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terça-feira, 30 de julho de 2019

A realidade segundo a mídia, entre propaganda e manipulação

Fabio Piemonte

A mídia informa ou faz propaganda? A esta pergunta responde através de uma cuidadosa e aguda análise da máquina da manipulação midiática o último ensaio de Giuliano Guzzo, assinatura conhecida pelos leitores do Il Timone, com o título: Propagande. Segreti e peccati dei mass media (La Vela, pp. 203), (ndt.: Propagandas. Segredos e pecados da mídia. “As notícias não devem somente ser apreendidas. Seria muito simples. Elas devem também ser examinadas”; porque “a verdade existe e, apesar de tudo, resiste. Mas, não deve jamais ser dada por garantida”. É este anseio pela verdade a desmascarar toda forma de mentira passada como verdade, a mover a pesquisa de Guzzo sobretudo sobre temas de bioética.

Edward Bernays, um dos spin doctor que aparece no grupo dos 100 homens mais influentes do século XX segundo a revista Life, no seu ensaio Propaganda, publicado em 1928, reconheceu explicitamente que “o verdadeiro poder dominante está nas mãos daqueles que regulam os mecanismos escondidos da sociedade, concluindo que nós somos governados, as nossas mentes são modeladas, os nossos gostos formados, as nossas ideias inspiradas em parte por homens dos quais jamais ouvimos falar”. Não se trata aqui de aderir a teorias de conspiração, mas de constatar um dado de fato.

Por exemplo, em relação ao aborto, Bernard Nathanson, o conhecido abortista americano que se tornou pro-life, revelou exatamente a intencionalidade manipuladora da campanha midiática pro-choice: “Começamos convencendo a mídia que aquela batalha pela liberação do aborto era uma batalha liberal, progressista e intelectualmente refinada”. E assim “mesmo se o número de mulheres mortas pelas consequências de aborto ilegais era em torno de 200-250 ao ano, indicamos à mídia que era 10 mil. Estes falsos números penetraram nas consciências dos americanos, convencendo muitos que era necessário eliminar a lei que proibia o aborto”, confessou o mesmo doutor. Também na Itália foram dados números: 25000 teriam sido as mulheres vítimas de aborto clandestino. Que pena que tal cifra tenha se revelado até mesmo superior ao número total de mulheres em idade fecunda mortas em 1972 que foi igual a 15116. Em tempos recentes, a cobertura midiática sobre as principais emissoras americanas da March for Life 2018, ainda que desta tenha participado também Donald Trump, foi de somente 2 minutos e 6 segundos; enquanto no outro dia aquela feminista teve um espaço três vezes maior, ou seja, em torno de 6 minutos e 43 segundos.

Relativamente à eutanásia, a narração do ‘caso piedoso’ é muito mais instrumental com “uma intenção não mais de informar as pessoas, como seria justo, mas de gerar nelas um sentido de profunda piedade e indulgência em relação a quantos preferiram por fim ao sofrimento de uma pessoa ao invés de prolongar ‘uma existência dolorosa”. E assim a razão econômica é anteposta à dignidade do paciente.

Procede-se com o mesmo método também em relação a tema da violência contra as mulheres, sobre a qual se continua a insistir jogando a culpa principal para a família ‘tradicional’. É mistificada desta maneira mais uma vez a realidade enquanto “a maior parte da violência contra as mulheres não se manifesta dentro do matrimônio, antes é verdadeiro o oposto: a condição conjugal é mediamente uma garantia,, respeito a todas as outras, pela segurança feminina”.

Frequentemente se torna legítimo também recorrer a evidentes fake News, também jogando lama sobre a Igreja. Basta recordar que “se dizia que Bento XVI andava por toda parte com sapatos da marca Prada, quando estes eram na realidade um produto artesanal doado ao Santo Padre por um sapateiro de Novara”. Atualmente, porém parece que a técnica manipuladora tenha mudado o seu registro. “Já faz algum tempo – destaca com precisão enfim Guzzo – se assiste a uma surpreendente mutação genética que, com insistência agressiva, prefere os jogos de palavras, na defesa de um credo, patrocinando opiniões, na promoção de ideologias coletivas como a de convicções individuais, mas não por isto ideológicas e menos funcionais para lógicas de domínio”. O remédio permanece sempre o mesmo: vigiar e vigiar para permanecer fiéis à realidade.




quarta-feira, 24 de julho de 2019

50° Aniversário: O homem na lua, a reflexão de Paulo VI


No aniversário de 50 anos do desembarque do homem sobre a Lua, publicamos as palavras pronunciadas pelo Papa Paulo VI no Angelus de 20 de julho de 1969, que propõem uma reflexão que permanece de extraordinária atualidade.


