As festas de Natal estão
chegando. As ruas estão mais iluminadas que o comum, nas varandas aparecem
improváveis papais-noéis e acontecem as férias escolares. Na praça, no
escritório, na caixa de entrada do e-mail, tudo é troca de felicitações. Mas
quais felicitações?
Na Holanda e Bélgica já
resolveram o problema, lá já é praxe usar o “boas festas”. Também entre nós
não faltam exemplos de escolas ou lugares públicos nos quais se evita de fazer
o presépio porque poderia ferir a sensibilidade de alguém. Na Bélgica, as
férias escolares de natal não se chamam mais assim, mas são simplesmente
“férias de inverno” (as da Páscoa são “férias de primavera”). Nas ruas de
Amsterdan ou Bruxelas, mas poderíamos também dizer em Paris ou Londres, no
Natal existe um ar de festa graças a luzes e entretenimento, mas alguma coisa
foi perdida pela estrada.
Poderiam ser feitas muitas
considerações, todavia basta fixar-se em uma
pergunta feita há 2000 anos a um pescador da Galileia: “Quem sou eu para vocês?”
– perguntou Jesus de Nazaré. “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, respondeu
Pedro. É como dizer: este homem é Deus. Afirmação explosiva sobre a qual a
humanidade continua a dividir-se.
Àquela pergunta, no decorrer
dos séculos, muitos se preocuparam em responder, a maior parte procurou
reduzir Jesus de Nazaré a um grande homem: os iluministas fizeram dele um livre
pensador, os marxistas um agitador social, os burgueses um moralista. Tantos
procuraram de colocar em discussão a historicidade dos fatos, mas diante da
quantidade exorbitante de documentos é uma hipótese ridícula. Por isso,
procuraram fazer dele um mito como tantos outros, o Cristo, o Filho de Deus,
seria somente uma “construção” póstuma dos seguidores do homem Jesus. Hoje em certo
sentido não se nega mais Deus, mas o relega a uma definição indistinta e
espiritualista. O que é brutalmente rejeitado é exatamente a encarnação, a
perturbadora novidade de Deus que se faz carne. Como novo Herodes se rejeita a
realidade daquele menino, concebido pelo Espírito Santo, que jaz em uma
manjedoura entre a Virgem e o justo José.
E então, por que nos fazemos
as saudações no Natal? Diante do desencanto do nosso tempo, podemos
fazer refletir algumas palavras de Santo
Afonso Maria de Ligório, o autor da célebre “Tu scendi dalle stelle”:
“Os homens depois da queda viviam
como cegos entre as trevas na sombra da morte. (...) Por outro lado meditamos o
amor infinito que Deus demonstrou nesta grande obra da Encarnação do Verbo, fazedo
de modo que o Seu Unigênito viesse a sacrificar a Sua vida divina sobre uma
cruz, em um mar de dores e de insultos, para obter para nós o perdão e a
salvação eterna. Contemplando este grande mistério, cada um deveria exclamar: Ó
bondade infinita, ó misericórdia infinita: Deus se fez homem para vir morrer
por mim!”.
Uma luz se acendeu naquela
noite de Belém, uma luz que ilumina as trevas do mal e da morte. Aquela
escuridão que o homem é radicalmente incapaz de iluminar foi perfurada. É por
isso que dizer “Feliz Natal” é bem diferente que dizer um simples “boas
festas”.
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