Pesquisar no blog

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Porque dizemos Feliz Natal

Lorenzo Bertocchi




As festas de Natal estão chegando. As ruas estão mais iluminadas que o comum, nas varandas aparecem improváveis papais-noéis e acontecem as férias escolares. Na praça, no escritório, na caixa de entrada do e-mail, tudo é troca de felicitações. Mas quais felicitações?

Na Holanda e Bélgica já resolveram o problema, lá já é praxe usar o “boas festas”. Também entre nós não faltam exemplos de escolas ou lugares públicos nos quais se evita de fazer o presépio porque poderia ferir a sensibilidade de alguém. Na Bélgica, as férias escolares de natal não se chamam mais assim, mas são simplesmente “férias de inverno” (as da Páscoa são “férias de primavera”). Nas ruas de Amsterdan ou Bruxelas, mas poderíamos também dizer em Paris ou Londres, no Natal existe um ar de festa graças a luzes e entretenimento, mas alguma coisa foi perdida pela estrada.

Poderiam ser feitas muitas considerações, todavia basta fixar-se em uma pergunta feita há 2000 anos a um pescador da Galileia: “Quem sou eu para vocês?” – perguntou Jesus de Nazaré. “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, respondeu Pedro. É como dizer: este homem é Deus. Afirmação explosiva sobre a qual a humanidade continua a dividir-se.

Àquela pergunta, no decorrer dos séculos, muitos se preocuparam em responder, a maior parte procurou reduzir Jesus de Nazaré a um grande homem: os iluministas fizeram dele um livre pensador, os marxistas um agitador social, os burgueses um moralista. Tantos procuraram de colocar em discussão a historicidade dos fatos, mas diante da quantidade exorbitante de documentos é uma hipótese ridícula. Por isso, procuraram fazer dele um mito como tantos outros, o Cristo, o Filho de Deus, seria somente uma “construção” póstuma dos seguidores do homem Jesus. Hoje em certo sentido não se nega mais Deus, mas o relega a uma definição indistinta e espiritualista. O que é brutalmente rejeitado é exatamente a encarnação, a perturbadora novidade de Deus que se faz carne. Como novo Herodes se rejeita a realidade daquele menino, concebido pelo Espírito Santo, que jaz em uma manjedoura entre a Virgem e o justo José.

E então, por que nos fazemos as saudações no Natal? Diante do desencanto do nosso tempo, podemos fazer refletir algumas palavras de Santo Afonso Maria de Ligório, o autor da célebre “Tu scendi dalle stelle”:

“Os homens depois da queda viviam como cegos entre as trevas na sombra da morte. (...) Por outro lado meditamos o amor infinito que Deus demonstrou nesta grande obra da Encarnação do Verbo, fazedo de modo que o Seu Unigênito viesse a sacrificar a Sua vida divina sobre uma cruz, em um mar de dores e de insultos, para obter para nós o perdão e a salvação eterna. Contemplando este grande mistério, cada um deveria exclamar: Ó bondade infinita, ó misericórdia infinita: Deus se fez homem para vir morrer por mim!”.

Uma luz se acendeu naquela noite de Belém, uma luz que ilumina as trevas do mal e da morte. Aquela escuridão que o homem é radicalmente incapaz de iluminar foi perfurada. É por isso que dizer “Feliz Natal” é bem diferente que dizer um simples “boas festas”.

 Fonte:

 
Recomendo visualizar:


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário