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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Violência doméstica: quando a vítima é ele



Em uma sociedade que há muito tempo está habituada a atribuir os episódios de violência doméstica ao feminicídio, o novo livro de Barbara Benedettelli, 50 Sfumature di violenza, femminicidio e maschicidio in Italia, Cairo Editore, (50 Tons de violência, feminicídio e masculinicídio na Itália), nos abre os olhos para uma realidade quase ignorada pela opinião pública.
Antecipado pelo panfleto Il maschicidio silenziosoPerché l’amore violento è reciproco e le donne non sono solo vittime, Collana Fuori dal Coro, Il Giornale (O masculinicídio silencioso – Porque o amor violento é recíproco e as mulheres não são somente vítimas, Coleção Fora do coro, Il Giornale), publicado em março de 2017, o livro se propõe a ajudar-nos a superar a equação mental, já familiar ao imaginário coletivo, segundo a qual o homem é em todos os casos o autor da violência e a mulher é sempre a vítima.
O texto – afirma uma postagem publicada no blog da própria autora, Una finestra sulla realtà (Uma janela sobre a realidade) – expõe ao seu interno uma volumosa investigação sobre dezenas de casos de crônica “frequentemente escondidas nas poucas linhas das últimas páginas dos jornais locais e que merecem ao invés atenção”.
A intenção, segundo a escritora, ativista pelos direitos das vítimas, não é a de diminuir a gravidade dos inumeráveis casos de violência que têm a mulher como objeto, mas mostrar uma realidade não menos grave que se refere a um número de casos não muito inferiores, mas sim desconhecidos.
Já no panfleto, a autora apresentou os dados do relatório Eures sobre características e perfis de risco do feminicídio de 2015, no qual emerge que no quinquênio 2010-2014, no qual se registra um total de 923 vítimas de violência doméstica, as vítimas sejam 578 mulheres e 345 homens.
Um quadro, este, sem dúvida inesperado porque alterado pelos interesses de muitos. Já apresentamos em outras ocasiões os dados reais dos casos de violência sobre as mulheres, em comparação com o perfil ampliado que o feminismo lhes deu.
Ninguém quer dar menos importância às mulheres vítimas, mas quando são os homens que morrem tudo se cala. Por quê? Não será talvez um modo para mostrar a família natural como uma instituição machista perigosa para a sociedade?

Luca Scalise

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