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quarta-feira, 24 de julho de 2019

50° Aniversário: O homem na lua, a reflexão de Paulo VI


No aniversário de 50 anos do desembarque do homem sobre a Lua, publicamos as palavras pronunciadas pelo Papa Paulo VI no Angelus de 20 de julho de 1969, que propõem uma reflexão que permanece de extraordinária atualidade.


 Hoje é um dia grandioso, um dia histórico para a humanidade, se realmente dois homens pisaram na Lua esta noite, como Nós, com todo o mundo ansioso, exultante e cheio de oração, esperamos que aconteça. Faremos bem em meditar sobre este extraordinário e surpreendente acontecimento; em meditar sobre o cosmos, que se abre diante do seu rosto mudo, misterioso, no quadro ilimitado dos séculos e dos espaços sem medida.
 
O que é o universo, de onde vem, como, por quê? Faremos bem em meditar sobre o homem, sobre seu gênio prodigioso, sobre sua coragem ousada, sobre seu progresso fantástico. Dominado pelo cosmos como um ponto imperceptível, o homem com o pensamento o domina. E quem é o homem? Quem somos nós, capazes de tanto? Faremos bem em meditar sobre o progresso. Hoje o desenvolvimento científico e operativo da humanidade chega a um limiar que parecia inatingível: o pensamento e a ação do homem aonde poderão ainda chegar? 

A admiração, o entusiasmo, a paixão pelos instrumentos, pelos produtos do gênio e da mão do homem nos fascinam, talvez até à loucura. E aqui está o perigo: desta possível idolatria do instrumento nós deveremos nos proteger. É verdade que o instrumento multiplica além de todo limite a eficiência do homem; mas esta eficiência está sempre em vantagem dele mesmo? O faz melhor? Mais homem? Ou não poderia o instrumento aprisionar o homem que o produz e torná-lo servo do sistema de vida que o instrumento na sua produção e no seu uso impõe ao próprio senhor?

Tudo ainda depende do coração do homem. É preciso absolutamente que o coração do homem se torne tanto mais livre, tanto melhor, tanto mais religioso, quanto maior e perigosa é a força das máquinas, das armas, dos instrumentos que o homem coloca a sua própria disposição.

Na emoção deste dia fatídico, verdadeiro triunfo dos meios produzidos pelo homem, pelo domínio do cosmos, nós devemos não esquecer a necessidade e o dever que o homem tem de dominar a si mesmo. Ainda existem, o sabemos, três guerras acontecendo na face da terra: o Vietnam, a África, o Médio Oriente. Uma quarta foi acrescentada já com milhares de vítimas entre Salvador e Honduras. Exatamente nestes dias! E depois a fome aflige ainda inteiras populações. Onde se encontra a verdadeira humanidade? Onde está a fraternidade, a paz? Qual seria o verdadeiro progresso do homem se estas tragédias perdurassem e se agravassem? Possa ao invés o progresso, do qual hoje festejamos uma sublime vitória, voltar-se para o verdadeiro bem, temporal e moral da humanidade. E nesta intenção rezemos.


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