinacional dos abortos, transferiu na última década mais de cinco milhões de dólares divididos em geral entre uma dúzia de organizações argentinas para sustentar o aborto livre e gratuito. Quem se colocou em favor do aborto foi também uma organização que abraçou plenamente a lógica mundial, ou seja Amnesty International, que chegou a comprar uma inteira página na edição internacional do New York Times, apontando para o tema dos abortos clandestinos. 

Também na Argentina, como já acontecido na Itália e em todos os outros Países (incluindo também o recente caso da Irlanda) que nas últimas décadas eliminaram as proteções em defesa dos nascituros, aumentaram desmesuradamente os números dos abortos clandestinos e das mortes maternas a estes ligadas, sempre com a finalidade de desviar a atenção daquele que é o coração da questão: a criança. Em face de algumas dezenas de mulheres que foram vítimas do aborto ilegal (em 2007 eram 74, segundo os dados do ministério argentino da Saúde) – que certamente causam dor, mas a caridade quer que sejam ajudadas a dar à luz e, nos casos extremos, encaminhadas para o parto em anonimato – também desta vez se queria justificar a supressão de quem sabe quantas dezenas de milhares de crianças inocentes ao ano, olhando para as tendências do País com uma população semelhante à Argentina, tipo a Espanha, onde o aborto é amplamente legalizado.

A frente abortista argentina teve também o sustento do Banco Mundial e se pode considerar que o terá também nos anos que virão, à luz das políticas antinatalistas levadas adiante pelas agências e organismos da Onu. Em relação a isto, como explicou C-Fam, é já desde o final dos anos Oitenta que os comitês para os “direitos humanos” da Onu fazem pressão sobre a Argentina; e nos dias mais quentes da campanha deste ano diversos senadores, sujeitos a uma grande desinformação, chegaram ao ponto de crer que fosse exatamente o direito internacional a pedir a legalização do aborto. Também por tal razão dois políticos europeus, o lorde inglês David Alton e o irlândes Ronan Mullen, enviaram uma carta aos senadores argentinos (divulgada pelo  Pro Vita), advertindo-os para não cair na armadilha, enquanto “o direito à vida é um direito fundamental no direito internacional e entre os direitos humanos. Não existe direito ao aborto nas normas sobre direitos humanos”.


Acenamos para a contribuição importante da Igreja no País do papa Francisco (o qual, dois dias depois do voto de junho, encontrando o Forum das associações familiares tinha falado do aborto como de uma prática nazista), cuja mobilização atingiu o seu cume em 8 de julho, quando uns cinquenta bispos se reuniram no santuário da Virgem de Luján, padroeira do país, para celebrar uma Missa pela Vida diante de milhares de fiéis. Na ocasião o presidente da Conferência episcopal argentina, monsenhor Oscar Ojea, colocou-se contra a proposta abortista chamando-a “uma lei que legitima a eliminação de um ser humano por parte de um outro ser humano”. Houve também a mobilização de centenas de médicos que se uniram às marchas pro life (entre os quais aquela imponente de 20 de maio e uma outra organizada pelos evangélicos, com a participação de muitos católicos, em 9 de julho) levando modelos de fetos e a escrita “eu sou um médico, não um assassino”.

Em suma, o povo que defende a vida, a partir dos leigos, não permaneceu somente observando, mesmo se isto evidentemente desagrada a mídia “liberal”, incluindo os nossos próprios, que torciam pela supressão dos nascituros, porque – é sempre bom recordar – é esta a consequência direta da “liberdade” de abortar. Como compreendeu bem uma jovem escritora com deficiência, com dezesseis anos, Verônica Cantero Burroni, que com a sua carta conseguiu convencer um senador a votar contra o aborto: “Estimado Senador, não sou favorável à legalização do aborto – escreveu Verônica – porque creio que todas as vidas possuam exatamente o mesmo valor. Parece-me profundamente injusto que nós, vivos somente porque justamente não nos abortaram, possamos decidir que vidas não nasçam. Com qual direito? Será que a minha vida tenha mais valor que aquela de outra pessoa? Esta vida me ensinou que até mesmo na deficiência o mundo não acaba. E que não existem limites pelos quais uma vida não seja digna de vir à luz para a felicidade”. A realidade diz que a batalha continua, como demonstra também o projeto de reforma do código penal, mas enquanto isso a Argentina deu ao mundo uma boa notícia.


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