 Hoje é um dia grandioso, um dia histórico para a humanidade, se realmente dois homens pisaram na Lua esta noite, como Nós, com todo o mundo ansioso, exultante e cheio de oração, esperamos que aconteça. Faremos bem em meditar sobre este extraordinário e surpreendente acontecimento; em meditar sobre o cosmos, que se abre diante do seu rosto mudo, misterioso, no quadro ilimitado dos séculos e dos espaços sem medida.
 
O que é o universo, de onde vem, como, por quê? Faremos bem em meditar sobre o homem, sobre seu gênio prodigioso, sobre sua coragem ousada, sobre seu progresso fantástico. Dominado pelo cosmos como um ponto imperceptível, o homem com o pensamento o domina. E quem é o homem? Quem somos nós, capazes de tanto? Faremos bem em meditar sobre o progresso. Hoje o desenvolvimento científico e operativo da humanidade chega a um limiar que parecia inatingível: o pensamento e a ação do homem aonde poderão ainda chegar? 

A admiração, o entusiasmo, a paixão pelos instrumentos, pelos produtos do gênio e da mão do homem nos fascinam, talvez até à loucura. E aqui está o perigo: desta possível idolatria do instrumento nós deveremos nos proteger. É verdade que o instrumento multiplica além de todo limite a eficiência do homem; mas esta eficiência está sempre em vantagem dele mesmo? O faz melhor? Mais homem? Ou não poderia o instrumento aprisionar o homem que o produz e torná-lo servo do sistema de vida que o instrumento na sua produção e no seu uso impõe ao próprio senhor?

Tudo ainda depende do coração do homem. É preciso absolutamente que o coração do homem se torne tanto mais livre, tanto melhor, tanto mais religioso, quanto maior e perigosa é a força das máquinas, das armas, dos instrumentos que o homem coloca a sua própria disposição.

Na emoção deste dia fatídico, verdadeiro triunfo dos meios produzidos pelo homem, pelo domínio do cosmos, nós devemos não esquecer a necessidade e o dever que o homem tem de dominar a si mesmo. Ainda existem, o sabemos, três guerras acontecendo na face da terra: o Vietnam, a África, o Médio Oriente. Uma quarta foi acrescentada já com milhares de vítimas entre Salvador e Honduras. Exatamente nestes dias! E depois a fome aflige ainda inteiras populações. Onde se encontra a verdadeira humanidade? Onde está a fraternidade, a paz? Qual seria o verdadeiro progresso do homem se estas tragédias perdurassem e se agravassem? Possa ao invés o progresso, do qual hoje festejamos uma sublime vitória, voltar-se para o verdadeiro bem, temporal e moral da humanidade. E nesta intenção rezemos.


Fonte:


quinta-feira, 18 de julho de 2019

Teoremas Anti-Vaticano

No cemitério Teutônico nada que se refira à Orlandi
 
No dia 11 de julho os refletores da mídia nacional e internacional se acenderam sobre o pequeno Campo Santo Teutônico. Reabertas as tumbas de duas princesas alemãs do XIX século; depois de uma indicação anônima sobre a possível sepultura de Emanuela Orlandi (desparecida em 1983), mas não foram encontrados os ossos. E o giro de ilações anti-Vaticano começa novamente.




No dia 11 de julho os refletores da mídia nacional e internacional se acenderam sobre o pequeno Campo Santo Teutônico, situado dentro dos muros leoninos, para seguir as operações de abertura dos túmulos das princesas Carlotta Federica de  Meclemburgo-Schwerin  e Sophie von Hohenlohe, mortas respectivamente em 1840 e 1836. Os dois túmulos foram indicados como o possível lugar de sepultura de Emanuela Orlandi, adolescente de quinze anos desaparecida em Roma no ano de 1983, em uma sinalização anônima que chegou ao seu irmão Pietro. Atendendo ao pedido do advogado deste último, o Ofício do Promotor de Justiça do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano autorizou a ele que fosse feita a abertura. Como escreveu Andrea Tornielli, diretor do Dicastério para a comunicação da Santa Sé, no seu editorial em Vatican News, “a investigação obteve um (previsível) êxito negativo”. Nos túmulos, de fato, não foram encontrados os restos de Emanuela Orlandi.

A atenção da opinião pública, porém, se concentrou no fato de que os ossos das duas princesas não tenham sido encontrados. A inspeção do pessoal técnico, acontecida na presença de um perito de confiança de Pietro Orlandi, verificou que dentro das estátuas não havia vestígios de urnas ou caixões. Sobre estas circunstâncias, como explicou o diretor interino da sala de imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, “estão acontecendo verificações documentais referentes às intervenções estruturais acontecidas na área do Campo Santo Teutônico, em uma primeira fase no final do século XIX e, em uma segunda fase mais recente entre os anos sessenta e setenta do século passado”. Enquanto se aguarda os resultados esperados pelo Vaticano, vale a pena recordar que nos anos 60 – como mostrado no próprio site oficial do lugar – a área do Campo Santo Teutônico teve operações de transferências de restos mortais: basta pensar nos restos mortais até agora sepultados dentro da vizinha igreja de Santa Maria da Pietà e transferidos – presumivelmente – para o terreno do cemitério.

Não é impossível pensar que a falta da presença dos ossos das duas princesas possa estar ligada a estes trabalhos que afetaram também a área subterrânea. Além do mais, também a partir de 2008 e por todo o 2009 o cemitério retornou a ser “um canteiro de obras” com as operações de restauração e de limpeza realizadas pelos estudantes da Munich Technical School for Stonemasons. Todo o complexo (igreja, cemitério e seminário) fica em solo italiano, mas possui status de extraterritorial em favor da Santa Sé, como sendo uma sede diplomática (do ‘defunto’ Sacro Romano Império, informam algumas fontes alemãs).

Em diversas reconstruções feitas pelos órgãos de imprensa realizadas depois que completaram a inspeção de 11 de julho, se procurou apresentar o episódio da ausência dos ossos das duas mulheres nobres como o mais novo capítulo do mistério sobre o que aconteceu com Emanuela Olandi, aludindo mais uma vez a um possível envolvimento do Vaticano.  Na realidade, à luz do caso Orlandi o único dado objetivo da abertura dos túmulos é a evidência de que dentro deles não tivesse nada que remetesse à adolescente de quinze anos desaparecida há 36 anos. À luz disto, o sinal que convidava a procurar “onde indica o anjo” poderia parecer a ideia de um mitomaníaco ou a tentativa de despistar, em todo caso o mais novo afronte à esperança e à dor dos familiares da cidadã vaticana. No seu editorial, Tornielli explicou que, sendo anônima, foi “impossível à Magistratura vaticana verificá-la previamente o quanto era confiável”. Exatamente sobre este ponto, a Santa Sé, confirmando a sua proximidade aos membros da família Orlandi, afirmou mais uma vez a disponibilidade em colaborar, demonstrada pela decisão de autorizar a abertura do túmulo.

Mais o tempo passa, mais se compreende a determinação com a qual os parentes se dedicam a sondar qualquer informação que surja sobre o caso, talvez na esperança de que quem sabe alguma coisa, envelhecendo, queira retirar um peso de sua consciência. Menos se compreende, ao invés, a atitude de quem continua ainda hoje a turvar as águas de um acontecimento já muito obscuro e doloroso inventando pseudo-revelações decisivas ou fabricando documentos claramente falsos, muito frequentemente com a intenção de fazer com que as pessoas deem crédito em uma possível culpabilidade do Vaticano. Além do mais, quem sabe se este novo nada de fato aconselhará aos operadores das informações de tratar a questão, que atrai interesse de milhares de pessoas em todo o mundo como foi visto pela difusão mundial da notícia de abertura dos dois túmulos das princesas alemãs, com menos sensacionalismo, especialmente em respeito pela procura pela verdade conduzida pelos familiares.